“Com sua última produção, ‘Dor e Glória’, lançada em 2019, Pedro Almodóvar inclui em sua riquíssima filmografia mais uma obra comovente, tendo Antonio Banderas como seu alter ego, em que não faltam elementos que lhe foram essenciais na vida, como a religiosidade na infância, seu amor pela mãe e o despertar da sua homossexualidade”.

Antonio Banderas protagoniza mais um filme com origens autobiográficas de Pedro Almodóvar/Foto: Divulgação

O último filme de Pedro Almodóvar, que levou os prêmios de Melhor Ator e Melhor Trilha Sonora no Festival de Cannes, não foge à regra de ser para os seus espectadores uma experiência sempre indescritível e renovada

Assistir a uma obra de Pedro Almodóvar sempre será uma experiência indescritível e renovada, no sentido de que somos revolvidos em sensações e emoções íntimas que só mesmo este grande cineasta e roteirista espanhol é capaz de fazê-lo. Este conjunto de percepções não poderia inexistir ao se ver o mais novo filme do autor de “A Lei do Desejo” e “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Dor e Glória” (“Dolor y Gloria”, Espanha, 2019), vencedor dos Prêmios de Melhor Ator para Antonio Banderas e Trilha Sonora para Alberto Iglesias no Festival de Cannes.

Todos os elementos que são muito pessoais para o cineasta e roteirista já agraciado com o Oscar estão presentes em “Dor e Glória”, como a religiosidade na infância, sua forte ligação com a mãe e o despertar para a sua homossexualidade

Representando seu país na disputa por uma vaga no Oscar 2020, o já premiado com esta láurea Almodóvar escreveu e dirigiu um de seus longas mais pessoais e delicados, trazendo à tona a religiosidade presente em sua infância (não tão bem vista na figura dos padres), seu forte elo com a mãe (na ficção, temos a sempre bela e talentosa Penélope Cruz e a cativante Julieta Serrano) e o despertar da homossexualidade quando menino (o encantador Asier Flores). Sendo um filme musicado para realçar as emoções, finamente irônico, sem preterir algumas vezes das cores vibrantes que o identificam, Pedro narra a história de Salvador Mallo (Banderas, em estupenda contenção dramática), um cineasta afastado de seu ofício, deprimido e solitário, acompanhado somente de suas dores físicas, que necessita viajar ao passado para se entender melhor no angustiante tempo atual. Nesta jornada unilateral sofrida, alimentado por remédios e drogas, Salvador se depara com o ator de um de seus filmes, antigo desafeto, Alberto (o excelente Asier Etxeandia) e um amor do passado, Federico (o também ótimo Leonardo Sbaraglia). Lutando contra as doenças da alma e do corpo, o protagonista busca encontrar o sentido equilibrado de sua essência para poder apenas continuar. Um filme comovente com a chancela almodovariana.

Assista ao trailer do filme:


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