
“Homem Com H” acerta ao escalar Jesuita Barbosa para viver Ney Matogrosso, um artista único com personalidade forte e contestadora
Talvez um dos maiores desafios para um diretor que queira fazer uma cinebiografia de um grande artista, no caso um dos mais respeitados do país, Ney Matogrosso, marcado não só pelo seu talento único mas também por sua personalidade forte e contestadora, seja garimpar e encontrar o nome certo para interpretá-lo de forma que se evite a imitação, o mimetismo, e sim que se construa a sua persona com emoção, senso de observação aguçado e profundos estudo e pesquisa, oferecendo-nos a sua versão mais verdadeira e crível do retratado.
Esta missão nada fácil foi cumprida com infinito esplendor, deslumbramento, por Jesuita Barbosa, um ator que distribui sensibilidades por onde quer que passe, no adorável, sensível e bem cuidado longa de Esmir Filho, “Homem Com H” (2025), também roteirista da obra, baseada no livro de Julio Maria, “Ney Matogrosso: A Biografia”.
Esmir Filho, diretor e roteirista, dentre tantos méritos, açambarca toda a trajetória do artista, na medida exata, passando pela infância e culminando na consagração absoluta
Dentre os tantos méritos de Esmir está a sua larga capacidade, respeitando-se a lógica cronológica, de açambarcar na medida exata toda a trajetória riquíssima do ídolo nascido em Bela Vista (MS), passando pela infância com a educação severa do pai (Rômulo Braga), o serviço militar, o início da carreira com suas discordâncias no Secos & Molhados, a censura que sofreu na ditadura militar, sua virada na profissão como cantor solo, sua relação difícil com a imprensa, seus romances com mulheres e homens, como o cantor e compositor Cazuza (Jullio Reis) e o médico Marco de Maria (Bruno Montaleone), com quem se casou, a perda de amores e amigos pela epidemia de Aids, a consagração absoluta e os sucessos que se eternizaram, como “Rosa de Hiroshima” e “Bandido Corazon”.
Um elenco talentoso e comprometido com a responsabilidade que lhe foi dada
O elenco conta com atores talentosos assaz comprometidos com a responsabilidade que lhes foi dada, brilhando com fulgor, como Rômulo Braga, Hermila Guedes, Davi Malizia, Jullio Reis, Bruno Montaleone, Augusto Trainotti, Carol Abras e Lara Tremoroux.
“Homem com H”, com edição inspirada de Germano de Oliveira (notem a cena em que Jesuita canta “Homem Com H”), deve ser visto pelas suas qualidades artísticas e por nos revelar parte valiosa da nossa cultura por meio da história de uma revolução chamada Ney Matogrosso.