
“Três Graças” recebeu a incumbência de despertar o interesse do público que ficou ligado na adaptação de “Vale Tudo”
Após a enorme repercussão da adaptação de “Vale Tudo” (2025), coube ao experiente autor Aguinaldo Silva, dono de sucessos absolutos como a própria “Vale Tudo” original de 1988 (escrita ao lado de Gilberto Braga e Leonor Bassères), “Tieta” (1989) e “Senhora do Destino” (2004), todas obras exibidas na Rede Globo, e aos roteiristas Virgílio Silva e Zé Dassilva, manter em frente à TV o público que se delicia com um bom melodrama, aquele com direito a heroínas aguerridas (Gerluce, Sophie Charlotte), vilãs arquetípicas (Arminda, Grazi Massafera) e suas vítimas e o mocinho/galã (Paulinho Reitz, Romulo Estrela) que surge inesperadamente no meio do caminho das primeiras.
O tema das mães solo, problema de saúde pública e social do país, ocupa um espaço relevante na trama
Aguinaldo é um dos poucos novelistas atuais que sabe exatamente do que os espectadores gostam, e ciente disso, colocou todos os ingredientes mencionados e mais alguns temperos no primeiro capítulo da nova novela das 21h da Rede Globo.
Neste entroito narrativo, apreciamos o legítimo debate sobre o problema de saúde pública e social das mães solo no Brasil, representado na figura das Maria das Graças (Sophie Charlotte, Dira Paes como Lígia e Alana Cabral como Joélly).
O empresário inescrupuloso e dissimulado Feretti (Murilo Benício) que ganha fortunas ajudado pela amante Arminda com a adulteração de remédios nos lembra um fato bárbaro recente no noticiário.
A doença neurológica com lapsos de memória de Josefa (Arlete Salles), mãe de Arminda e avó de Raul (Paulo Mendes) é negligenciada pelos próprios, não se tratando de uma surpresa no contexto real.
Direção caprichada e elenco que promete manter a sua força com talento
A direção caprichada com zooms acelerados e impactantes e tomadas aéreas espertas de drones do diretor artístico Luiz Henrique Rios, que conta com a direção geral de Luis Felipe Sá, indica que o profissional e seus colaboradores vieram para deixar suas marcas.
O elenco lançou sua força e promete segurá-la com todo o talento (tivemos ainda as presenças de Gabriela Loran como a farmacêutica Viviane, Gabriela Medvedovsky como a estagiária policial Juquinha, Augusto Madeira como o porteiro Rivaldo e Rodrigo García como o assistente pessoal de Feretti Macedo). Enfim, a função do primeiro capítulo de uma novela que é a de nos mostrar um apanhado geral e interessante do que iremos assistir foi cumprida, valendo muito a pena sintonizar “Três Graças” depois do telejornal nacional.