Tia Neném é interpretada por Ana Lúcia Torre, uma ótima atriz, que sem sombras de dúvida, tem se destacado na novela das 21h. Sua personagem reserva à trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares momentos de contexto cômico ocasionados por seus peculiares comportamento e idiossincrasias. Faz-se de vítima e boa senhora o tempo todo. Para continuar a receber a “ajuda de custo” do sobrinho Raul Brandão (Antonio Fagundes), cede a quaisquer tipos de chantagem. Lamuria-se de que a aposentadoria de professora não lhe serve para levar uma vida digna. Léo (Gabriel Braga Nunes) já a chantageara certa feita, por ter lhe dado o endereço de Umberto (José Wilker) a fim de que este fosse informado e pudesse ir à festa de aniversário de casamento de Raul e Wanda (Natália do Vale). Neném é mesquinha ao extremo. Com dinheiro, e o que é pior, com comida! Ela a guarda no armário. Presenciamos isso quando Leila (Bruna Linzmeyer) se hospedou em sua casa. O que fora servido? Pão puro e seco! Nem uma manteigazinha ou requeijão. Quando a adolescente saiu, a mesa “milagrosamente” ficou farta. Ademais, aceitou a proposta de vender um colar de pérolas da família (vindo de Tia Neném é verdadeiro?) a Eunice (Deborah Evelyn) em prestações, após muito regatear. É uma mulher sozinha, e parece se conformar com a situação. É “chegada” a uma “bebidinha”. Não é feliz. Alguém pode ser feliz se submetendo à chantagem para não perder dinheiro oferecido pelo sobrinho? Alguém é feliz sendo mesquinho com pessoa que lhe pede guarida? Alguém é feliz ao se satisfazer ao falar mal dos outros e incitar intrigas? Não, ninguém é feliz desse jeito. Ou talvez este tenha sido o jeito que Tia Neném encontrou para achar que é “feliz”.