Na novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares temos visto muitos personagens com falhas de caráter, ausência de escrúpulos, arrivismo social, inversão de valores e que tais. Tipos como os interpretados por Gabriel Braga Nunes (Léo), André Barros (Zeca), Deborah Evelyn (Eunice), Lázaro Ramos (André), Deborah Secco (Natalie), Ana Lúcia Torre (Neném), Maria Clara Gueiros (há humor, porém com certa amoralidade) e agora, como se não bastasse esta vasta gama de adeptos da pouca ou nenhuma retidão, surgem Dalva (Susana Ribeiro) e Celso (Marcelo Várzea) sordidamente mancomunados no intuito de enganar a já combalida e enganada Norma (Glória Pires). Claro que há aqueles que admiramos pelas atitudes, como Raul (Antonio Fagundes), Haidê (Rosi Campos) e Vitória (Nathalia Timberg). Os autores buscam um equilíbrio, um balanço aceitável que mais se aproxime da realidade. No capítulo de ontem, e de outros dias, Zuleica, defendida com elegância pela sempre boa Bete Mendes atentou-nos para os seus atos valorosos. A enorme generosidade para com Pedro (Eriberto Leão) ao lhe ceder a parte que lhe cabe no apartamento comprado por ele para morar com Luciana (Fernanda Machado) é um exemplo. Sim, Zuleica possui direitos legítimos. Mas a magnanimidade a fez abrir mão dos direitos legítimos. Ainda que ameaçada pela filha Eunice (Deborah Evelyn) de não ser levada junto com a família para o Rio de Janeiro se preterisse o dinheiro do imóvel, oferecera cheque no valor do que poupou durante a vida. Ficou ao lado das netas no que tange à falta de diálogo com os pais. Zuleica é mulher que nos impele a acreditar no ser humano. E é confortante saber que conhecemos algumas “Zuleicas” em nossas existências. Se você não conheceu uma dessas, pode acreditar, um dia conhecerá.