Foto: Nathalia Fernandes/TV Globo
Que Pedro Bial é um dos melhores jornalistas que temos não se discute. Ele que já foi por anos correspondente estrangeiro, e cobriu fatos históricos como a Queda do Muro de Berlim. Apresentou o “Fantástico”, e em 2002 lançou-se como uma espécie de comunicador, conduzindo o reality “BBB”. Muitos o criticaram, e muitos o apoiaram. Mas Bial nunca deu bola para isso. E lá se vão doze edições que o jornalista dá um incremento ao programa que acirra ânimos tanto dos participantes quanto dos telespectadores. Agora, Pedro Bial foi escalado para comandar uma produção que a cada semana tratará de um tema polêmico, com convidados especiais. Na quinta-feira, com a estreia, o que se viu foi um Bial seguro e confiante em meio a um cenário que mistura o pop, o clássico e o contemporâneo com plateia majoritariamente jovem, e três convidados: o professor e filósofo Luiz Felipe Pondé, a atriz e psicóloga Maria Paula e o jornalista Antônio Carlos Queiroz. O cantor e compositor Alexandre Pires atuou como DJ, e respondia sempre que solicitado a algumas perguntas de Pedro Bial. Este não se esquivou em criticar quando as respostas eram evasivas, ou fugiam do contexto. O tema escolhido foi o “politicamente correto”. Alguns eram contra, outros a favor. Antônio emitiu uma opinião, segundo Bial, macropolítica. Pondé já acha que não vivemos numa “ditadura do politicamente correto” pois o que é supostamente correto teria que ser legislado, e Maria Paula defende que tudo deve ser avaliado da forma como as palavras são ditas. É colocado em pauta se as velhas cantigas são corretas ou não em suas letras. A seguir, Pedro Bial assevera que situações que antes eram consideradas naturais e inofensivas hoje são crimes, como o assédio sexual no ambiente de trabalho. Um vídeo com depoimentos reais é mostrado. Para surpresa nossa, os envolvidos vão até ao palco. E surpresa maior ainda, hoje estão casados. Segundo o jornalista, 52% das mulheres economicamente ativas já foram assediadas. O assunto agora é assédio moral, que pode levar a vítima a ter consequências sérias em sua vida. Uma reconstituição com a atriz Adriana Lessa é exibida. E a personagem do episódio verídico surge no estúdio para dar esclarecimentos sobre o seu caso. O professor Roberto Eloani é chamado para esclarecer sobre a ética no trabalho. Aproveitando a presença de Alexandre Pires, debateu-se sobre o recente clipe do cantor que foi considerado preconceituoso, por diversas razões. Cada participante deu a sua opinião a respeito. O fato da mulher brasileira ser vista como símbolo sexual também é colocado na berlinda. Chega a hora em que Pedro Bial foi às ruas, levando em mãos a cartilha do “Politicamente Correto & Direitos”, de Antônio Carlos Queiroz. Houve uma discordância entre Bial e Antônio Carlos sobre os segmentos para quem o livro é direcionado. O programa está perto do fim, e Pedro Bial discursa sobre o que é para ele o “politicamente correto”. Encerra-se a atração com o anúncio do próximo tema: a privacidade. O que podemos deduzir da estreia de “Na Moral” é que o programa é enxuto, sem delongas, dá voz às pessoas (com a exceção da plateia), e os assuntos não ficam perdidos. E, na moral, é sempre bom dar uma espiadinha no Bial.