Blog do Paulo Ruch

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malu_mader_f_007Foto/Divulgação

Podia-se sim dizer que aquela ladeira no Jardim Botânico próxima ao Horto, na qual encontra-se a sede da Rede Globo, cujo nome é Rua Von Martius, e que serviu por muitos anos como passagem obrigatória para se chegar aos estúdios da TV carioca, nos quais eram gravadas cenas de grandes novelas e seriados das décadas de 70, 80 e 90, permitiria ser chamada de “Hollywood brasileira”. O prédio é imponente, e naquela época existia uma pequena porta frontal por onde entravam e saíam atores, atrizes e jornalistas no auge de seu sucesso. Hoje o prédio é dedicado exclusivamente ao Departamento de Telejornalismo. Já em outra entrada, esta bastante extensa, passavam carros de transportadoras, funcionários e afins. Por lá, estive algumas vezes, e testemunhei o vaivém frenético dos artistas em seus dias de trabalho. Defronte à sede, havia a sala pertencente a Guta Mattos, que fora diretora do Departamento de Elenco da Rede Globo durante vasto período. Era bastante querida por todos. Nas paredes onde realizava seu ofício encontravam-se várias fotos de atores e atrizes espalhadas com carinho. Era ali que os intérpretes pegavam seus textos para decorar. Na mesma ladeira, há a Panificadora Século XX e lanchonetes e lojinhas de decoração. Certa vez, Lucélia Santos confessou que não dispensava um pão saído do forno com manteiga derretida da citada padaria. E no mesmo lendário estabelecimento, era possível deparar-se com Beatriz Segall tomando um cafezinho. E na minha frente na fila do caixa uma paciente Isabela Garcia esperando. Arlete Salles e Beth Goulart desciam a ladeira. O jornalista Marcos Hummel, sentado em canteiro, batia descontraído papo com seus interlocutores. Giácomo Mancini, o repórter, estava azafamado. Tarcísio Meira, simpático e tranquilo, próximo à banca de jornais. O que se olhava nas capas de revistas era o que se olhava ali. Em direção ascendente, Christiane Torloni guiava seu Uno vermelho. Eduardo Lago era só sorrisos. Surgiam de um carro da empresa (naquele tempo não havia vans) Gianfrancesco Guarnieri, Irene Ravache e Carla Camuratti. Tony Ramos cercado por admiradores devido à popularidade de Quinzinho e João Victor de “Baila Comigo”. A citada Beth Goulart e Lauro Corona vinham de uma externa na praia com roupas esportivas. Reginaldo Faria compenetrado. Pepita Rodrigues com pressa. Lima Duarte andando sem pressa. Susana Vieira, terminado o labor, ia embora. Beatriz Lyra conversava com a menina Monique Curi. Lídia Brondi, parada, sozinha, observava o ambiente. Maurício Mattar e Alexandre Frota confabulavam em mesa de restaurante. Tereza Rachel já era adepta das bicicletas quando ainda nem se cogitava o veículo como meio de transporte aconselhável a fim de que se evite danos ao meio ambiente. Fernando Torres atendia a todos, e com placidez respondia a perguntas sobre sua esposa, Fernanda Montenegro. Regina Duarte, que no momento vivia a transgressora socióloga Malu de “Malu Mulher”, notou-se cercada de horda a adorá-la. Não havia câmeras digitais tampouco celulares com este aplicativo. Se houvesse…  E os “paparazzi”? Nem existiam. Espera aí, olha Miguel Falabella. Yara Amaral concedia autógrafos. Lutero Luiz pegava um táxi. Miriam Pires atravessava rua adjacente. Tony Tornado na padaria. Uma linda Malu Mader chegando para gravar com seus cabelos molhados. Irving São Paulo com textos embaixo do braço. Gloria Pires falando com seu pai, o comediante Antônio Carlos. Aracy Balabanian (era a D. Armênia de “Rainha da Sucata”) voltava para casa. Kadu Moliterno, admito, esbanjando beleza em seu Puma conversível. Cristina Müllins, admito, esbanjando beleza aproximando-se da emissora. Os dois faziam par romântico na primeira versão de “Paraíso”. O ator prodígio Oberdan Júnior, acompanhado de moça vestida de branco, pois era bem criança, dirigia-se aos estúdios. Pois é, não tinha aquele famoso letreiro instalado em montanha de Los Angeles, muito menos uma Calçada da Fama, porém a Rua Von Martius em tempos “pré- Projac” era de fato a “Hollywood brasileira”. Não eram necessários tapete vermelho, Oscar e óculos escuros para que os artistas não fossem reconhecidos. Nem tomar um avião. Bastavam alguns passos para se chegar a “Hollywood brasileira”, e tomar um café acompanhado do pãozinho quente com manteiga que Lucélia Santos recomendou.

Categorias: TV

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