” Gás, elenco e texto hilariantes nas noites de sexta-feira em ‘O Dentista Mascarado’ “

den
Divulgação/TV Globo

Você já imaginou Marcelo Adnet como um dentista, e ainda por cima usando um aparelho ortodôntico? E como seu fiel protético um alucinado Leandro Hassum? Tendo como vizinha Helena Fernandes, uma advogada que ao que tudo indica se envolverá plenamente em seus próximos imbróglios? Otávio Augusto como o seu pai decepcionado, um ex-delegado de polícia, pelo fato de seu filho não ter seguido a mesma profissão? Uma Taís Araújo como multifacetada garota de programa com pinta de pin-up e trambiqueira? Diogo Vilela, um investigador de polícia que parece ter saído direto de um longa-metragem de Humphrey Bogart? Pois isso, e muito mais nos foi apresentado no novo e divertidíssimo seriado da Rede Globo, “O Dentista Mascarado”. Os personagens e situações inusitadas migraram das cabeças criativas de Alexandre Machado e Fernanda Young, que emanam sem piedade um humor por vezes ácido e desconcertante, sem no entanto resvalar para o desrespeito. O casal de escritores já nos é bastante conhecido por suas escolhas temáticas que visam a uma comédia desvairada, como se viu em “Os Normais” e “Minha Nada Mole Vida”. A química de ideias existente entre ambos é tão explícita que lograram impingir uma marca de entretenimento que nos é reconhecível. Com eles, ri-se do cotidiano, ri-se do caos, do absurdo e do comportamento dos indivíduos. Ri-se da loucura do mundo em que vivemos. E são necessárias argúcia, sagacidade e sutileza para transformar todos esses elementos num conjunto teledramatúrgico de bom gosto. O “O Dentista Mascarado”, como o título anuncia, foca-se no meio destes profissionais. Brinca com os mitos, verdades, fobias e correlatos sem todavia resvalar para a desconsideração para os que trabalham neste ofício. Hoje em dia podemos dizer que é proeza fazer humor sem descambar para o preconceito e a ofensa. E tanto Alexandre quanto Fernanda são capazes de provocar o riso sem disso precisar. Contudo, este rico material poderia ser desperdiçado se caísse em mãos de diretor que não soubesse compreender o conteúdo textual dos dramaturgos. É aí que entra José Alvarenga Jr., um parceiro infalível e permanente da dupla. Seria como se José entendesse de pronto a piada escrita. Sendo assim, não raro a decodifica com êxito e habilidade em imagem com graça. José, Alexandre e Fernanda falam a mesma língua. A história mostrada no primeiro episódio demonstrou claras referências as “pulp fictions”, HQs, filmes “noir” e expressionistas. A ausência do naturalismo e usufruto do “overacting” em alguns momentos conspiraram a favor do seriado. Marcelo Adnet (Doutor Paladino) abusou de toda a sua capacidade humorística, esbanjando trejeitos, danças amalucadas, olhos arregalados, voz propositalmente empostada e deboche não gratuito para tornar o seu dentista aliado dos telespectadores. Juntar Helena Fernandes (Vera), Taís Araújo (Sheila), Otávio Augusto (Eurico Paladino), Diogo Vilela (Inspetor Miller) e Leandro Hassum (Sergio) é constituir escrete que só se defrontará com vitórias. Estes artistas (e Marcelo Adnet) detêm cacife para personificar papéis tresloucados pertinentes à trama. A abertura é ótima, adequando-se à proposta detetivesca em tons de HQ da atração. A montagem é ágil. Cortes calculados que alinhavam um enredo em que tudo se resolve com velocidade, dinamismo e “timing”. A trilha sonora ficou a cargo de Marcio Lomiranda, que com real entendimento do assunto temperou o que nos foi contado com acordes melódicos em consonância com um thriller policial com altas doses de comicidade. No todo, acerto absoluto. Uma sintonia coletiva que transmutou-se em sinfonia orquestrada com primor cujos músicos e maestro se esmeraram no que exerceram, e ao final do espetáculo ouviram “Bravo!”. Um “Bravo!” entremeado por sonoras gargalhadas espontâneas, e não ensaiadas.


2 respostas para “” Gás, elenco e texto hilariantes nas noites de sexta-feira em ‘O Dentista Mascarado’ “”

Deixar mensagem para Marlon Lima Cancelar resposta