
Duas escolhas norteavam a vida da personagem de Fernanda Rodrigues em “O Astro”, “remake” de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro adaptado da obra de Janete Clair, exibido pela Rede Globo: Márcio Hayalla (Thiago Fragoso) e a fotografia. O amor pelo rapaz brotou na primeira idade, com o puro e o inocente como vigilantes. Mãos pequeninas que não só pegavam a terra para brincar, mas que se tocavam no jardim como cenário. Jôse e Márcio crescem, crescem… e adultos ficam. O amor de Jôse também fica adulto. O de Márcio não. Ficou no passado. No presente, o que tem a lhe oferecer são carinho e amizade. Sentimentos que foram inábeis na missão de aplacar a profundidade da emoção que a bonita moça de olhos claros e cabelos levemente ondulados alimenta. O amado que trocou o casaco jeans pelos terno e gravata se envolve com uma jovem de fraseado autêntico e postura simples, Lili (Alinne Moraes). Lili que se sustentava no volante de um carro amarelo. Acontece que numa noite, não se sabe se estrelada ou não, a irmã de Amanda (Carolina Ferraz) sucumbe aos mais recônditos desejos, e há o encontro de seu corpo com o do “trompetista do metrô” Márcio. Não foi um encontro qualquer, pois um filho é concebido. Inesperado, no entanto querido. Surge para a artista das imagens paradas a oportunidade única e preciosa de perpetuar o amor verdadeiro que sempre amaciou o seu espírito. O filho de Clô (Regina Duarte) é arremessado em uma rede de conflitos. Concomitante, sente-se em júbilo pela bênção da paternidade, e junta forças para enfrentar a rejeição natural de sua companheira atual. O destino que parecia estar a favor da recente mãe decide deixá-la triste. Jôse deverá escolher dentre vidas a que mais lhe for importante. A vida dela ou a do filho gerado. A escolha de Jôse. Perturbações e dúvidas aniquilam a tranquilidade da alma que outrora tinha. Que fazer? O pai Assunção (Reginaldo Faria), a irmã que a adora, Herculano (Rodrigo Lombardi) e quem ama, Márcio, optam pela razão. Querem-na viva. Jôse é dominada por forte sensibilidade materna, e a decisão que toma é a de deixar todos. Ela escolhe que para a posteridade fique a perfeita materialização do grande amor que a acompanhou pela existência. A vida para Jôse é pequena face à enormidade da significância de pôr no mundo o que se pode chamar de extensão poderosa de algo cujo despertar se deu nos ciclos iniciais da convivência com Márcio. Chega ao ponto de lhe dizer que está muito feliz em saber que seu rebento será criado por ele e Lili. E assim, Fernanda Rodrigues, com papel tão sensível e cercado de drama, mostra ao público o quanto é pródiga em talento. Cabe então aos telespectadores uma escolha: apreciar o belo desempenho da atriz.