Blog do Paulo Ruch

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Foto: Paula Kossatz

Assistir a uma peça tendo como protagonistas Beatriz Segall e Herson Capri interpretando mãe e filho respectivamente já seria um bom motivo para sair de casa. Ao me deparar então com esta realidade a vontade de conferir “Conversando com Mamãe” se tornou inevitável. Foi o que fiz. E não me arrependi. Aliás, pela reação da plateia, presumo que ninguém se arrependeu. O texto é do cineasta e roteirista argentino Santiago Carlos Oves. A versão teatral é de Jordi Galcerán, e a tradução de Pedro Freire. Trata-se da história de uma senhora de 82 anos (Beatriz Segall) que mora em um local simples, porém aconchegante, que num certo dia recebe a visita imprevista do filho Jaime (Herson Capri), já que este se comunica quase sempre com sua progenitora por telefone. O filho é casado, e possui filhos em idade universitária. A missão dele ao encontrá-la é convencê-la a vender o lugar onde mora (lugar este que lhe pertence, e à sua esposa Laura), já que se encontra desempregado, e por conseguinte, com dificuldades financeiras. A mãe, que apresenta contínuos lapsos de memória, resiste à ideia da venda. A partir daí, vemos uma sucessão de diálogos saborosos e divertidos, mas não tampouco verdadeiros, em que ambos destrincham a própria relação. Reminiscências do passado são revolvidas. Dúvidas são tiradas. Questões mal resolvidas são solucionadas. Até que num determinado momento, o espetáculo toma um rumo não aguardado, e o enredo se desenvolve sem perder o brilho atingido. A versão teatral de Jordi Galcerán é tocante, e Pedro Freire logra com sua tradução feliz identificação com o público, que ri nos períodos apropriados. E silencia naqueles que demandam silêncio. Quanto às atuações, tanto Beatriz Segall quanto Herson Capri, grandes atores que são, optam pela acertada naturalidade, o que faz com que mãe e filho sejam bastante críveis, com patente entrosamento. Os figurinos da consagrada Kalma Murtinho obedecem sobremaneira ao perfil dos personagens, com destaque para um vestido de noite azul celeste usado por Beatriz. A iluminação de Paulo Cesar Medeiros, um ás da área, alterna luz geral, alguns sombreados, e focos. Um efeito que simula chuva é criativo. Uma iluminação de correção elegante. O cenário do respeitado Marcos Flaksman cumpre com notável eficiência as diretrizes da trama montando um lar com todos os adereços adequados com a funcionalidade exigível. A trilha sonora original de Alexandre Elias nos oferece um complemento que enriquece o cotidiano e passagens especiais da mãe e de Jaime. A direção de Susana Garcia prima pela sensibilidade, e parece ter deixado os intérpretes bastante soltos, à vontade, o que resultou em ótimo rendimento para o todo. E assim termina esta comovente e delicada encenação, que me fez voltar para a casa que supracitei com a sensação prazerosa de ter testemunhado excelsos artistas em cena. E mais: um irresistível desejo de querer conversar com a minha mãe.

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