Foto: João Miguel Júnior/TV Globo
Ontem, estreou o tão aguardado “remake” de “O Astro”, um dos maiores sucessos da mestra da teledramaturgia brasileira, Janete Clair. A ideia de fazer outra versão de uma obra consagrada, em comemoração ao cinquentenário das telenovelas no Brasil, foi no mínimo arriscada. Mas a incumbência temerária fora entregue a profissionais que entendem amplamente os seus ofícios: Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro na adaptação do texto, e Mauro Mendonça Filho na direção geral. O elenco foi apropriadamente escolhido. A história começa em uma cidade interiorana, Bom Jesus do Rio Claro. Herculano (Rodrigo Lombardi) e Neco (Humberto Martins) aplicam um golpe na população local (uma falsa restauração da igreja). E Neco aplica um golpe em Herculano. Este é então de forma voraz perseguido por uma turba ensandecida. Foi preso. E na cela, conhece Ferragus (participação luxuosa de Francisco Cuoco – o Herculano do folhetim original). Ferragus lhe ensina poderes mágicos e misteriosos, além de segredos da telepatia. Herculano passa a viver de shows de adivinhação, dentre outras atrações. A arquiteta Amanda (Carolina Ferraz) vai a um deles. E se surpreende ao ter seus pensamentos descobertos. A moça fora fisgada pelo olhar sedutor do homem enigmático. Conheçamos agora Márcio Hayalla (Thiago Fragoso). Márcio é um jovem desapegado dos bens materiais, apesar de pertencer a uma família abastada, que costuma tocar saxofone em lugares públicos, como a estação do metrô. E é nesta mesma estação que se depara com a linda e simples Lili (Alinne Moraes). Houve entre eles um olhar promissor. Lili é trabalhadora e altiva, já demonstrando ser forte o bastante para resistir e enfrentar os dissabores da vida, como um assédio sexual. Rumemos para a inauguração de um grande supermercado do Grupo Hayalla, comandado por mãos de ferro por Salomão (Daniel Filho). Márcio, seu rebento, transgressor no cerne, oferece dinheiro aos oprimidos para que façam compras no estabelecimento do pai. O assombro dos presentes é geral. Clô (Regina Duarte), mulher de Salomão e mãe de Márcio, tempos depois, resolve organizar uma pomposa festa em sua mansão. E nela está Felipe (Henri Castelli), um rapaz encalacrado por não pagar dívidas. Percebe uma charmosa Clô dançando na pista. Aproxima-se, e joga todo o charme que possui. É visível que Clô fica mexida. Até aí achamos que o evento correria sem maiores imprevistos. No entanto, do alto de uma ostentosa escada, surge Márcio Hayalla tirando peça de roupa por peça de roupa de seu corpo. Márcio está nu. Não o rei. Márcio desce degrau por degrau. Despido de roupa, não de alma. Todos ficam atônitos. Não conseguem compreender a dimensão de seu ato. E termina o primeiro capítulo de “O Astro”. Herculano Quintanilha tinha razão ao prever que o mesmo seria bem movimentado.
Obs: Análise do primeiro capítulo do “remake” de “O Astro”, de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, que fora ao ar no horário das 23h da Rede Globo, a partir do dia 12 de julho de 2011.
A adaptação fora feita da obra original de Janete Clair, exibida em 1977 e 1978.