Foto: Caiuá Franco/Rede Globo
Com a exibição da primeira fase de “Velho Chico”, novela das 21h de Benedito Ruy Barbosa, escrita por Edmara Barbosa e Bruno Barbosa Luperi (com supervisão de texto de Duca Rachid), confirmamos não somente a excelência estética e visual, e a ousadia e o arrojo na condução de suas cenas por parte de seu diretor artístico Luiz Fernando Carvalho. Luiz Fernando, que também é diretor de núcleo da Rede Globo, possui a vocação inata de revelar novos nomes, em particular jovens atores, para o grande público que acompanha os folhetins do horário nobre. Não foram poucos os casos em que tal fato decorreu. Na pioneira fase da história de “Renascer”, que foi ao ar pela citada Rede Globo em 1993, criada pelo autor da produção atual, fomos apresentados com maior realce ao casal Patrícia França (a atriz já havia estreado em uma minissérie) e Leonardo Vieira, como Maria Santa e Coronelzinho, respectivamente. Não fora distinto com a obra seguinte que reeditou com similar grau de sucesso a profícua colaboração entre o diretor e o teledramaturgo, com a novela “O Rei do Gado” (1996). Nesta atração, novamente em sua primeira fase, os intérpretes Marcello Antony e Caco Ciocler tiveram a sua real oportunidade na TV, e ambos se mantêm como artistas respeitados até hoje. E para concluirmos esta introdução, não podemos deixar de mencionar a premiada minissérie “Hoje é Dia de Maria”, que nos mostrou uma Carolina Oliveira, como Maria, encantadora. Nas semanas que marcaram os capítulos iniciais de “Velho Chico”, e que serviram primordialmente para nos familiarizarmos com a gênese do enredo a ser desenvolvido no futuro, deparamo-nos com um time excelso de intérpretes do calibre de Tarcísio Meira, Selma Egrei, Umberto Magnani, Chico Diaz, Cyria Coentro, Rodrigo Lombardi e Fabiula Nascimento. Rodrigo Santoro retornou às novelas, gênero onde começou, com enorme maturidade conquistada por anos nos cinemas. Carol Castro iluminou a “gitana” Iolanda. Barbara Reis foi uma agradável surpresa. Julio Machado nos atemorizou com a sua soturna capa preta. Marina Nery, estreante, fascinou-nos com sua beleza selvagem. Dentre os jovens que substituíram as crianças (todos convincentes em suas construções dos perfis e intenções de seus papéis, como a doce Maria Tereza, Julia Dalavia, o arisco Ciço, Pablo Morais, a maldosa Luzia, Larissa Góes, e o acanhado e justiceiro Bento, Dyio Coêlho) está o ator pernambucano Renato Góes, que interpreta o bravo, indômito, viril, romântico e probo Santo dos Anjos, um dos filhos de Belmiro (Chico Diaz). No entanto, engana-se quem pensa que o artista nascido no Recife, e que se formara na Escola Sesc de Teatro – PE, e estudado na Casa das Artes de Laranjeiras, não conhece bem o veículo da televisão. Após participações nos folhetins da TV Globo “Pé na Jaca” e “Cama de Gato”, defendendo curiosamente os papéis de Marcos Pasquim, Lance, e Marcos Palmeira, Gustavo, só que em uma fase mais jovem, e “Água na Boca”, na Band, o intérprete, que também foi apresentador do programa “Comentário Geral”, da TV Brasil, destacou-se com mérito na telenovela imaginada por Duca Rachid e Thelma Guedes, “Cordel Encantado”, como Fausto Peixoto. Voltou a trabalhar com as autoras, na mesma faixa da grade, em “Joia Rara”, desta vez personificando Nuno. Depois de uma passagem pelo quadro do “Fantástico” “Eu Que Amo Tanto”, o ator, que detém vasta experiência teatral, colecionando inúmeros espetáculos (dentre os quais, a “Paixão de Cristo” de Nova Jerusalém, “Cachorro Quente” e “Fazendo História”) ganha a ótima chance de participar da caprichada minissérie de Manuela Dias, exibida no início deste ano, “Ligações Perigosas” (na folhetinesca história baseada no livro homônimo de Choderlos de Laclos, Renato interpretou Vicente, o melhor amigo de Augusto de Valmont, Selton Mello). Não tardou para que Renato Góes já estivesse em locações impressionantemente belas do Nordeste brasileiro compondo com todas as minúcias necessárias um dos protagonistas da primeira fase de “Velho Chico”. Assim que vimos o ator de barba espessa e negra entrar em cena, logo percebemos que estávamos diante de um artista seguro, firme, convicto e plenamente consciente da psicologia do seu personagem Santo. Uma das cenas que de imediato chamou a atenção do público por sua beleza plástica fora a dos recém amantes Santo e Maria Tereza trocando carícias e beijos molhados nas águas régias do Rio São Francisco. Com precisa iluminação a valorizar seus corpos, transformando-os em silhuetas apaixonadas, os enamorados, como crianças efusivas com suas descobertas, selam ali o seu amor. Mas, como a novela assume as suas inspirações no clássico shakespeariano “Romeu e Julieta”, os obstáculos e oposições eram iminentes. Seguiram-se tensos confrontos entre o Coronel Afrânio (Rodrigo Santoro) e Santo. O rapaz que usa um escapulário e um lenço vermelho preso à cabeça que o faz lembrar um cigano, em cima de um lépido cavalo, livrou-se de uma emboscada de Ciço (Santo exigiu de Renato Góes acentuado preparo físico, pois muitas foram as cenas de cavalgadas e ação). O amor de Santo e Maria Tereza teve um preço. A morte de seu pai Belmiro, que se pôs à frente do filho, a fim de salvá-lo de um tiro, disparado por Ciço, aquele que o chama de “mardito”. Em um dos momentos mais impactantes de “Velho Chico”, Santo leva o seu pai, banhado em sangue inocente, sob o som do trote de seu cavalo, ao encontro de sua família pranteada. Santo se torna assim o prócer dos plantadores oprimidos de algodão de Grotas do São Francisco. Herdou os ideais de mudança e justiça do Capitão Rosa (Rodrigo Lombardi) e seu ascendente. Com o apoio dos olhos emocionados de Eulália (Fabiula Nascimento), Santo decide transformar a região, irrigando-a e plantando novos frutos. Seu amor moreno selado no rio lhe foi arrancado do peito, e trancafiado em um convento. Cartas de amor de Tereza jamais chegavam às suas mãos, pois antes, pelas mãos de Luzia, viravam cinzas de ciúme. Acusado de um crime que não cometeu, assediado pela pérfida irmã de criação, Santo, um cavaleiro quixotesco do agreste, sente-se cada vez mais acuado e desiludido. Desconhece que Maria carrega um filho seu. Fugida da casa de seu pai em Salvador, a filha do Coronel flagra o amado num beijo roubado. Iolanda, a “gitana”, lê a sua mão, e não vê algo bom. O pai lhe arranja um casamento com o jovem ambicioso Carlos Eduardo (Rafael Vitti), que sonha em ser Governador. O encontro definitivo entre Santo e Maria Tereza está por vir, e o seu amor se redefinirá. Renato Góes, que também já integrou o cast de filmes, como “Pequeno Dicionário Amoroso 2”, encerra a sua participação na primeira fase de “Velho Chico” no próximo sábado (caberá a Domingos Montagner viver o mesmo papel na semana seguinte). Todavia, os telespectadores não irão se esquecer do olhar firme e da voz segura com acento genuíno brasileiro de Renato. De seu sorriso largo e branco. De seu rosto suado pela labuta no sertão. De seus braços estendidos em êxtase sob a chuva brava. Renato Góes despede-se de “Velho Chico”, “um rio que passou em sua vida”. Aguardam-se outros, novos, para que Renato Góes, o santo forte, possa neles navegar.
Esse cara arrasou!!! Parabéns,muito sucesso!!!#ganhoumaisumafã
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Muito obrigado pelo seu comentário, Janaina. Abraços.
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Trabalho lindo, está de parabéns. É bom ver pessoas novas interpretando tão perfeitamente um personagem principal. Parabéns, parabéns, parabéns!
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Trabalho de qualidade! Está de parabéns, muito bom ver gente nova em destaque na novela!!! Me surpreendeu positivamente e ganhou minha admiração!
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Muito obrigado pelo comentário, Maria M Ellena. Abraços.
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Então, o que dizer de uma interpretação tão intensa, tão forte que a pureza de amor tão inocente, fez milhões de brasileiros suspirar, chorar, sangrar o coração ao perceber que o casal não ficaria junto nesta faze da trama, um sentimento de revolta e tristeza, me fizeram chorar, assim como a muitos, tenho certeza, interpretação tão perfeita que nos fez esquecer que estávamos assistindo uma novela e não a uma cena na vida real, tamanha a veracidade que foi nos passada, a cena de Santo montado em seu cavalo chamando e chorando por Teresa foi de cortar o coração, chorei assistindo aquela cena, como eu disse, interpretação tão forte e intensa que esquecemos que é uma novela, reverenciando aos jovens atores, deixo aqui meu registro.
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Fico feliz com o seu comentário, Jussara I. C. Caputo. Muito obrigado. Abraços.
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