Foto: Elisa Mendes
No ano 2000, os amantes de cinema de todo o mundo ficaram impressionados com o mais novo filme do cineasta dinamarquês seguidor do Movimento Dogma 95, Lars Von Trier, estrelado pela cantora e compositora islandesa Björk, “Dançando no Escuro”. O longa-metragem fazia parte de uma trilogia chamada “Coração de Ouro” (as demais obras eram “Ondas do Destino” e “Os Idiotas”). Vencedor da Palma de Ouro em Cannes como Melhor Filme e Melhor Atriz, também foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O drama musical narrava a história da imigrante tcheca Selma Jesková, nos Estados Unidos de 1964, em plena Guerra Fria, vítima de uma doença degenerativa cujo principal sintoma era a cegueira completa, que se desdobrava diuturnamente no trabalho em uma fábrica local com o único propósito de juntar o dinheiro necessário para pagar a cirurgia de seu filho adolescente Gene, que possivelmente desenvolveria a enfermidade genética. Traduzir esta trama espinhosa, doída, porém cheia de poesias e lirismo, para o teatro, incluindo-se as canções de melodia diferenciada e única de Björk, parecia, à primeira vista, uma tarefa impossível de se realizar. Não para o nova-iorquino Patrick Ellsworth. A atual montagem no Brasil teve a sua semente nos tempos de escola de teatro da ainda estudante Juliane Bodini. Há exatos dez anos, na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro, Juliane, sob a supervisão de seu professor, o dramaturgo e diretor Paulo Afonso de Lima, foi apresentada ao impactante filme de Trier. Junto com seus colegas, fez uma montagem baseada na criação do cineasta, e prometeu a si mesma que no futuro, já como profissional, encenaria o musical “Dançando no Escuro”. Com os direitos comprados em 2015, associada ao também ator e produtor Luis Antonio Fortes, dá início à longa empreitada que resultaria em um dos melhores musicais jamais vistos nos últimos anos no país. Com precisa e cuidadosa tradução de Elidia Novaes, foi convidada para a direção do espetáculo a ótima atriz Dani Barros, estreante nesta função. Dani se celebrou ao protagonizar o incensado monólogo “Estamira”. Seria este um dos maiores desafios da trajetória bem-sucedida da artista. Desafio aceito, “Dançando no Escuro”, findo todo o seu processo de construção, tornou-se um dos espetáculos mais elogiados da temporada, com excelente receptividade de público e crítica. Sua estreia no Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro, ocorreu em outubro passado, e se estendeu até novembro. Durante os quatro primeiros dias de dezembro fez uma curta e elogiada passagem pelo Teatro da UFF, em Niterói, município fluminense. A montagem hoje já conta com duas indicações para o Prêmio Cesgranrio de Teatro: Melhor Atriz em Musical para Juliane Bodini e Melhor Direção Musical para Marcelo Alonso Neves. A dramaturgia bem estruturada de Patrick Ellsworth, centrada na linearidade, sem que esta comprometesse o dinamismo e timing da ação narrativa, foi respeitada com esmero pela tradutora. A peça conta a história desta imigrante de um país comunista, Selma Jesková, vivida por Juliane Bodini, que se adapta ao ritmo frenético de um trabalho fabril em terras com ideologias políticas e econômicas distintas, tendo como objetivo principal a salvação de seu doce filho Gene (Fábio Cardoso) da doença que já a acomete. Confessa admiradora dos musicais hollywoodianos (segundo ela, estes mesmos filmes não deveriam ter o “grand finale”, a fim de que pudéssemos imaginar a continuação de seus ingênuos entrechos). Nos intervalos em que não está trabalhando (empacotando grampos, aproveita as folgas para aumentar o seu orçamento), Selma ensaia com os seus companheiros de fábrica um musical. Quem os dirige é o exigente Samuel (Andrêas Gatto). Selma aluga um trailer simples, pertencente ao cordial policial Bill Houston (Lucas Gouvêa), casado com a deslumbrada e fútil Linda Houston (Julia Gorman). No ambiente de trabalho, Selma ouve as declarações afetuosas de Jeff (Luis Antonio Fortes), e recebe os conselhos e orientações de sua melhor amiga, a ponderada Carmen Baker (Cyria Coentro). Cada vez mais perseverante em seus intentos, decide labutar à noite, também. Neste turno, conhece a espontânea e masculinizada supervisora Dolores (Suzana Nascimento). Os funcionários dos períodos antecedentes são fiscalizados com mãos de ferro pelo supervisor Norman (Marino Rocha). Em meio às perigosas e arriscadas prensas e chapas da fábrica, a mãe de Gene vai perdendo a sua visão progressivamente. Este drama pessoal não a afasta de seus sonhos musicais, e por enquanto não a tira dos ensaios da peça. A moça amante dos passos compassados e ritmados do sapateado é invariavelmente visitada pelo seu filho. Todos se perguntam por que Selma trabalha tanto. Para ela, a verdade não seria adequada, preferindo a versão de que manda todas as suas economias para o seu pai, um ex-bailarino tcheco. Já praticamente sem visão, o que lhe acarreta não só prejuízos físicos e profissionais, Selma é surpresa ao ser abordada pelo inicialmente cordato Bill. O policial, capaz de agrados como presentear Gene com uma bicicleta nova, está atolado em dívidas, não tendo como saldá-las. Com a pretensão de manter o seu padrão econômico confortável, e não desagradar a Linda, pede-lhe um empréstimo. A negativa incisiva de Selma provoca consequências inesperadas para a sua vida, de seu filho, e de seus amigos, fazendo com que tenha que tomar as mais difíceis decisões, resistindo de maneira férrea às circunstâncias que poderão fazê-la abrir mão de seus sonhos tão caros. Os episódios que demarcam a narrativa de Patrick Ellsworth são alinhavados de forma que acompanhemos com bastante interesse a trajetória cronológica desta rica e complexa personagem, com seus reveses e fugazes alegrias. O autor não deixou que faltassem os ingredientes indispensáveis para o nascimento de um bom espetáculo musical. Em “Dançando no Escuro”, nos núcleos em que se desenrolam as ações, há suspense, tensão crescente, conflitos, amores, amizade, preconceitos, traição, injustiça, inclemência… Entretanto, há um generoso espaço para a instigante e etérea musicalidade de Björk, entrevendo-se outrossim um sutil humor em alguns diálogos. Os comentários políticos discriminatórios com doses de ufanismo exercem o seu papel reflexivo no público. A direção de Dani Barros, pode-se dizer, é espetacular. Incrível como a encenadora logrou manter toda a ambiência sugerida no texto de Patrick baseado no filme. A sensibilidade da diretora permitiu com que atravessasse o seu olhar através da sensibilidade da personagem central da história. A sua dinâmica, movimentada e ágil montagem, com reverências oportunas aos instantes de pausa e silêncio, sabendo com argúcia inserir e distribuir os quadros musicais sem que houvesse uma ruptura da fluidez narrativa, proporcionou a realização de um espetáculo com duração de duas horas, com direito à intervalo, sem que percamos as expectativas sobre o que irá acontecer nos minutos seguintes, como se estivéssemos assistindo a uma obra cinematográfica, onde, afinal, tudo começou. Dani pôs os seus atores-cantores, nove ao todo, em constante movimentação, aproveitando sobremaneira o largo perímetro cênico de que dispunha, inclusive o proscênio, os flancos próximos às coxias e a plateia. Todavia, nem tudo é só movimento na peça em questão. Enquanto alguns intérpretes contracenam, outros se mantêm sentados nas laterais cumprindo missões de vital importância sonora para o universo dramatúrgico. Valendo-se de sua inquestionável e notória experiência como atriz, Dani Barros acolheu calorosamente o seu elenco, extraindo com delicadeza as emoções implícitas de cada artista, buscando a fundo as principais intenções de seus papéis, alcançando, assim, a verdade cênica pretendida. A sua capacidade de fazer com que o espetáculo não resvalasse para o melodrama, pois armadilhas existem, e de não permitir que os sofrimentos de Selma fossem um “trunfo” para tocar o espectador, pode ser considerada como outro de seus méritos. Dani Barros, em sua estreia como diretora teatral, ostentou visíveis qualidades de quem já exerce este ofício por largo tempo, ainda mais se atentarmos para o fato de que se trata de um gênero musical, conhecido por apresentar dificuldades técnicas que lhe são natas. Paralelo à sua profissão de atriz, Dani Barros pode, sem quaisquer hesitações, aventurar-se em projetos teatrais futuros. O resultado será, como o de agora, certamente elogiável. A direção musical e os arranjos ficaram sob o encargo de Marcelo Alonso Neves, respeitado profissional da área (a ÁUDIO CÊNICO ficou responsável pelo desenho de som – Andrea Zeni e Joyce Santiago). Tendo em mãos as canções originais de Björk (com boas versões de Marcelo Frankel e Juliane Bodini), e um quarteto de músicos admiravelmente talentosos, constituído pelos multi-instrumentistas Vanderson Pereira e Dilson Nascimento, pelo baterista Johnny Capler e pelo baixista Allan Bass, Marcelo nos ofertou um panorama melódico irresistível na sua alternância de potência, intimismo, graça e ritmo. Nada escapa à imaginação do diretor musical. Os atores se utilizam quando sentados nas laterais do tablado de objetos improváveis, e deles tiram as mais variadas sonoridades, lembrando-nos do mestre Hermeto Paschoal. Batidas com as mãos em seus próprios corpos, e sons de suas bocas, como assovios, contribuem para a complementação da cena vigente. Vale dizer que dois dos músicos são deficientes visuais, uma iniciativa de robusto valor, provando a necessidade de se praticar a inclusão social, independente da área de atuação. Juliane Bodini, atriz e cantora de musicais de sucesso, arrebata-nos irreversivelmente com a veracidade tocante e a sensibilidade aguçada da sua visão particular sobre a mãe imigrante obcecada em salvar o filho da possível cegueira hereditária. A personagem Selma Jesková lhe oferece infinitas possibilidades de evidenciar suas emoções pessoais, podendo atingir níveis de intensidade bastante diferenciados, e Juliane se sai bem em todas as ocasiões em que aquelas lhe são pedidas. Sua linda e afinadíssima voz possui um timbre capaz de alcançar todo e qualquer tipo de nota, assemelhando-se de forma inacreditável ao timbre da cantora Björk, com seus agudos inconfundíveis. Cyria Coentro, uma intérprete de grande presença cênica (não nos custa lembrar de suas mais recentes atuações na TV, como na novela “Velho Chico” e na supersérie “Os Dias Eram Assim”, na Rede Globo), constrói com linhas e contornos demasiado nítidos, e desta forma amplamente convincentes, a forte, sensata, justa e sensível Carmen Baker, a melhor amiga da protagonista, presente nos bons e nos mais difíceis momentos. Com sua bonita e segura entonação vocal, Cyria brilha a cada vez que nos demonstra a amizade imensurável que sente por Selma, não se deixando abater face a algumas resistências de sua amiga. Luis Antonio Fortes (idealizador da montagem juntamente com Juliane Bodini) imprime à sua personificação de Jeff, o jovem colega de trabalho de Selma que não esconde a paixão nutrida por ela, a legitimidade essencial para crermos na pureza e ternura de seu amor. Luis empresta ainda ao seu papel uma certa docilidade encantadora. Andrêas Gatto assume o papel de Samuel, o funcionário da fábrica que dirige a montagem musical de seus colegas. Andrêas se impõe notadamente nas cenas em que tem que nos transmitir a autoridade implícita em um encenador perante o seu elenco. Com passagens da peça nas quais dirige os atores sentado em uma das cadeiras do teatro percebemos a qualidade extensiva de sua voz. Assim como consegue se mostrar exigente, da mesma maneira se evidencia sutil e cauteloso ao abordar Selma em uma situação delicada. A Fábio Cardoso coube a não fácil tarefa de dar vida a um adolescente de 12 anos prestes a completar 13 (somente com esta idade faria a cirurgia intentada por sua mãe). E Fábio se sai muitíssimo bem. O jovem intérprete realiza um trabalho de composição em que se acredita piamente na ingenuidade, na fragilidade e na pureza de um menino nesta faixa etária (considerando o contexto da peça, inclusive o período em que se passa). Fabio também ostenta com convicção a enorme afetuosidade e sintonia que possui com a sua progenitora. Julia Gorman expõe suas potencialidades artísticas, extremamente visíveis, nos dois papéis em que tem que se desdobrar. Julia Gorman ao interpretar Linda Houston, elabora com tintas certas a bonita mulher que se deixa corromper pelos vícios de futilidade alimentados pelo seu marido Bill. Notamos em suas atitudes um ar de arrogância e sentimento de superioridade. Com o desenrolar dos acontecimentos, passamos a conhecer uma outra Linda, agressiva e impiedosa. Julia outrossim se encarrega de criar um perfil para uma funcionária da fábrica participante do musical em montagem. A funcionária/atriz em pauta deixa escapar sinais de deslumbramento ao se dar conta da possibilidade de ascender no espetáculo. Como se vê, Julia Gorman precisou desfilar em cena camadas de personalidades com distâncias entre si. E o fez com o requinte exigido. Lucas Gouvêa se incumbiu de dar forma ao seu papel, o policial Bill Houston. Lucas se esmerou com inegável êxito ao fazer a transição do Bill cortês, bom policial, generoso e solidário, para o Bill acuado, descompensado, criminoso e chantagista. Depois, sem tons acima, projetou nos palcos a imagem de um homem vulnerável, sem saída, refém das circunstâncias que ele mesmo criou. Defende a seguir um magistrado com a solenidade e dureza que lhe convêm. Marino Rocha se engaja com as posturas firmes críveis e indispensáveis a um supervisor de turno de uma fábrica, traçando com linhas coerentes os elementos que privilegiam o comportamento de seu Norman. Desta maneira, Marino se harmoniza com o universo da montagem, dando-lhe valorosa contribuição. Suzana Nascimento, atriz que despertou aplausos em seu monólogo “Calango Deu! Os Causos da Dona Zaninha” (a peça dirigida por Isaac Bernat, e escrita pela própria atriz, está completando cinco anos de temporada), destacou-se ao incorporar Dolores, a supervisora do turno da noite, quando Selma decide trabalhar neste período. Nota-se claramente que a intenção de Suzana foi a de compor um tipo, e esta bem-sucedida intenção transformou Dolores, com seus gestos e postura masculinizados e até mesmo grosseiros, em uma figura leve e divertida. Além de pontuar a sua composição no corpo, Suzana imaginou uma voz não convencional para a sua personagem. Coube, também, a Suzana, encarnar uma policial/guarda em um momento crucial da encenação. Este papel lhe exigiu uma complexa dualidade, pois, a princípio, não se espera de alguém que ocupe este posto a manifestação patente de seus sentimentos e de sua misericórdia com relação ao próximo, e testemunhamos justamente o contrário, resultando em uma passagem comovente do musical. O cenário de Mina Quental faz uma reprodução inteligente, criativa e pessoal do ambiente de uma fábrica. Mina, sabidamente, “inventou” uma fábrica norte-americana dos anos 60. Somos surpresos por um enorme painel ao fundo do palco (com direito à escada de ferro, e lógico, a um pequeno segundo plano – lugar que exerce papel decisivo na história). Todo este painel, com textura terrosa, crua, é preenchido por múltiplos objetos (não obrigatoriamente relacionados a uma fábrica), como calotas, mangueiras enroladas, e até mesmo um violão. O efeito é espantoso e belo. A cenógrafa se utilizou também de cerca de uma dezena de cadeiras metálicas, que são deslocadas conforme as exigências da ação. Há ainda duas mesas corrediças bastante funcionais. Os figurinos são de Carol Lobato. Carol apostou na fidelização do período e local específicos em que se desenrola a narrativa. Com indiscutível coerência e praticidade, a figurinista vestiu as atrizes com vestidos em tons crus e terrosos, em conformidade com o cenário, acinturados e com botões. Seus sapatos são pretos. A fim de diferenciá-la dos demais, a responsável pelos figurinos emprestou a Selma de Juliane Bodini o indefectível par de óculos de grau, um lenço estampado e meias de cor escura, além de uma bolsa. Já os atores foram trajados com macacões, seguindo a mesma linha lógica de tonalidade assumida. E como acessórios, quepes, boots e vestimentas de magistrado. A inebriante iluminação de Felicio Mafra, incontestavelmente, colaborou de maneira sublime não só para o embelezamento estético/visual do espetáculo, mas também no sentido de contextualizar com absoluta ciência as cenas decorridas com os seus respectivos graus de emoção e ação atingidos. Felicio priorizou o tom suavemente amarelado de sua luz na maior parte da montagem, conferindo-lhe ao mesmo tempo naturalidade e distanciamento ficcional. O iluminador lançou mão de focos pontuais, feixes atravessados e entrecruzados, e luzes azuis. Potentes spots serviram como faróis de carro. Em determinadas situações, escolheu um plano mais aberto, com o propósito voluntário de diferenciação do clima dramatúrgico. Veem-se as sombras dos músicos que se encontram por detrás de uma tela translúcida componente do painel cenográfico. A direção de movimento e as coreografias tiveram a assinatura de Denise Stutz. Já as aulas de coreografia e sapateado foram dadas por Clara Equi. E, por fim, Camila Caputti, que se responsabilizou pela preparação corporal e, também, pelas coreografias. As três profissionais demonstraram excelência conjunta na criação dos movimentos coreográficos do musical, peças indissociáveis para a concretização deste gênero com sucesso. Todas as passagens, sem exceção, em que os atores tiveram que exibir os seus dotes de dança, foram invariavelmente sedutoras. Sem extravagâncias acrobáticas, realçando o charme e o encantamento que os movimentos ao som da música podem nos proporcionar, os números de coreografia de “Dançando no Escuro” ocupam um lugar de destaque na encenação. Mirna Rubim se incumbiu da preparação vocal do elenco. Os atores revelaram, em momentos solo ou em coro, suas potencialidades e aptidões como cantores de um musical, associando com equilíbrio as exigências técnicas e a sensibilidade e a emoção demandadas nas interpretações das composições da montagem. Marcio Mello é o visagista do espetáculo. De maneira acertada e congruente, optou por colocar as atrizes com o rosto ao natural (no máximo se percebe uma maquiagem bem discreta) e os cabelos presos em coque. Bruno Dante fez a confecção do Boneco. Não se pode falar muito a respeito deste assunto, pois contaríamos a surpresa de um dos grandes momentos da peça. O que posso lhes dizer é que Bruno fez algo impactante, inacreditável aos nossos olhos, misturando com maestria beleza, fantasia e realidade. “Dançando no Escuro”, com direção de produção de Jéssica Santiago, é um musical essencialmente humanista. Em seu cerne, fala-se sobretudo sobre o ser humano. Seus desejos, sentimentos, qualidades e a ausência delas. Mostra o quanto as pessoas podem ser norteadas pelo amor e pela amizade, pela devoção e persistência. Revela-nos também a face sombria do indivíduo, com as suas práticas intolerantes, preconceituosas, injustas e traiçoeiras. Nada mais atual. “Dançando no Escuro” lança uma nova luz no gênero musical brasileiro. “Dançando no Escuro” nos abre as portas para um novo olhar acerca da complexidade das emoções do homem. Com a história de Selma Jesková, tudo se clarifica no que concerne às infinitas dimensões do amor materno. Apesar das dores por que passa, a lição que Selma nos deixa não tem nada de escura. Seu amor é imensamente claro. Seu amor literalmente… cura.