Foto: Divulgação do filme
Spike Lee, autor de obras emblemáticas, sendo um dos principais e mais engajados diretores norte-americanos, em “Infiltrado na Klan” não foge aos seus sólidos ideais anti-racistas
Conferi, no dia 14 de janeiro, no Cine Arte UFF, em Niterói, no Rio de Janeiro, em uma sessão superlotada, a um dos filmes mais comentados da atual safra cinematográfica, “Infiltrado na Klan” (“BlacKkKansman”, 2018), dirigido por Spike Lee, um dos mais importantes e engajados diretores americanos. Spike Lee, autor de emblemáticas produções, como “Faça a Coisa Certa” (longa que o mostrou ao mundo), “Febre da Selva” e “Malcolm X”, cujos enredos são retratos genuínos da situação do negro norte-americano, dentro de contextos sociais, comportamentais e históricos, não fugiu com “Infiltrado…” aos seus conhecidos e elogiáveis ideais defensores de uma América justa e igualitária, denunciando corajosamente os ranços racistas de caráter ancestral, que infelizmente permanecem fortes até hoje.
Baseado em uma história real, com ótimo e bem-humorado roteiro coassinado por Spike Lee, o filme traz uma dupla de policiais, interpretados por John David Washington e Adam Driver, que, usando a mesma identidade, numa missão arriscada, infiltra-se em uma seção da Ku Klux Klan
Baseado em uma história real de Ron Stallworth, publicada em livro (“Black Klansman”, 1966), com ágil e bem-humorado roteiro de Spike Lee, David Rabinowitz, Charlie Wachtel e Kevin Willmott, a trama gira em torno de um jovem negro, Ron Stallworth (o ótimo John David Washington), inteligente e divertido que, ao ingressar, em 1978, em um Departamento de Polícia de Colorado Springs, Colorado, Estados Unidos, acaba se envolvendo em uma arriscada missão, dividindo a identidade com outro policial, o judeu Flip Zimermann (Adam Driver, impecável), cujo objetivo é a infiltração de ambos, de formas diferentes, em uma seção da organização racista Ku Klux Klan.
A despeito do humor presente em quase todo o filme, “Infiltrado na Klan” é uma obra seríssima, atual, relevante em suas denúncias contra o preconceito racial, incluindo-se o antissemitismo
O elenco, que conta ainda com Laura Harrier, Ryan Eggold, Topher Grace e Jasper Paakkonen é magnífico. A despeito de sua leveza trazida pelo humor, “Infiltrado na Klan” é um filme seríssimo, de uma importância incontestável, atual, que por debaixo de sua capa de entretenimento, é uma denúncia feroz e poderosa contra o preconceito racial, incluindo-se o antissemitismo, presentes nas mais diversas camadas da sociedade norte-americana.
Hoje, 22 de janeiro, saiu a tão aguardada lista dos indicados ao Oscar 2019, contemplando “Infiltrado na Klan” em seis categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Trilha Sonora Original (Terence Blanchard), Melhor Ator Coadjuvante (Adam Driver), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição (Barry Alexander Brown).
Assista ao trailer: