
Depois de produções elogiadas pela crítica e prestigiadas pelo público, Manuela Dias estreia no horário nobre da Rede Globo com uma novela que aborda as mais diferentes e complexas nuances que permeiam o amor incondicional de uma mãe pelo seu filho
Na última segunda-feira, o público teve a chance de conferir a alvissareira estreia da celebrada autora Manuela Dias (“Ligações Perigosas” e “Justiça”) no horário nobre da Rede Globo com a aguardadíssima novela “Amor de Mãe”, reeditando a parceria com o engenhoso diretor artístico José Luiz Villamarim. Manuela se propõe a nos contar dentro de um contexto narrativo folhetinesco os múltiplos matizes dimensionais do elo afetivo maternal, e suas infinitas possibilidades de expressão, revelando comportamentos obstinados, incondicionais e até mesmo obsessivos. Representando uma trinca fabulosa de mães diametralmente distintas, foram escaladas atrizes de supremo valor, Regina Casé, Adriana Esteves e Taís Araújo, cujas vidas se entrelaçam mais cedo ou mais tarde (um recurso técnico caro a Manuela). Lurdes (uma Regina Casé fenomenal, interpretada com brilho no passado por Lucy Alves) se candidata a uma vaga de babá para cuidar de um futuro filho da bem-sucedida advogada Vitória (Taís Araújo com admirável altivez). Vitória defende com certa culpa o inescrupuloso empresário Álvaro (Irandhir Santos primorosamente cínico e frio). Thelma (Adriana Esteves com exemplar densidade), vítima de uma grave doença, é socorrida na rua por Lurdes. Thelma mantém uma relação sufocante com o seu bom filho Danilo (Chay Suede em acertada contenção). Vive em conflito com o irmão mau-caráter Sinésio (Julio Andrade em perfeita sintonia com o papel), que deseja vender o restaurante da família. Voltando a Lurdes. Dedicada a encontrar seu filho vendido, orgulha-se da filha formada professora Camila, (Jessica Ellen, uma força feminina em cena), e se preocupa com o filho Magno (Juliano Cazarré com sua verdade interpretativa cativante), envolvido em um crime não intencional. Lurdes também é mãe de Ryan e Érica (os ótimos Thiago Martins e Nanda Costa).
Com direção artística de José Luiz Villamarim, um profissional cuja marca de excelência é visível em todas as obras que conduz, e trilha sonora que exerce enorme fascínio pela sua diversidade e riqueza, “Amor de Mãe” já conquistou os telespectadores desde o seu início
A direção de Villamarim, não raro vigorosa e eficiente, explora os ângulos da câmera selando sua inteligente marca, como as tomadas de dentro dos carros, com a visão particular de seus cursos. Vale destacar a fascinante trilha sonora de Eduardo Queiroz e Bibi Cavalcante, com canções com Maria Bethânia (“Onde Estará O Meu Amor”), Gonzaguinha (“É”) e Fábio Jr. (“O Que É Que Há). “Amor de Mãe” é uma novela com viés humanista, focada nas relações interpessoais e todos os seus desdobramentos naturais, sem perder de vista os conflitos e dramas que demarcam o sucesso do gênero. “Amor de Mãe” já tem uma história de amor com o seu público, e esse amor só tende a aumentar.