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Carol Duarte e Julia Stockler são irmãs que tomam rumos completamente diferentes em suas vidas no filme dirigido por Karim Aïnouz/Foto: Divulgação

Karim Aïnouz foi um dos nomes mais comentados do cinema nacional em 2019, tendo sido responsável por catapultar, e consolidar o seu talento, o ator Lázaro Ramos para o gênero ao lhe dar o papel de Madame Satã no filme homônimo 

Em 2002, o cineasta cearense Karim Aïnouz despertou as atenções para o seu trabalho com o lançamento de “Madame Satã”, filme que consolidou o talento artístico de Lázaro Ramos para o grande público. Depois de outras obras de sucesso, Karim, que também é roteirista, chegou a 2019 como um dos nomes mais comentados do cinema nacional ao ter o seu mais recente longa, “A Vida Invisível”, baseado no romance homônimo de Martha Batalha, reconhecido na Mostra Um Certo Olhar/”Un Certain Regard” do Festival de Cannes 2019, sagrando-se vencedor.

Uma história envolvente e sensível narra o desencontro entre duas irmãs quando ainda eram muito jovens, mostrando que apesar de todas as mudanças de suas vidas, jamais se esqueceram uma da outra 

Corroteirizada por Murilo Hauser, Karim Aïnouz e Inès Bortagaray, a envolvente e sensível produção é estrelada por Carol Duarte e Julia Stockler (soberbas, foram as vencedoras do APCA-SP/Associação Paulista dos Críticos de Arte de São Paulo), que interpretam, respectivamente, no Rio de Janeiro da década de 40, as irmãs Eurídice e Guida Gusmão. Bastante unidas, Eurídice, mais introvertida, sonha em crescer como pianista em Viena, Áustria, enquanto Guida, avançada no comportamento, apraz-se com os namoros. Os rumos são redesenhados quando Guida resolve fugir para a Grécia com o marinheiro Yorgos (Nikolas Antunes), deixando sua irmã desolada. Num cenário patriarcal, Eurídice casa-se com o machista e abusivo Antenor (Gregório Duvivier). As vidas dessas duas irmãs marcadas por uma separação que as corrói, são objetos de todos os tipos de opressão, humilhações, sofrimentos que sua identidade de gênero possa lhes permitir. A intransigência do pai Manuel (António Fonseca) e a submissão da mãe Ana (Flávia Gusmão) acentuam o desencontro fraternal.

“A Vida Invisível” se torna um filme necessário em um momento em que se discute com maior abrangência e profundidade a posição da mulher na sociedade contemporânea 

Com a música original de Benedict Shiefer pontuando boa parte da trama, iluminada ora com sobriedade ora com vivacidade pela fotografia de Hélène Louvart, “A Vida Invisível”, sem ser panfletário, cumpre um papel importante ao nos deixar claro do quão é necessário falar da condição feminina, independente de épocas, afastando toda e qualquer ação de preservação da repressão estrutural masculina. O elenco brilha e se destaca sem exceções (inclusive Maria Manoella como Zélia), tendo a participação especial comovente de Fernanda Montenegro como Eurídice. Ao final, pressupõe-se que uma vida inteira pode ser invisível, mas as cartas jamais o serão.

Assista ao trailer do filme: 

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