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O diretor, corroteirista e coprodutor do filme “Meu Nome é Daniel” Daniel Gonçalves/Foto: Marcelo Santos Braga

 

Todas as quintas-feiras, acontece o “Cine Debate”, sessões on-line de filmes seguidas de debate.
Numa parceria entre o Centro de Artes UFF e a Olhar Distribuidora, o longa exibido no dia 16/07 foi o documentário “Meu Nome é Daniel” (2018).
A seguir, a crítica:

Daniel Gonçalves, portador de uma doença rara que limita os seus movimentos, assume as funções de diretor, corroteirista e coprodutor de “Meu Nome é Daniel”, sendo o primeiro brasileiro nesta condição a comandar um longa-metragem

“Meu Nome é Daniel”, documentário baseado na vida do cineasta do município de Barra Mansa, Rio de Janeiro, Daniel Gonçalves (diretor, corroteirista e coprodutor), portador de uma doença rara com limitações motoras, sendo o primeiro brasileiro nesta condição a comandar uma obra do gênero, é um filme que subverte. Alternando cenas de arquivo em Super 8 e VHS de suas infância e adolescência e começo da fase adulta, narrada com ritmo e pausas certeiros em primeira pessoa por Daniel, o que confere à produção uma poderosa legitimidade, tudo é contado ao público sem pudores, de forma franca e clara, como a naturalidade de sua família em lidar com a situação, algumas manifestações de preconceito da sociedade, sua iniciação sexual, as festinhas juvenis, as relações afetivas e suas escolhas profissionais.

Com o aval de Roberto Berliner, diretor de “Nise: O Coração da Loucura”, na coprodução do longa, o documentário não pretende ser, segundo o próprio Daniel Gonçalves, “um filme de coitadinho ou super-herói” ou “um filme de superação”, o que lhe denota um caráter tematicamente subversivo

O roteiro assinado por Daniel, Débora Guimarães e Vinícius Nascimento (também montador, realiza um ótimo trabalho), eficientíssimo em sua estrutura, com pinceladas de humor contextualizado, tem como ponto de partida a busca de seu protagonista por um diagnóstico preciso para a sua condição física, mas o filme, coproduzido por Roberto Berliner e Rodrigo Letier, não se resume a isso. Evitando temas musicais com o objetivo de afastar qualquer provocação sentimentalista, “Meu Nome é Daniel” subverte no sentido de que não pretende ser, segundo o seu diretor, “um filme de coitadinho ou super-herói” tampouco “um filme de superação”.

Premiado em três importantes festivais, o documentário nos leva a uma reflexão obrigatória e necessária a respeito da conceituação do que é ser “normal”

Premiado na Mostra de Tiradentes (Melhor Longa-Metragem pelo Júri Popular), nos Festivais Internacional de Cine de Cartagena de Índias 2019 (Prêmio Documental Calificado Oscar) e do Rio (Menção Honrosa Direção de Documentário), “Meu Nome é Daniel” é uma obra imprescindível, necessária, que nos leva à reflexão obrigatória do que é ser normal, abraçando generosamente a diversidade em todas as suas camadas, sem omitir o que dela decorre. Daniel Gonçalves representa o que há de íntegro e reto no ser humano. Daniel é bem mais do que o substantivo próprio do título de um belo filme. Daniel são muitos, mas poucos são aqueles que oferecem a sua beleza de vida em imagens.

Assista ao trailer do filme: 

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