
sa, a Condessa de Barral), Selton Mello (D. Pedro II) e Letícia Sabatella (Imperatriz Teresa Cristina)/Foto: João Miguel Júnior/Gshow
Sendo parte de uma trilogia iniciada pela novela “Novo Mundo”, a atual trama das 18h da Rede Globo se concentra desta vez no reinado de D. Pedro II com todas as conjunturas políticas que o cercam somadas às relações familiares com sua esposa e filhas e seu romance com a Condessa de Barral
Os autores Thereza Falcão e Alessandro Marson trouxeram de volta a alegria aos telespectadores de novelas com a primeira trama completamente inédita após a pandemia, “Nos Tempos do Imperador”, estreia da última segunda-feira às 18h na Rede Globo. Parte de uma trilogia iniciada com “Novo Mundo” (2017), a ótima produção atual é centrada no período de reinado de D. Pedro II a partir do ano de 1856, revelando seus posicionamentos face a Guerra do Paraguai e suas relações com a esposa Teresa Cristina, as filhas Isabel e Leopoldina, e sua amante Luísa, a Condessa de Barral. Com direção artística de Vinícius Coimbra (experiente em produções históricas) e geral de João Paulo Jabur, a história se inicia com uma viagem de férias de D. Pedro II (Selton Mello em belo retorno à TV) e a Imperatriz Teresa Cristina (a sempre cativante Letícia Sabatella) em um cenário que descortina a beleza do Brasil. Num momento de tensão, o Imperador é surpreso pelo general paraguaio Solano López (Roberto Birindelli, inspirado) que tenta convencê-lo a formar uma aliança com propósitos econômicos que desagradariam aos países vizinhos, Argentina e Uruguai, podendo culminar em uma guerra. Em outro quadro, no Recôncavo da Bahia, vemos a Condessa de Barral (Mariana Ximenes, inebriante) no funeral de seu pai sendo aborrecida pelos Coronéis Ambrósio (Roberto Bomfim) e Eudoro (José Dumont) que desejam comprar suas terras de cana-de-açúcar herdadas. Roberto e José assumem nobremente seus papéis. Alexandre Nero representa o ambicioso e fanfarrão Tonico Rocha (excelente trabalho de composição), prometido por seu pai Ambrósio em casamento à jovem Pilar (a doce Gabriela Medvedovski), filha de Eudoro, que decide fugir de casa para se tornar médica. João Pedro Zappa, como Nélio, acompanhante de Tonico, mostra desenvoltura em cena. Paralelo a isso, o escravo Jorge (Michel Gomes em elogiável performance) planeja com escravos malês uma invasão à fazenda de seu pai Ambrósio com o intuito de libertar sua irmã e outros aprisionados. Ferido por ser suspeito da morte de seu progenitor, Jorge acaba sendo socorrido por Pilar (o casal promete entrosamento) enquanto é procurado por Tonico, sedento por vingar seu pai.
Com uma narrativa forte e ágil que nos desperta enorme interesse, juntamente com belos elenco, figurinos, fotografia e produção musical, a trama de Thereza Falcão e Alessandro Marson nos traz de volta os bons tempos do telespectador
A novela, que tem como autores colaboradores Júlio Fischer, Duba Elia, Wendell Bendelack e Lalo Homrich, possui uma narrativa forte, ágil e interessante, sendo obedecida com primor pelos seus diretores, que souberam alternar com equilíbrio takes de ação com outros mais dialogados. Além dos intérpretes mencionados, sobrou talento aos demais artistas que estiveram no primeiro capítulo do novo folhetim das seis da tarde. Os impagáveis Dani Barros (Clemência), Augusto Madeira (Quinzinho; Theo de Almeida defendeu o personagem na infância em “Novo Mundo”), Vivianne Pasmanter (Germana) e Guilherme Piva (Licurgo) lideraram a parte cômica da estreia (Vivianne e Guilherme fizeram tanto sucesso na novela anterior de Thereza e Alessandro que retornaram nesta versão da trilogia incrivelmente caracterizados). Lu Grimaldi é outra respeitada atriz que volta à trama revivendo a criada, agora governanta, Lurdes. A personagem Celestina, dama de companhia da Imperatriz Teresa Cristina, está em boas mãos ao ser entregue a Bel Kutner. Já Thierry Tremouroux encarna com dignidade o Conde Eugênio, casado com Luísa. Deve-se prestar atenção a Júlia Freitas, atriz adolescente que personifica Dolores, irmã de Pilar. As filhas de D. Pedro II, Isabel e Dina/Leopoldina, são desempenhadas respectivamente por Any Maia e Melissa Nóbrega, papéis que serão vividos mais tarde por Giulia Gayoso e Bruna Griphao. A atração cresce com a fotografia sensível de Ricardo Gaglianone (vale destacar o duelo entre escravos e capatazes), os figurinos esplêndidos de Beth Filipeck e Renaldo Machado, e a rica e irresistível produção musical de Sacha Ambach e Rafael Langoni Smith, que nos traz Milton Nascimento (“Cais”, tema de abertura), Elis Regina, Clara Nunes e Clementina de Jesus e Ney Matogrosso e Nação Zumbi interpretando Secos & Molhados (as composições originais da trilha incidental são notadamente marcantes). “Nos Tempos do Imperador” merece todo o nosso respeito por ser antes de tudo uma novela fruto de atos de coragem e amor à dramaturgia, por ser realizada, enfrentando todos os obstáculos, em um período dificílimo para o mundo. A obra criada e escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson nos trouxe de volta os bons tempos do telespectador.
Assista ao trailer oficial da novela: