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“Vocês Foram Maravilhosos” é o terceiro espetáculo solo de Marcos Veras/Foto: Divulgação

Em “Vocês Foram Maravilhosos”, seu terceiro espetáculo solo, Marcos Veras, de forma corajosa, revela ao público momentos bastante pessoais, que vão do drama ao humor absoluto, sem, no entanto, preterir a leveza

Despir-se para o outro no que concerne a fatos de cunho pessoal impõe doses de coragem e desprendimento. Quando se trata de um artista consagrado, inclusive no humor, o desafio individual gerado avoluma-se. Este não intimidou de forma alguma o carioca criado no bairro de Santo Cristo filho de pai comerciante Marcos Veras, um nome unanimemente respeitado pelos seus pares de classe. O ator, comediante, apresentador e roteirista foi ainda mais longe ao colocar no papel não só passagens de sua carreira em seu terceiro espetáculo solo, com direção de Leandro Muniz, “Vocês Foram Maravilhosos”, mas também dramas bastante doídos os quais viveu, como as perdas de seu pai e irmã em anos seguidos. Tal momento revela a enorme habilidade de Marcos em não tornar a peça pesada tampouco piegas, transformando os episódios contados em recortes comoventes e emocionantes, ostentando assim a sua sensibilidade dramatúrgica. Ao abordá-los, o intérprete lança com muita delicadeza pequenas notas de comicidade. Outros tantos assuntos foram compartilhados por Veras, sempre eivados de seus apartes espirituosos e inteligentes, como a sua infância, a iniciação sexual, o começo na profissão, os célebres colegas que lhe foram importantes, o sucesso na TV (com “Zorra Total”, por exemplo) e no teatro (o fenômeno do stand-up “Falando a Veras”), a paternidade (com suas alegrias e privações) e sua relação afetuosa e divertida com a mãe. Além disso, críticas sociais, econômicas e comportamentais não foram dispensadas. A montagem que, segundo o próprio ator, possui várias classificações, como o “bio drama”, vale-se de sua espantosa comunicabilidade a fim de se atingir a maior interação possível com os espectadores, o que de fato acontece, vista na conversa direta, espontânea e engraçada com aqueles, como se fosse uma “terapia coletiva”. As impagáveis imitações ou personificações de celebridades não poderiam ficar de fora, garantindo sonoras gargalhadas e mostrando a sua versatilidade vocal.

Uma das muitas lições que nos são passadas pela peça cuja direção respeita o timing exigido é a de que devemos viver e valorizar sempre o agora

Leandro Muniz dirige com sabedoria o aparentemente indomável artista que tem em mãos, deixando-o à vontade na ribalta ou fora dela, ou se utilizando dos recursos disponíveis no cenário. Leandro conduz a encenação com o timing que ela exige, honrando as diversas fases que a compõem e categorias em que se inclui. Merecem menção o elegante figurino que Marcos traja (um conjunto de blazer azul com tênis branco) e a bonita luz com o aproveitamento de inúmeras possibilidades (cores feéricas, predominância do azul, do rosa e das luzes branco/amareladas, além dos planos gerais).”Vocês Foram Maravilhosos” nos deixa como ensinamento, entre um riso e outro e uma emoção despertada, a necessidade de se viver e aproveitar o agora, assim como vivenciamos e aproveitamos a explosão de talento de Marcos Veras, generoso com o público até no título.

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