Foto: Divulgação do espetáculo “A Loba de Ray-Ban”
Christiane Torloni é uma atriz a quem podemos nos referir como atriz inteligente. Para mim, atriz inteligente é aquela que se faz detentora e dominante de suas emoções. Não basta tê-las, e usá-las. É preciso saber usá-las. E o mais importante: possuir um pleno entendimento do personagem. É o intérprete que traz para si a prerrogativa do controle da situação. Jamais o contrário. E quando se atinge este cobiçado patamar, deparamo-nos com atuação dignificante da arte a que pertence. Christiane compusera Melina, um papel bem escrito por Gloria Perez em “Caminho das Índias”. Lembro-me que a mãe de Tarso (Bruno Gagliasso) a princípio fora tachada de “perua, fútil, frívola”. Enfim, era “monocromática”. Nada disso. Apenas aquela mulher não havia se defrontado com realidades que fugissem ao mundo que criara para si. Os adultério e esquizofrenia de seu filho a fizeram mostrar face que sempre teve, só que omitida estava. Digo que Torloni é artista de porte. Com “ray-ban” ou sem “ray-ban’, é uma “loba” em cena.