Foto: Divulgação/TV Globo
Em 1988, estreava na televisão brasileira uma das mais importantes novelas já feitas, “Vale Tudo”, cuja autoria coube a Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. E no elenco, havia um núcleo de jovens atores formado por Marcello Novaes, Renata Castro Barbosa, Edson Fieschi, Flávia Monteiro e Fábio Villa Verde. Os personagens de Marcello e Edson frequentavam um clube, e praticavam natação. André, papel de Marcello, tornou-se amigo de Tiago (Fábio Villa Verde), o que gerou a desconfiança preconceituosa do pai do último, Marco Aurélio (Reginaldo Faria), pois o filho não tinha namorada, era sensível, apreciava música clássica e de ler boa literatura. Acabou que Fernanda (Flávia Monteiro), que antes namorava André, passou a namorar Tiago. A partir daí, o intérprete garotão Marcello, que cursou O Tablado, no Rio de Janeiro, iniciou uma bem-sucedida trajetória na TV, emendando inúmeros folhetins (sobre os quais falaremos depois), até chegar ao Max de “Avenida Brasil”, de João Emanuel Carneiro. Aliás, o seu jeito tipicamente carioca não o atrapalhou na diversificação dos papéis para os quais fora escalado, que vão do escrachado, passando pelo caipira, e tangendo o histórico. Hoje somos brindados quase que todos os dias com excelentes cenas de Marcello Novaes como o golpista das 21h. O ator que ostenta ótima forma física personifica um malandro que não costuma acertar na execução de suas tramoias. Os telespectadores mais benevolentes poderiam justificar as faltas de ética e escrúpulos, e a inacreditável megalomania à infância dura que tivera, e ao pai amoral que possui, Nilo (José de Abreu). Mas aí cairíamos naquela velha questão sociológica de que o homem é um produto do meio. O fato é que Max é uma pessoa que não tem o caráter ilibado. Não fosse assim, não teria sido o parceiro de tantos anos de uma das vilãs mais abjetas já vistas na teledramaturgia, Carminha (Adriana Esteves). Para os norte-americanos, Max seria tachado de “loser”, ou seja, um perdedor. Perdedor para eles não é aquele que perde sempre, mas o que mesmo tendo a oportunidade de vencer, de alguma maneira desperdiça a chance por vontade própria, e perde. Um exemplo disso em “Avenida Brasil”: Max recebe R$100.000,00 de Nina (Débora Falabella), um dinheiro que não lhe pertence, e ao invés de usá-los num investimento seguro, numa aplicação financeira, ou qualquer coisa que garantisse o seu futuro, decide dar-lhes como sinal na compra de um iate avaliado em R$500.000,00 (e ainda sequer recebera os R$400.000,00 que faltam para pagar a embarcação!). E para comprovarmos a sua fama de mau golpista, citemos que nada recebera dos R$50.000,00 da venda da casa de Genésio (Tony Ramos), o forjado sequestro de Carmen Lucia em que tudo deu errado, e a atrapalhada tentativa de arrombamento do cofre do então cunhado Tufão (Murilo Benício). Agora, no que concerne à carreira de Marcello, após a estreia em “Vale Tudo”, vieram as novelas “Top Model”, “Rainha da Sucata”, como Geraldo, “uma das filhinhas da mamãe”, “Deus nos Acuda” (em que refez Geraldo), “Quatro por Quatro”, obra na qual estourou ao lado da Babalu de Letícia Spiller, como o mecânico Raí, “Vira-Lata”, “Zazá”, “Andando nas Nuvens”, “Uga Uga”, “O Clone”, “Chocolate com Pimenta”, “América”, “Sete Pecados”, “Três Irmãs” e “Cama de Gato”. Trabalhou em diversos especiais e seriados. Integrou as minisséries “Chiquinha Gonzaga”, em que fora o marido da compositora na primeira fase da história, o rígido Jacinto Ribeiro do Amaral, “A Casa das Sete Mulheres” e “Dercy de Verdade”. Esteve em três fases de “Malhação”. No cinema, atuou no
longa-metragem de Rosane Svartman, “Desenrola”. E no teatro, estivera no musical “Rock Horror Show”. E para terminar este texto, voltemos a Max. Não sei quantas vezes pilotará o seu iate ainda não quitado. Deixemos que ele se sinta o máximo. Afinal, não podemos nos esquecer de que Max é o máximo do mínimo.