
Foto: Primo Tacca Neto e Brasilio Wille
Assim como pode florescer lírio em meio à cinzenta lama, no depósito das traficadas de “Salve Jorge”, novela das 21h da Rede Globo, de Gloria Perez, que está nos seus capítulos finais, pode haver os talento e beleza de jovem atriz e bailarina paulistana, Laryssa Dias. Bem já no começo do folhetim, Laryssa despertou-me a atenção por suas personalidade, firmeza, segurança, compreensão da difícil personagem, e é claro, belo rosto e nítido potencial dramático. Seu papel é contextualmente complexo, espinhoso, o que não causou temor à intérprete. Muito pelo contrário. Teve e tem ótimas cenas com seus colegas de elenco com quem dividiu e divide o estúdio. Laryssa, que é formada em Publicidade e Marketing, permitiu que sua genuína vocação artística bradasse. E colocou-a em prática desde cedo, quando criança. A atriz defrontou-se durante todo o decorrer da trama com fortes momentos de tensão estrategicamente inseridos naquela. Não faltou espaço para agressões físicas e morais de caráter contínuo impingidas por mão pesada do algoz onipresente Russo (Adriano Garib), o que não deve ter sido nada fácil para a artista. Se o que vemos hoje é uma poderosa atuação de Laryssa deve-se sobretudo à solidez na bagagem de aprendizado colhida no passado. Na primeira ocasião que sentiu o aroma do tablado de um teatro estava em período adolescente. O circo cutucou-a também. Os ensinamentos que obtivera não lhe foram transmitidos por mãos quaisquer. Ligia Cortez deu-lhe aulas na Casa do Teatro e dirigiu-a em “Menina Moça”. A Escola de Atores – Wolf Maya passou-lhe importantes noções de como se portar defronte a uma, duas ou três câmeras, e submeter-se à rigidez das marcações natas à engrenagem industrial do veículo televisão. Laryssa é “menina moça” inquieta, ávida por aprender. Buscou em Fátima Toledo, José Eduardo Belmonte, Denise Weinberg, Wladimir Capella e o Grupo Tapa um tanto mais de ricos ensinamentos. E o fruto maduro nascido da boa semente que plantou vislumbra-se na personificação de Waleska. Uma personagem que lograra simpatia do público não somente pelo carisma da profissional, mas proporcionada pelas sensibilidade, altivez, determinação e senso de justiça com que fora composta. O fato de que já era prostituta antes de ser traficada em nenhum instante livrou-a da condição de vítima como as demais. Alguns dos pontos positivos de sua participação evidenciam-se nas bem-sucedidas parcerias com Nanda Costa (Morena) e Murilo Grossi (Almir). Fontes asseguram que Waleska terá envolvimento com o policial e se apaixonará por ele, o que denota oportuno e agradável desfecho, haja vista que torcemos por sua vitória pessoal. Destaca-se outrossim a postura de líder com os pares de infortúnio. Ciente de que sofrerá “tapas & tapas”, e nunca beijos do “carrasco da Turquia” Russo enfrenta-o com dignidade e valentia surpreendentes. O confronto com Lohana/Jô (Thammy Miranda) propositalmente por esta provocado irá diluir-se com a descoberta de real identidade da desafeta, o que renderá interessante situação. Deduzimos que para que uma atriz ganhe a oportunidade que Laryssa Dias conseguiu faz-se necessário que tenha-se estofo de estudos além dos que já aqui mencionei. E aquele adveio de experiência como protagonista em curta-metragem de Marcel Mallio, “Fui Comprar Cigarro”, e no seriado da Fox, “9MM SP”. Entre coxias teatrais, durante curso do diretor de núcleo da Rede Globo Wolf Maya encenou Sam Shepard, “Oeste Verdadeiro”, e Ibsen, “Casa de Bonecas”. É de pronta conclusão de que nada caiu do céu no colo de Laryssa. Perseverança, dedicação e intento de aprender foram-lhe consistentes aliados. O destaque em “Salve Jorge” não veio-lhe por acaso. Há sim possibilidade de visar charme extra em Waleska dia a dia com Laryssa Dias. Laryssa é o lírio na lama. E onde há lírio há esperança.