
“Rocketman” se soma a muitas outras cinebiografias musicais que fizeram sucesso ao retratar os seus astros, sendo a mais recente delas “Bohemian Rhapsody”, sobre a banda também inglesa Queen
Muitas cinebiografias musicais já foram feitas em diferentes épocas e obtiveram boas acolhidas pelo público, como “A Fera do Rock” (1989; sobre Jerry Lee Lewis), “Tina” (1993; sobre Tina Turner) e “Ray” (2004; sobre Ray Charles). A mais recente delas foi o estrondoso sucesso “Bohemian Rhapsody” (2018), que mostrava a trajetória impressionante da banda inglesa Queen. Faltava contar a história de um popstar também inglês, Sir Elton John, e sua trajetória de altos e baixos.
Com escalações acertadíssimas, como Taron Egerton como Elton John, e Jamie Bell como o compositor Bernie Taupin, o filme de Dexter Fletcher se vale da busca de acontecimentos na vida do intérprete de inúmeros hits para justificar a sua personalidade autodestrutiva, regada a altas doses de álcool, drogas e barbitúricos
“Rocketman”, dirigido pelo ator e cineasta britânico Dexter Fletcher, foi lançado no Festival de Cannes do ano passado. Dexter, que se mostrou um virtuose neste tipo de filme, não poderia ter sido mais feliz na escalação do intérprete de Elton, o galês Taron Egerton, excepcional em sua composição, não deixando escapar nenhum dos maneirismos do cantor. Outra acertada escolha do diretor foi convidar o ótimo Jamie Bell (“Billy Elliot”), um deleite para os saudosistas, para viver o inseparável amigo compositor Bernie Taupin. O diretor, que lança mão de inúmeras licenças poéticas, foi buscar na difícil infância do astro, marcada pela severidade do pai (Steven Mackintosh) e leviandade da mãe, Bryce Dallas Howard, as possíveis causas para a sua autodestruição pessoal com álcool, drogas e barbitúricos, além da baixa autoestima e vício em sexo. Dexter se vale em muitos momentos de delírios/sonhos para simbolizar comportamentos de John, como a prática de orgias e a gênese de canções.
“Rocketman” agrada não só aos fãs de Elton John, mas a maioria de seus espectadores, devido à evidente empatia criada entre estes e o retratado, provando-nos o quão frágil pode ser a fronteira entre a glória e o abismo, tendo o talento extraordinário do cantor e compositor como entremeio
Para os fãs, a maioria de seus hits está presente, em contextos bem distintos. Tem desde a comovente “Your Song” à frenética “Crocodile Rock”. Com “Rocketman” é impossível não criar uma forte empatia com o retratado, com todos os seus dramas, excentricidades e genial talento. “Rocketman” é um filme feérico como Elton John, mas que não deixa de ser obscuro quando deve ser. A obra de Dexter Fletcher prova o quão frágil pode ser a fronteira entre a glória e o abismo, tendo o talento extraordinário em seu entremeio. Só mesmo um “rocketman” como Elton John para sair ileso disso tudo.
Assista ao trailer do filme: