Um diretor de teatro por quem tenho considerável estima certa vez me disse que Ana Beatriz, que fora sua aluna, era uma das mais tímidas da turma. Espantosamente, tempo depois, viria a ganhar o prêmio de melhor atriz por “Vera”, de Sérgio Toledo, em vários importantes festivais internacionais, como o de Berlim, o de Nantes, e o de Locarno. Isto corrobora o que alguns apregoam, ou seja, o fato de que muitos de nossos grandes intérpretes possuem timidez. Entretanto, não consolida-se como máxima absoluta. Porém, inexistente é de modo obrigatório elo entre talento e extroversão. Há pessoas, que por se acharem engraçadas e desembaraçadas, creem mesmo que detêm o citado talento e vocação para a dificílima arte da atuação. Então, que nos fique bem claro: uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Ana é atriz a quem devemos pôr em patamar dos altaneiros do ofício. Que o diga Tchecov. Que o diga Gilberto Braga. Que o diga o público. Ela está em cartaz com “Tudo O Que Eu Queria Te Dizer”. Ana, tudo o que eu queria te dizer é que faz parte das artistas primeiras do país.