Idos de 1986. Estava eu na condição de púbere. Lurdinha, personagem de Malu Mader em “Anos Dourados”, maravilhosa minissérie de Gilberto Braga, seus ar angelical, penteado e rosto de menina, Nat King Cole cantando “When I Fall in Love”… Tudo isto contribuíra para que Malu do meu imaginário fizesse parte. Eis que num certo dia, na mesma época, deparo-me com uma jovem com os cabelos molhados, azafamada para cumprir um compromisso na televisão. Não titubeei. O momento era único. Acanhado, mas me agarrando ao arrojo, cumprimentei-a. Ela me fora bastante gentil e educada, tanto quanto Lurdinha. A recepção carinhosa de Malu fizera dourado o meu ano. Voltei para casa feliz. Eu podia dizer para quem quisesse ouvir que havia encontrado Lurdinha. Desde então, torço pela carreira desta bela e talentosa atriz que merece obter espaço especial na TV, por todas as suas marcantes interpretações, como a inesquecível Glorinha da Abolição, de “O Outro”, de Aguinaldo Silva, em que dividia ótimas cenas com José Lewgoy, a Duda de “Top Model”, de Walther Negrão e Antonio Calmon, a Márcia de “O Dono do Mundo”, de Gilberto Braga (novela incompreendida pelo público face à abordagem de temas tabus, mas que eu apreciei), e a Maria Lúcia da ótima minissérie de Gilberto Braga, “Anos Rebeldes”. Houve ainda participações relevantes nos seriados “Comédia da Vida Privada” (baseado em alguns textos de Luis Fernando Verissimo) e “A Vida Como Ela É” (baseado nas crônicas de Nelson Rodrigues). Integrara o elenco de mais um seriado, “A Justiceira”, como Diana. O programa era inspirado em similares norte-americanos policiais. Houve um “upgrade” em nossa teledramaturgia quando o assunto são efeitos especiais. Vieram Paula Lee, de “Labirinto”, minissérie de Gilberto Braga, “Força de um Desejo”, do mesmo Gilberto, e Maria Clara Diniz, em “Celebridade” (cuja autoria coube a Gilberto Braga). Além disso, gostaria de frisar que ganhei a chance de ver Malu em uma das mais notórias peças teatrais de Nelson Rodrigues, “Vestido de Noiva”, dirigida por Luiz Arthur Nunes. Aventurou-se também na direção de filmes, no caso, o documentário “Contratempo” (junto a Mini Kerti). E agora, vive Suzana no “remake” de Maria Adelaide Amaral, “Ti-ti-ti, folhetim no qual defendera, em sua primeira versão, Walkiria, em 1985. E para finalizar, não podemos nos esquecer que a estreia de Malu Mader se deu em uma produção da mestra Janete Clair, “Eu Prometo”, na qual era Dóris. Um bom começo para uma jovem artista, não?