Estava eu, absorto em uma pista de dança, empunhando uma inocente lata de cerveja, quando me deparo com Miguel Falabella. Discreto, apenas se divertindo. Por se tratar de figura pública, por cortesia, ofereci-lhe a popular bebida. No que o talentoso e “workaholic” artista retrucou: – Nossa, você oferece uma cerveja como se estivesse oferecendo uma taça de “champagne”. Ri. Achei típico do rapaz, popular entre nós por ser observador acuradíssimo do ser humano, e consequentes hábitos e idiossincrasias. Na verdade, ele estava se referindo à maneira demasiado formal com que procedi. Tivera razão. Sou formal, cerimonioso, por vezes. Digo-lhes, por vezes. Quero com esta simples história demonstrar que o ator de grandes sucessos, como o Romeu, de “Sol de Verão” (a primeira novela, em 1982), de Manoel Carlos, o Ray Telvis / Walter José em participação especial e hilária em “Armação Ilimitada”, o Miro (no original de Janete Clair o papel fora de Carlos Vereza), da segunda versão de “Selva de Pedra” (a adaptação coube a Regina Braga e Eloy Araújo), em que fazia excelente “dobradinha” com Nicette Bruno (Fanny), o Zé Menezes / Arnaldo Menezes de “Mico Preto”, de Marcílio Moraes, Leonor Bassères e Euclydes Marinho, o Donato da ótima minissérie de Dias Gomes, “As Noivas de Copacabana”, o Caco Antibes de “Sai de Baixo”, e o Mário Jorge, de “Toma Lá, Dá Cá”, de sua autoria com a amiga Maria Carmem Barbosa, é um homem gentil e espirituoso. Aproveitando o ensejo, não posso me eximir de mencionar a notável atuação que exibira no filme alegórico e bem-feito de Cláudio Torres, “Redentor”. Além disso, enorme prazer para mim fora assistir a Miguel nos palcos em três momentos: “Sereias da Zona Zul”, “Algemas do Ódio” e “Louro, Alto, Solteiro, Procura”. E algumas outras peças que escrevera, “A Partilha”, “Como Encher Um Biquíni Selvagem”, “Querido Mundo”, “Todo Mundo Sabe Que Todo Mundo Sabe” e “A Pequena Mártir De Cristo Rei”. Porém, voltemos ao pequeno e sutil episódio que lhes contei logo no início. A razão de lhes contar? Simples. Mostrar a simplicidade de um encontro. Contudo, um “simples” que ficou guardado em minhas lembranças por causa de frase singular. Quanto ao próximo e aguardado trabalho na televisão de quem escrevera “A Vida Alheia” é o folhetim que ocupará o horário das 19h da Rede Globo, “Aquele Beijo”. O título é bom. Quantos beijos não virão por aí?