Primeiramente, contar-lhes-ei duas curiosidades envolvendo Diogo Vilela (que acabara de interpretar Felizardo em “Aquele Beijo”, de Miguel Falabella) e mim. Há tempos distantes, encontrei-o em um evento, e o abordei de forma natural. Sou assim mesmo. Diogo é educado, acessível, sem estrelismos, voz branda, e bastante observador, como já destacara em outro texto. Aliás, um bom ator deve ser de preferência um bom observador. Já nesta época, as chamadas da novela “Suave Veneno”, de Aguinaldo Silva, estavam no ar, na qual faria o sensitivo Uálber. Disse-lhe de modo próximo, então, baseando-me nas cenas que vira, e matérias acerca do personagem que interpretaria: – Diogo, acho que seu papel vai “acontecer”. Ele deu um meio sorriso. Queria só lhe dar este recado. E, para mim, de fato “aconteceu”. A atuação que tivera fora algum dos trunfos do folhetim, e uma das melhores performances da extensa carreira do artista, na minha opinião. Segunda curiosidade: fui lhe assistir na excelente peça “Solidão, A Comédia”, na qual se desdobrava em vários tipos. Todos feitos com requintes de composição. Após certa hora, cri que a mesma havia findado. O que fiz? Levantei para aplaudir. Silêncio. Nenhuma outra palma. A gafe se perfizera. O espetáculo não havia terminado. Diogo deve ter pensado: “Como esse rapaz está gostando da peça… Está me aplaudindo em cena aberta!”. Passou. Não fiquei traumatizado. Agora, aproveitemos que o assunto do dia é Diogo Vilela para falarmos um pouco de sua rica carreira. Começou cedo. Tanto na televisão, quanto no teatro. Na TV, a lista é grande, tendo participado de diversos segmentos: telenovelas, seriados (incluindo humorísticos), minisséries… Podemos citar algumas das obras (pois são inúmeras) as quais integrara: “Guerra dos Sexos” (1983), “Marquesa de Santos” (1984), “Padre Cícero” (1984), “O Tempo e o Vento” (1985), “Sassaricando” (fizera enorme sucesso ao lado de Cristina Pereira), de 1987, “TV Pirata” (ficara no elenco durante considerável temporada; o programa estreara em 1988); “Quatro por Quatro” (1994), e “Toma Lá Dá Cá” (a atração se iniciou em 2007). No teatro, dedicou-se a peças densas e clássicas. Tivera uma experiência inesquecível para qualquer intérprete: contracenou com Henriette Morineau em “Ensina-me a Viver”, de Colin Higgins, como Harold. Fez Shakespeare (“Hamlet” e “Otelo” – como Iago). Demonstrou toda a força dramática em “Diário de Um Louco”, de Nikolai Gogol. Estivera em “Tio Vânia”, de Anton Tchekhov e “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos. Interpretou expoentes da música popular brasileira, como Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto. Mas comédias não lhe faltaram no currículo: “5 x Comédia”, e “A Gaiola das Loucas”, de Jean Poiret (a adaptação e direção couberam a Miguel Falabella). Já no cinema, filmes como “Leila Diniz”, “O Grande Mentecapto”, e o “O Coronel e o Lobisomem”, dentre tantos mais em larga galeria. Este é Diogo Vilela, um ator de muitas faces.