Foto: Karina Tavares/Revista ISTOÉ Gente
Eram meados de 1990. Abro o jornal. E vejo uma foto. Nela estava um jovem ator. Jovem ator de impressionantes olhos azuis. Com um violão debaixo do braço. Sim, Fabio também é músico. Já teve banda, e toca outros instrumentos. Fabio Assunção era uma das promessas da Rede Globo para a novela de Cassiano Gabus Mendes que iria estrear no horário nobre: “Meu Bem, Meu Mal”. A promessa deixou de ser promessa para se tornar realidade. E hoje Fabio é considerado um dos mais relevantes e talentosos intérpretes que possuímos. A despeito de sua juventude, a trajetória profissional é tão extensa quanto preciosa. Após a estreia bem-sucedida na TV, muitos e importantes papéis ficaram marcados em nossas lembranças. Foi Felipe no mundo criativo engendrado por Antonio Calmon em “Vamp”. Experimenta a vilania na faixa das 18h, em “Sonho Meu”, de Marcílio Moraes. Inicia gloriosa parceria com Gilberto Braga em “Pátria Minha”, como Rodrigo Laport. Com cabelos e barba crescidos, “encontra” Benedito Ruy Barbosa em “O Rei do Gado” (a cena na qual fica perdido em uma selva por dias é memorável). É disputado por Gabriela Duarte e Vivianne Pasmanter no folhetim do “Menestrel do Leblon” Manoel Carlos, “Por Amor”. Repete a dose com Gilberto Braga em uma minissérie cheia de ação e suspense, “Labirinto”. Veste roupa de época na caprichada “Força de um Desejo”, do mesmo Gilberto. Recebe convite irrecusável para integrar uma obra de Eça de Queiroz, “Os Maias”, adaptada por Maria Adelaide Amaral, e dirigida por Luiz Fernando Carvalho. E honra o convite com garbo. Depois de passar por “Coração de Estudante”, de Emanuel Jacobina, em que fora o professor de Biologia Edu, torna-se ainda mais célebre por seu notável desempenho em “Celebridade”, de Gilberto Braga, como Renato Mendes, editor da revista “Fama” (Fabio ganhara distintos prêmios). Contribuiu com excelência para a minissérie de Benedito Ruy Barbosa, “Mad Maria”. Seriados, demais novelas, e minissérie pontuam sua história. Volta em grande estilo em meio às gêmeas de Alessandra Negrini na ótima trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, “Paraíso Tropical”, como Daniel. Surpreende o Brasil com sua incrível personificação de Herivelto Martins em “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor”, de Maria Adelaide Amaral. Participações especiais sobrevieram. Esteve em um episódio de “As Brasileiras”, de Daniel Filho, e hoje faz parte do elenco fixo de “Tapas & Beijos”, como Jorge. No cinema, filmes como “Duas Vezes com Helena”, de Mauro Farias; o Bellini dos enredos detetivescos de Tony Bellotto, com direito à láurea em Los Angeles; a comédia “Sexo, Amor & Traição”, de Jorge Fernando; “Primo Basílio”, de Daniel Filho (reencontro com Eça de Queiroz); o belíssimo “Do Começo ao Fim”, de Aluizio Abranches; e no longa de Paulo Caldas, “O País do Desejo”. No teatro, a plateia ouviu de sua voz textos de Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Sam Shepard e Edward Albee. Isto sem contar “A Paixão de Cristo”. Fabio alcançou sucesso de público e crítica com a peça “Adultérios”, de Woody Allen (tradução de Rachel Ripani), e direção de Alexandre Reinecke. Interpretou Fred, um típico sem-teto, com aguçada inteligência, que ao se deparar com um afamado roteirista de cinema (Norival Rizzo) à beira do rio Hudson, em Nova York, enquanto aguarda a amante (Carol Mariottini) para dar fim ao relacionamento, reclama para si a autoria de recente roteiro de um filme de enorme êxito creditado ao homem que encontrara. O espetáculo se desenrola com intensos e divertidos diálogos. Como podemos ver, ouve-se o dedilhar das cordas do violão do nobre Fabio Assunção, seja no teatro, no cinema, ou na televisão.