Blog do Paulo Ruch

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Willem Dafoe e Robert Pattinson travam um duelo animalesco em “O Farol”/Foto: Divulgação

 

“O Farol” emula com outros filmes famosos que tiveram como mote a solidão e o confinamento experimentado por dois indivíduos, trazendo como vítimas dessa situação atores com trajetórias bem opostas, Willem Dafoe e Robert Pattinson  

A solidão compartilhada involuntária, experimentada por dois indivíduos, sempre foi nobremente explorada na cinematografia mundial. Seja numa ilha deserta com Lee Marvin e Toshiro Mifune durante a 2a Guerra Mundial (“Inferno no Pacífico, 1968), ou no interior de uma cela de prisão brasileira com William Hurt e Raul Julia (“O Beijo da Mulher Aranha”, 1985), numa chave dramática distinta. No caso do vencedor da Crítica Internacional da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2019, “O Farol” (“The Lighthouse”, EUA, Canadá, 2019), do americano Robert Eggers (“A Bruxa”), trata-se da convivência movida a tensão máxima entre o irascível e tirânico zelador de farol Thomas Wake (William Dafoe) e o novato faroleiro Ephraim Winslow (Robert Pattinson) confinados numa longínqua ilha no início do século XX. Enfrentando todas as espécies de revés, incluindo as intempéries naturais, esses dois homens, vítimas da situação opressora que lhes foi imposta, ficam sempre no perigoso limite entre a sanidade e a loucura. 

O formato em tela quadrada aumenta a sensação de claustrofobia, valorizada pela bela fotografia expressionista em p&b de Jarin Blaschke, indicada ao Oscar deste ano  

Filmado com arrojo e apuro visual por Eggers, que preferiu lançá-lo em tela quadrada, aumentando a sensação de claustrofobia, o longa, cujo roteiro com diálogos afiados lhe pertence e ao irmão Max Eggers, reserva ao público uma espiral crescente de suspense e terror com pitadas de delírio psíquico. O veterano Dafoe e Pattinson (galã revelado na saga “Crepúsculo”) travam um inexorável duelo de titãs (ambos impressionam, mas Robert Pattinson nos surpreende como grande ator) na produção em preto e branco expressionista fotografada em instigantes locações por Jarin Blaschke (indicado ao Oscar deste ano) e musicada de modo perturbador por Mark Korven. 

O produtor Rodrigo Teixeira, da RT Features, emplaca mais um longa de qualidade no mercado externo, firmando o seu empenho em se engajar em obras com grande potencial artístico 

“O Farol”, coproduzido pela RT Features de Rodrigo Teixeira, é um belo e pungente filme de arte (sem reducionismos) que faz com que nos defrontemos com a psiquê humana quando é levada aos extremos da sobrevivência e do convívio forçado. O que Wake e Ephraim não sabem é que não estão sós com o farol e as gaivotas. Nós estamos o tempo inteiro com eles.

Assista ao trailer do filme: 

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