
“Quanto Mais Vida, Melhor!” se encaixa com perfeição na faixa das 19h pois consegue com grande êxito abraçar o espírito e os gêneros que a caracterizam
Tramas das 19h costumam invariavelmente inserir em suas narrativas doses de leveza, comédia, ação, fantasia e aventura. Núcleos dramáticos são mais raros. O público cativo deste horário já imagina o que irá encontrar. Com a primeira novela inédita da Rede Globo nesta faixa após a pandemia (incluída com propriedade no texto), “Quanto Mais Vida, Melhor!”, criada e escrita por Mauro Wilson (“A Mulher Invisível” e “Doce de Mãe”, obras vencedoras do Emmy Internacional) os telespectadores encontraram tudo isso e muito mais. Vale dizer com camadas extras de qualidade. A aguardada produção escrita com Marcelo Gonçalves, Mariana Torres e Rodrigo Salomão reuniu quatro protagonistas bastante carismáticos e talentosos: Mateus Solano, Wladimir Brichta, Giovanna Antonelli e Valentina Herszage (a atriz despontou como a apresentadora Hebe Camargo nos filme e série homônimos). Os três primeiros possuem forte vocação para o humor, cabendo todavia a Mateus a responsabilidade pelo drama, exercendo-a com linda dignidade.
Os quatro protagonistas terão um encontro ao acaso em uma viagem de avião que marcará de vez as suas vidas
Na inventiva e bem urdida história de Mauro Wilson, com direção geral de Pedro Brenelli e artística de Allan Fiterman, Mateus Solano interpreta o arrogante e vaidoso cirurgião Guilherme, que vai mal no casamento com a ex-modelo internacional Rose (Bárbara Colen estreando com brilho em novelas depois de sua bem-sucedida passagem pelos cinemas em longas-metragens como “Aquarius” e “Bacurau”). Carol Macedo representa Rose na mocidade quando desfilava nas passarelas de Roma. A ex-modelo enfrenta a resistência ao seu casamento de sua sogra, a pernóstica Celina (Ana Lúcia Torre), cujo marido Daniel Monteiro, Tato Gabus Mendes, adota uma postura neutra. Os dois intérpretes, com suas experiências, conferem enorme credibilidade ao casal. Matheus Abreu recebeu a missão de personificar Antônio, filho de Guilherme, a quem confronta, e Rose. Mariana Sousa Nunes integra o núcleo do médico como Dra. Joana, que já em sua primeira aparição demonstrou ter ciúme de Guilherme. Wladimir Brichta compõe com charme e ironia Neném, um decadente jogador de futebol que já foi o camisa 10 da seleção brasileira além de fazer parte do escrete do Flamengo. Quando jogou no exterior, conheceu Rose, por quem se apaixonou. O jovem ator a quem coube defender Neném nesta fase se chama Leonardo Zanchin. O simpático jogador tem duas filhas, Martina (Agnes Brichta, filha de Wladimir) e Bianca (Sara Vidal), uma de cada casamento. Martina é filha de Jandira (Micheli Machado) e Bianca é filha de Betina (Carol Garcia). Todas moram na mesma casa com o ex-marido, que voltou a viver com a mãe Nedda devido ao seu complicado momento financeiro. Nedda, dona de um salão de beleza que sofreu os reveses da pandemia, é desempenhada pela ótima Elizabeth Savala, que imprime à sua personagem um ar de mãe acolhedora e compreensiva. Marcos Caruso encarna com a categoria de sempre o técnico de Neném, Osvaldo. A única chance que resta ao atleta é fazer um teste para a Ponte Preta em São Paulo. Giovanna Antonelli defende com saborosa desenvoltura a empoderada, agora falida, empresária dos cosméticos Paula Terrare. Sua empresa, a Terrare Cosméticos, também sofreu com a pandemia. Bruno Cabrerizo, esbelto e convincente, interpreta o vice-presidente da empresa Marcelo. Ambos mantém um ardente caso. Paula é ameaçada por sua maior rival, a também empresária do ramo de cosméticos Carmem (Julia Lemmertz muito bem com um visual “femme fatale”). Valentina Herszage assume com sua inata graça Pink/Flávia, uma dançarina de pole dance com problemas familiares e econômicos. Flávia se envolve com o roubo de uma mala com dólares incentivada pela colega de boate Cora (Valentina Bandeira). Jaffar Bambirra é Murilo, músico que trabalha na mesma boate, a “Pulp Fiction”. Jaffar em sua cena mostrou ter uma bonita voz ao entoar uma canção. O rapaz musicista se encanta por Flávia. Luciana Paes encarna com personalidade a sua madrasta Odete. Os quatro se encontrarão por acaso em uma viagem de avião a São Paulo que os levará a um final trágico e surpreendente. É justo que se ressalte que o piloto do avião tem como ator um hilário Gillray Coutinho (participação especial).
Direção espertíssima e moderna, impecáveis figurinos e fotografia, e maravilhosos efeitos especiais são alguns dos trunfos que marcaram a estreia de Mauro Wilson como autor titular de novelas
A direção de Allan Fiterman e Pedro Brenelli é espertíssima, moderna, ágil e engenhosa, com cortes e aproximações de câmera velozes. A equipe, que também é composta por Ana Paula Guimarães, Natalia Warth, Dayse Amaral Dias e Bernardo Sá, privilegiou os closes nos detalhes, nas tomadas de cena por cima, no acompanhamento bem próximo da movimentação dos personagens e na divisão de telas. Os excelentes figurinos são da tarimbada Natália Duran Stepanenko. A direção de fotografia de Henrique Sales realçou com beleza e elegância as cores e luzes de cada cena. Os efeitos especiais de Luiz Fernando e Marcelo Goulart são maravilhosos. “Quanto Mais Vida, Melhor!”, que marca a estreia de Mauro Wilson como autor titular de novelas, trouxe de volta à TV a boa sensação de que a vida ressurgiu. E não há nada melhor que isso!
Assista ao teaser oficial da novela: