Bonita, bem-sucedida, amiga, romântica. Assim podemos definir primeiramente a personagem de Camila Pitanga, em “Insensato Coração”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Mas pelo visto, teremos que acrescentar mais um adjetivo aos que lhe foram atribuídos: iludida. Sim, iludida. Iludida com André Gurgel (Lázaro Ramos). Ela nutre por ele uma paixão antiga, dos anos de escola. Era considerada o “patinho feio” (difícil acreditar nisso, em se tratando de Camila) nessa época. Já André era o popular, o assediado pelas garotas. O tempo passou. Ambos se tornaram profissionais de respeito nas áreas nas quais atuam. Porém, há um “abismo” que os separa. André é prepotente, arrogante, cheio de si e nada, nada romântico, segundo o próprio. Carol já é o oposto. Entretanto, não podemos asseverar que o “designer” seja desonesto acerca de suas convicções. A despeito de oferecer a Carol um passeio inesquecível de iate para qualquer mulher, para ele serviu apenas para agradar a quem desejava agradar na ocasião. Não estou aqui querendo dizer que André não sinta nada pela irmã de Alice (Paloma Bernardi). Contudo, o que sente não é o bastante para ir além de dias maravilhosos a dois, ir ao apartamento dela ou a um sofisticado restaurante. Acredito até que seja possível que não venha a sentir algo que o faça transgredir as tais irremovíveis convicções. Em uma cena do capítulo de ontem, por exemplo, chegara a fazer a apologia “de se morar” só, de se resguardar a privacidade a qualquer custo. Falara de modo próximo sobre o quanto deve ser desagradável acordar e ter que encontrar alguém. Carol se surpreendeu e afirmou que tudo o que queria era a família junto a ela. A conclusão que se desenha é que o casal está longe de ser “o côncavo e o convexo”. Todavia, Carol parece acreditar na relação dos dois, e insistirá. Carol parece ter saído de um filme do grande Frank Capra. Por quê? Porque Carol quer viver de ilusão.