Eu sempre “nadei contra a maré” quando o assunto era Gabriela Duarte. Desde quando estreara em novelas, no caso “Top Model”, como a Olívia, com suas indefectíveis covinhas e franja, que a admiro. Não sei se pelo jeito tão doce, assim como o da mãe, Regina, por quem nutro grande admiração. Na época de “Por Amor”, em que ocorreu ousadia de Manoel Carlos ao colocar na respectiva história mãe e filha interpretadas por atrizes com a mesma condição em vida real, não participei potencialmente da campanha para mim injusta contra Gabriela. Gostei da presença da jovem artista no folhetim em que o cerne era a perda em nome do amor. Daí, o apropriado título, “Por Amor”. Helena (Regina Duarte) que abre mão do próprio filho para entregá-lo à descendente como se seu fosse. Gabriela Duarte recebeu a pecha que já sabemos. E reitero: injusta. Após, vieram papéis que fugiam ao que habituada estava. Como em “A Vida Como Ela É” e “Esperança”, como Justine. Chiquinha Gonzaga por exemplo lhe fora essencial na carreira. E como Jéssica da obra de Silvio de Abreu tem atuação irretorquível.
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O batom “Boka Loka” na época de seu lançamento na novela “Ti-ti-ti”, em 1985, fizera sucesso no mercado sim. Claro que isto se dá quando há uma identificação plena do público com a obra que está promovendo o “marketing”. Isto acontecera não somente na supracitada novela, como em outros folhetins também. Só que em contexto diverso, ou seja, algo usado por um personagem chama a atenção dos que acompanham a trama em questão, e este algo vira tendência. A Central de Atendimento ao Telespectador (CAT) da Rede Globo frequentemente divulga os produtos que mais solicitados são pelos telespectadores. Vamos relembrar algumas produções que ditaram moda e comportamento? “Dancin’ Days” é uma delas. Um grande número de mulheres adotou as famosas meias de lurex da história de Gilberto Braga. Em “Água Viva”, do mesmo Gilberto, o “windsurf” mostrado fez aumentar a gama de praticantes. As saias e os tamancos usados por Letícia Spiller em “Quatro por Quatro” causaram “frisson”. E “Caminho das Índias” ajudou a enfeitar moças com suas belas bijuterias. “Atchá!”.
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Bom saber que Cristiana Oliveira retornará ao horário nobre das novelas. Ainda mais em folhetim de Gilberto Braga, com o qual nunca trabalhou. Sua última participação na citada faixa fora em “O Clone” (haverá reapresentação no “Vale a Pena Ver de Novo”), obra na qual fazia a dissimulada Alicinha. O fato de pretender engordar tanto para “Insensato Coração” denota bravura da intérprete, haja vista que isto para ela poderia ser um problema, levando-se em consideração o que passara na adolescência. Os atores norte-americanos estão bem habituados a isso, ou seja, adotam este recurso de “entrega” ao “character” mais comumente. Ademais, será muito interessante ver Cristiana em personagem tão “desglamourizada”. Oliveira não deve decepcionar-nos. Assim como não desapontou-nos outras vezes, como nas produções da extinta TV Manchete, na qual obtivera retumbante sucesso como Juma Marruá, em “Pantanal”, por exemplo. A bonita artista poderia ficar conhecida como atriz de um papel só. Porém, suas garra e talento não permitiram isso. Provas do que falo são “Quatro por Quatro” e “Salsa e Merengue”. Haverá de certo ótimas cenas com Glória Pires.
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Foto: Vinicius Mochizuchi/Revista CamarimFaçamos uma jornada a tempos passados. Em 1985, chegamos. Primeira novela de Deborah Evelyn, “A Gata Comeu”. Lenita era seu nome. Filha dos personagens de Mauro Mendonça e Anilza Leoni, e irmã de Christiane Torloni. Jovem cheia de caprichos e voluntariosa. Usava os cabelos lisos bem curtos, ora com franjas, ora minimamente voltados para o lado. Aliás, não custa dizer: que sorte Evelyn teve ao estrear logo em um folhetim de uma das maiores profissionais da televisão brasileira: Ivani Ribeiro. Porém, antes, havia atuado na minissérie “Moinhos de Vento”. Considero um dos mais significativos papéis que ganhara o da excelente produção de Gloria Perez, “Desejo”, na qual fora dirigida por Wolf Maya. Fazia parte da família da qual constavam Vera Fischer, Nathalia Timberg e Oswaldo Loureiro. Chamava-se Alcmena. E por não ter consumado amor incondicional por homem que conhecera, face à severidade dos ascendentes, decidiu refugiar-se em convento, tornando-se freira. Deborah também compusera duas destacadas mães na teledramaturgia. Uma em “Celebridade”, de Gilberto Braga, que vivia a oprimir o filho Inácio (Bruno Gagliasso, que à época já dava sinais do talento que lhe é próprio). A outra obra pertenceu a Manoel Carlos, “Páginas da Vida”, na qual objetivava que a quem dera vida, Giselle (Pérola Faria), fosse a bailarina que nunca lograra ser, impondo-lhe rigorosas dietas alimentares, que comprometeram os estados emocional e psicológico da adolescente. Há pouco, sucesso obteve em “Caras & Bocas”, como a vilã Judith. E dou-lhes notícia boa: estará em “Insensato Coração”, novo projeto das 21h da Rede Globo do citado Gilberto e Ricardo Linhares, como uma “social climber”. Finalizando, curiosidade: Debora Evelyn é sobrinha de Renata Sorrah. O talento é portanto familiar.
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Foto/Divulgação
Dia de pegar um DVD na locadora. Dia de pegar filme nacional. Nada em mente. Chegando lá, escolheria-o. Deparei-me com “Estômago”. Fitei a capa, e lembrei-me do quanto queria assistir-lhe, e me veio à lembrança a gama enorme de prêmios ganhos pelo “longa”. Sabia que na produção dirigida por Marcos Jorge havia João Miguel, ator badalado no “métier” cinematográfico. O DVD está carregando. Começa. Passado certo tempo, surge atriz que desconhecia. Prestei bastante atenção em sua interpretação. E a conclusão não foi difícil: talentosa intérprete. Assim, Fabíula tornou-se uma boa referência na ótima obra de Jorge. A televisão não poderia deixar escapar uma jovem bonita e capacitada como Nascimento, e jamais por acaso, atuou em alguns episódios de “Casos e Acasos”. Entretanto, viu-se ainda nela força dramática para integrar um seriado policial, “Força-Tarefa”. Partiu então para o humor na ribalta com Marcius Melhem, em “Enfim, Nós”. E, finalizando, após ter se “juntado e misturado” aos que lhe são amigos, Fabí
ula Nascimento corroborou aquilo sobre o qual não pairam dúvidas: uma artista que nos é bem-vinda com vastos recursos para mostrar-nos o potencial que possui tanto no drama quanto na comédia. -
Fernanda Paes Leme se unirá a um “time de craques” na próxima novela de Gilberto Braga: Glória Pires, Rosi Campos, Eriberto Leão, Gabriel Braga Nunes e Norma Blum (escalação tão surpreendente quanto boa). Responsabilidade para a bonita e jovem Fernanda. Mas Paes Leme dará “conta do recado”. Na verdade, só passei mesmo a acompanhá-la a partir de “América”, apesar de já ter atuado em “Agora é que São Elas”, “Da Cor do Pecado”, e na minissérie “Um Só Coração”. Os públicos “teen” e infantil, respectivamente, já a haviam visto em “Sandy & Junior”, e “Sítio do Picapau Amarelo”. Há alguns meses, conferi Fernanda ao lado de Marcelo Faria e Jonas Torres, na peça clássica de Jorge Amado, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. Fernanda, claro, era Dona Flor. Impressionou-me seus profissionalismo e força de vontade, pois no dia em que lhe assisti, estava a se recuperar de um resfriado. Porém, dignamente fora ao fim, seguindo a máxima: “Show Must Go On”. E na obra de Gilberto, a bola lhe fora posta na marca do pênalti. É só chutar.
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Desde que apareceu no primeiro capítulo de “Avenida Brasil”, novela das 21h da Rede Globo, escrita por João Emanuel Carneiro, uma menina de 7 anos, com longos cabelos e porte frágil, porém com pujante desembaraço chamou-nos a atenção. Seu nome é Mel Maia. Um talento precoce que não se deixou intimidar em dividir fortes e dramáticas cenas com Tony Ramos, Adriana Esteves, Marcello Novaes e José de Abreu. A ótima direção exigiu de Mel toda a carga emocional que de forma nata possui, inclusive em momentos de ação, como aquele no qual teve que fugir de Carminha (Adriana Esteves), mas acabou por esta sendo pega. Como se não bastasse, a pequena atriz teve o desafio de gravar em local inóspito e difícil para qualquer ator, como um aterro sanitário, popularmente conhecido como “lixão”. Teve ainda que demonstrar veracidade nos instantes em que recolhia o lixo. Mostrar decepção ao ser traída pela “amiga”, a qual ajudara, em troca de um par de sandálias. Mas aí veio a parte poética para a intérprete, quando lhe surgiu no caminho Batata, personificado pelo cativante Bernardo Simões. Os diálogos de ambos foram encantadores e puros. As juras de amor… Tudo realizado com bastante cuidado e delicadeza como convém. As cenas do fictício casamento de Rita e Batata foram belíssimas. Havia um certo clima barroco, onírico, um tom de fábula, um verdadeiro conto de fadas. Todavia, não quis o destino que Rita continuasse no “lixão”, e Lucinda (Vera Holtz), preocupada com a obsessão da filha de Genésio (Tony Ramos) em levar a cabo a sua vingança contra Carmen Lucia, decidiu por bem que fosse para a Argentina, a fim de que Martín (Jean Pierre Noher) a criasse. Rita e Batata têm que se separar. Mel Maia mais uma vez imersa em cena de emoção ao ter que se despedir da “família” que a acolhera. Já em terras portenhas, Rita pisa feliz sobre as uvas. E das mesmas uvas, aparece Rita/Nina já adulta (Débora Falabella). A bonita moça, bem de vida, chef de cozinha, não mudou o que acalenta desde criança: vingar-se de Carminha. Quanto à carreira de Mel Maia, já com 4 ou 5 anos, com a ajuda do produtor Marcelo Pires, aceitando um pedido da própria que queria ser atriz, resolveu lhe dar uma bolsa de estudos de interpretação, e em pouco tempo estava fazendo uma peça. Trabalhou em “O Relógio da Aventura”, especial da Rede Globo em 2010. Por pouco não entra em “Avenida Brasil” por causa de sua idade incompatível com o papel, que exigia entre 10 e 12 anos. Entretanto, João Emanuel Carneiro ao ver o seu vídeo, quis que a escolhida fosse ela. Sorte de princesa, ou melhor, sorte de princesinha.
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Foto: Divulgação/TV GloboA menina Rita (Mel Maia) brinca como qualquer criança da sua idade. A sua voz incomoda a madrasta Carminha (Adriana Esteves). Já nos ficou claro que a mulher de Genésio (Tony Ramos) odeia a filha dele. As duas brigam. A boneca de Rita é destruída. Algo parecido com um mingau é jogado no rosto de Carminha. O pai chega, e ficamos sabendo o quanto a personagem de Adriana Esteves da nova novela das 21h da Rede Globo, “Avenida Brasil”, escrita por João Emanuel Carneiro, é dissimulada. O casal então conversa sobre a venda do imóvel em que vivem (que fora herdado por Rita de sua mãe), e a compra de um apartamento na Taquara. Na verdade, tudo não passa de um plano ardiloso arquitetado por Carminha e seu amante Max (Marcello Novaes). Genésio é convencido pela mulher a pegar na agência bancária o dinheiro objeto da transação em espécie, e levá-lo para casa. Um comparsa da dupla o roubaria na saída do banco. Só que tudo isto fora a tempo descoberto por Rita, após ter desistido de ir à escola, e ouvido um papo de Carmen com o amante no telefone. A garota corre até a obra na qual o pai trabalha para lhe avisar da armadilha. Alcança-o, e diz o que sabe. Ele parece não se convencer. Enquanto isso, outros personagens nos são apresentados. Como o jogador de futebol Tufão (Murilo Benício), filho de Leleco (Marcos Caruso) e Muricy (Eliane Giardini). Irmão de Ivana (Letícia Isnard), e namorado de Monalisa (Heloísa Périssé), a quem pede a mão em casamento. Monalisa é cabeleireira, e tem como amiga Olenka (Fabíula Nascimento). Tufão irá participar da final do Campeonato Carioca. Na hora do jogo, quem lhe assiste e torce é Cadinho (Alexandre Borges), amigo de infância do atleta e praticante da bigamia. Suas “esposas” são Verônica (Débora Bloch) e Noêmia (Camila Morgado). Ainda haverá uma terceira, Alexia (Carolina Ferraz), que será a amante. Caberá a Alexandre Borges uma parcela da comicidade reservada ao folhetim. Voltando a Genésio, este resolvera acreditar na filha. No lugar do dinheiro, papel picado. Está decidido a expulsar Carminha de casa. Quando lá chega, ela faz o “teatro” de praxe. Max liga para ela, e marca encontro numa laje. É seguida por Genésio, que antes instrui Rita a fechar as portas, além de lhe informar sobre o local onde o dinheiro está escondido. Ao chegar à laje, escuta toda a verdade revelada em briga dos amantes. Depois de Max ir embora, o pai da menina enfrenta a traidora, que lhe diz palavras duras. Tropeça, e cai, deixando-o atordoado. Carminha e Max vão à cata do dinheiro, porquanto aquela julga que o mesmo esteja na casa em que mora. Neste instante, Tufão está dirigindo, feliz com a vitória do seu time. Genésio, cambaleante, debaixo de chuva, anda pelo meio da rua. O carro do jogador o atinge. Ele não resiste. Suas últimas palavras são o nome completo da mulher. E foi assim, com muita ação, uma vilã bem construída, e boas fotografia, direção e texto que “Avenida Brasil” começou. Se quiser saber o que vai acontecer, “atravesse a passarela”.
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Foto: José Caetano/Harper’s BAZAR BRASILSe por momento fortuito penso na palavra “moda”, ato contínuo penso em Lilian Pacce. O mesmo decorre quando assim penso em elegância e estilo. Aliás, estes seriam vocábulos para bem definirem-na. A Lilian consultora, a Lilian jornalista, professora, a apresentadora Lilian. Lilian Pacce que já fora aluna em terras londrinas. Aluna de importante escola em cujos bancos já se sentaram um certo Galliano e um certo Sommer. Pacce não parou por aí. Escreveu livros. Ganhou prêmios. Cobriu importantes desfiles. De Milão a Paris. De Paris a Nova York. Morou por um tempo perto da Rainha. Afinal, o muito da “haute couture” está lá. Seu modo espontâneo, esbelto e garboso faz com que palavras de língua não nossa nos soem próximas. Ficamos familiarizados com “über”, “up-to-date”, “trendy” e “old-fashioned”. Lilian nos passa a informação da moda com a quase inatingível sutileza de se falar do sofisticado com a capacidade de se alcançar o público. Seria equação improvável, mas que Lilian a faz existir. O elegante é simples.
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Se eu ao caminhar na rua, e encontrasse um ator, e de pronto, perguntasse: – Você quer ser John Malkovich?, não teria bastante dúvidas que a resposta seria: – Sim, queria. John é um dos intérpretes mais instigantes de que se tem notícia. Além do potencial dramático irrefutável, e ao qual qualquer crítico vê-se obrigado a se render, possui rosto misterioso, enigmático e marcante. Malkovich sabe disso tirar proveito e cria tipos inolvidáveis, como o Valmont, do célebre romance de Choderlo de Laclos que serviu de inspiração para Christopher Hampton escrever peça homônima, que acabara transformada em longa do britânico Stephen Frears. Glenn Close e Michelle Pfeiffer junto a ele, tornaram este filme memorável. Malkovich já trabalhou com excelsos diretores, como o longevo em atividade, o português Manoel de Oliveira. Ganhara privilégio de integrar o “cast” da deliciosa comédia dos irmãos Coen, “Queime Depois de Ler”, com Frances McDormand e Brad Pitt. Com Spike Jonze, fizera obra autoral que citara aqui no início.




