Milena Toscano não é “marinheira de primeira viagem”. A atriz, apresentadora e modelo antes de ser Manuela, a protagonista da novela de Walther Negrão, carrega atrás de si um “background” a que devemos relevar. Tivera aulas com Fátima Toledo, famosa por seus métodos personalíssimos na preparação de atores para filmes com mérito, como “Cidade de Deus” e “Cidade Baixa”. Fez cursos livres na Casa das Artes de Laranjeiras, como o de Celina Sodré, diretora teatral respeitada no “métier”. Estreou na Rede Globo em folhetim de Antônio Calmon e Elizabeth Jhin. Foi para outra emissora. Voltou para a anterior, e nesta trabalhou com Gloria Perez. Novamente esteve em produção de Elizabeth. Participou de alguns especiais e seriados. Tivera passagens pela “TV Globinho” e “Malhação”. E após experiências por mim citadas, escolhida foi para atuar em papel importante em “Araguaia”. Toscano tem nas mãos chance única de conquistar espaço definitivo como artista de sua geração. Ela diz ter personalidade forte. Isto ajuda.
Categoria: TV
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Um diretor de teatro por quem tenho considerável estima certa vez me disse que Ana Beatriz, que fora sua aluna, era uma das mais tímidas da turma. Espantosamente, tempo depois, viria a ganhar o prêmio de melhor atriz por “Vera”, de Sérgio Toledo, em vários importantes festivais internacionais, como o de Berlim, o de Nantes, e o de Locarno. Isto corrobora o que alguns apregoam, ou seja, o fato de que muitos de nossos grandes intérpretes possuem timidez. Entretanto, não consolida-se como máxima absoluta. Porém, inexistente é de modo obrigatório elo entre talento e extroversão. Há pessoas, que por se acharem engraçadas e desembaraçadas, creem mesmo que detêm o citado talento e vocação para a dificílima arte da atuação. Então, que nos fique bem claro: uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Ana é atriz a quem devemos pôr em patamar dos altaneiros do ofício. Que o diga Tchecov. Que o diga Gilberto Braga. Que o diga o público. Ela está em cartaz com “Tudo O Que Eu Queria Te Dizer”. Ana, tudo o que eu queria te dizer é que faz parte das artistas primeiras do país.
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“When the moon is in the Seventh House / And Jupiter aligns with Mars / Then peace will guide the planets / And love will steer the stars…” Quem nunca ouviu esta música? Música emblemática de uma época de transformações. “Hair”, um dos melhores e mais bem-sucedidos musicais de todos os tempos. Começou no off-Broadway, após Broadway, e em seguida, o mundo. A indústria cinematográfica não poderia desperdiçar este filão, e o adaptou merecidamente, sob a batuta magistral do tcheco Milos Forman. No elenco havia John Savage, Treat Williams, e Beverly D’Angelo. Grande sucesso. O Brasil ficaria de fora? Nem pensar. O diretor Ademar Guerra encenou o espetáculo, no qual havia polêmica cena de nudez. Vários atores importantes integraram o “cast”: Antonio Fagundes, Armando Bógus, Nuno Leal Maia e Sonia Braga. A atriz, cantora, e apresentadora (“TV Globinho”) Letícia Colin que fizera “Sandy & Junior”, “Malhação”, “Floribella”, Nelson Rodrigues no cinema, e Frank Wedekind no palco terá ótima oportunidade.
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Olhos verdes impressionantemente bonitos de se ver, uma exuberância que não nos é discutível (que o diga Fortunato, personagem de Flávio Migliaccio, em “Passione”), cabelos cuja cor não ficaria adequada em qualquer mulher, mas que em Alexandra ficou. Em várias cenas da obra de Silvio de Abreu a atriz traja roupas bastante justas, a fim de que se realcem as formas dela, para que os intentos da secretária (agora “ex”) que interpreta no folhetim, Jackie, sejam logrados. Richter está bem ladeada na novela, em especial quando contracena com Irene Ravache (em um de seus melhores papéis na carreira, e que acabara lhe rendendo o importante prêmio da APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte) e o mencionado Flávio (impagável como sempre). Os momentos com Francisco Cuoco (um dos ícones de nossa TV, e que como Olavo garante-nos instantes divertidos) e Simone Gutierrez (uma senhora artista que dignifica a loquaz Lurdinha; aliás, no começo da trama, o autor criou para Simone o mesmo que fizera com Eliane Costa, a Luzineide de “Torre de Babel”, parceira de Claudia Jimenez, e que vivia a ouvir: “Cala a boca, Luzineide!”) demandam também elogios. E para finalizar, Alexandra Richter é merecedora sim de todos os louros.
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Não dissertarei aqui sobre a ciência de Tales de Mileto. Mas inevitável é que lance mão de equações ficticiamente matemáticas: Vera Zimmerman = Divina Magda, e Divina Magda = Vera Zimmerman. Era apenas a sua segunda novela. Porém, uma segunda novela de Cassiano Gabus Mendes. Provável que fosse tão somente a amiga de Vitória (Lizandra Souto) no enredo de “Meu Bem, Meu Mal”, e que seria de forma constante assediada por Porfírio, interpretado pelo ótimo Guilherme Karan. Acredito que por caber a este talentoso ator a função de mordomo que fugia aos padrões convencionais, que a trama envolvendo Vera tornou-se um dos pontos altos do folhetim. Claro que isto não decorreria se Zimmerman não desse a Karan o muito almejado pelos artistas cênicos: o “feedback”. Como esquecermos da bela de ascendência germânica refestelada em espreguiçadeira à beira da piscina a ouvir o antológico bordão do empregado dos Venturini: ” Divina Magda…”? Todavia, gostaria de realçar que a atriz fez outros trabalhos relevantes: “O Profeta”, e o filme “Tônica Dominante”.
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Quem é este rapaz cujos pés estão sobre cariocas areias? Guto, Mateus, Felipe ou Osmar? Nenhum destes, pois por ora estão ocupados na memória de alguns outros. O “carioca” de São Bernardo do Campo que “gosta” de dias nublados contraria a música de Adriana Calcanhotto. Já sei de quem se trata. É um ator. Gustavo Leão. Sim, seu nome é esse. Gustavo. Aliás, para onde fita? E quem deixou tantas pegadas ao seu redor? O mar está bravio. Será que brigou com alguém? O mar devia estar feliz, porque há um Leão perto dele. Um leão na praia? Sim, um Leão ator na praia. Onde está sua coroa? Sua coroa foi dividida nos três prêmios que ganhara. Cadê Glória Pires que lhe fora mãe em “Paraíso Tropical”? Glória está se preparando para mais uma glória em novela tropical. O jovem parece sentir frio, mas o azul mais forte que não está no céu, está a acobertá-lo. Apoia-se na prancha como se amiga confidente fosse. Por que Gustavo não lhe contaria seus segredos? O artista foi corajoso ao fazer Osmar. Há pessoa que conheça Leão sem coragem? Não.
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Vi Carol Castro pela primeira vez em novela de Manoel Carlos, “Mulheres Apaixonadas”. Gracinha era a sua personagem. Filha de funcionário de família rica, interpretado por quem fizera “Estúpido Cupido”, Tião D’Ávila. Creio que surpreendeu não só a mim, mas ao público em geral. Bela, sensual, com tatuagem a enfeitar o corpo. O objetivo dela na trama era seduzir Cláudio, papel que coube a Erik Marmo, que por conseguinte amava Edwiges (Carolina Dieckmann) ao som de “Velha Infância”, dos Tribalistas. Como cantei esta música que tanto nos toca… Voltemos ao folhetim de Maneco. A bonita morena usou de todos os meios para separar o casal formado por Erik e Dieckmann. Não queria estar na pele de Cláudio. Acontece algo que complica ainda mais a evolução do romance. Gracinha anuncia gravidez. Tudo isto nas mãos hábeis de Manoel serviu para apimentar o enredo. Enfim, Carolina chegou, e aos poucos conquistara merecido espaço. Em obra de Amado, é Flor. Devemos agradecer a alguém: seu pai, o artista Luca de Castro.
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Juliana, formosa moça fruto que é do Brasil mestiço, Brasil de muitas peles, muitas cores. Um Brasil que nos faz orgulhosos, cônscios que somos de que não temos só “duas caras”. Temos duas, três, quatro… Quantas quisermos. A foto do nosso país é colorida. Que bom, e que assim continue. Esperamos que haja um dia não da Consciência Negra, mas da Consciência, pois o primeiro só existe pela inconsciência de alguns. Juliana se mostrou para nós em “novela da vida real”. Porém, as novelas da vida fictícia a desejaram. Não nos perguntaram se a queríamos. Calamos, logo consentimos. Fez papel em trama cujo nome tinha chocolate e pimenta. Justamente chocolate e pimenta. O chocolate do cacau da Bahia, a pimenta do acarajé da Bahia. A Bahia, egrégia terra dos bonitos de cor. Cor bonita da Juliana, da Quitéria e da Lica. O quanto devemos aos filhos da nação que por Deus inspirado os fez belos, assim como os brancos e todos os outros? Que seria de música nossa, que seria de nossas letras? Não imagino Brasil sem Juliana.
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Quando menos esperamos surge na televisão brasileira algo que nos arrebata pelas suas ousadia e inovação. Estou a falar de “Hoje é Dia de Maria”, minissérie do engenhoso Luiz Fernando Carvalho. O elenco era primoroso: Fernanda Montenegro, André Valli, Emiliano Queiroz, Daniel de Oliveira e Ricardo Blat. Laura Cardoso era a narradora. Havia também as dignas presenças de Rodrigo Santoro e Letícia Sabatella, dentre tantos outros bons. Há uma curiosidade: o cantor João Sabiá, um dos participantes de “Fama”, integrara o “cast”. Os personagens tinham figurinos e maquiagens que remetiam a “commedia dell’ arte”. Porém, havia uma doce menina com voz lindamente cantada, rosto cândido, e “marias chiquinhas” encantadoras que fora a grande surpresa da produção. Carolina Oliveira, um prodígio em meio a tantos “feras” da teledramaturgia. Sua atuação convencera-nos tanto que indicada foi ao “International Emmy”. Após, a moça fizera “Páginas da Vida”, papel cheio de preconceitos. E no momento está no ar em “Ti-ti-ti”. Todos os dias são dias de Carolina.
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Foto: Roberto Filho/Phelippe Lima/AgNewsEm dia de março, não sei se em dia no qual caíam as águas de março, nasce uma menina de nome Julia. Uma menina que nasceu em berço esplêndido. Um berço com o esplendor da arte. Arte representada por dois catedráticos que a puseram no vasto mundo de Drummond: Lilian Lemmertz e Lineu Dias. Não precisaria sair de casa para aprender o ofício de ser atriz. Havia quem a ensinasse os mandamentos da profissão. No entanto, intuo que seus pais só tenham a orientado, pois artista já era. O dom já possuía. Na mente guardo uma participação marcante na carreira dela, em especial no qual contracenava com Roberto Bomfim. Tratava-se de livre adaptação do “Othello” de Shakespeare. A mocinha tendo que “enfrentar” o bardo inglês. Vejam só… E pensam que não se destacara? Qual nada. Arrebatou-nos. Outra memória reporta-me à novela da grande Janete Clair, em que era filha de Cuoco e Dina Sfat, e irmã de Malu Mader e Fernanda Torres. Há pouco, assisti a ela em filme de Aluizio Abranches. Que dizer? Senhora atuação do começo ao fim.








