Um homem de bonita estampa que estava acostumado ao conforto promovido por sua família que em tempos idos era pertencente à alta sociedade carioca. O núcleo familiar é um tanto quanto desestruturado. O pai Arturo (Stênio Garcia) levou o clã à bancarrota ocasionada por investimentos mal feitos e inoportunos. A mãe Isaurinha (Nívea Maria) esconde um segredo do passado (provavelmente um caso de adultério com o falecido marido de Leonor, defendida por Nicette Bruno), e para complicar ainda mais a falta de um emprego que lhe apetecesse e um desgaste contínuo com sua até então mulher Antonia (Letícia Spiller). Com o suposto crescimento profissional da esposa, a deterioração matrimonial ganhou esboços cada vez mais perceptíveis. Brigas, brigas, brigas… Tudo aos olhos de uma criança, Larissa (Kíria Malheiros), fruto do enlace. A aproximação de Carlos (Dalton Vigh), antigo amigo de Celso, junto à bela loira só fez recrudescer o desmoronamento do casal com prazo estabelecido. O beijo existente entre ela e o falso enteado de Leonor foi a gota d’água para o epílogo drástico do casamento. Porém, uma questão desta triste história conjugal não deve ser descartada: Celso ainda ama perdidamente Antonia. E todas as suas atitudes (que acabam voltando-se contra ele mesmo) são motivadas por este pujante sentimento. O ciúme cega-lhe. E o faz infringir até a legalidade. Disputou com veemência a guarda da filha. Usou trunfos para tê-la só para si. A guarda compartilhada não se mostrou eficiente para a educação da menina. Um elemento que assombra muitos casais pelo mundo afora é abordado pela autora de “Salve Jorge”, Gloria Perez: a alienação parental (ocorre quando um dos responsáveis pela guarda do filho, seja o pai, seja a mãe, insufla a cabeça da criança com permanente campanha que leva à desmoralização do outro possuidor da benesse concedida pela lei). O tema fora até abordado no programa “Fantástico”. Celso tentou estabilizar a sua vida, apostando num namoro com Érica (Flávia Alessandra), entretanto como só falava de sua ex-mulher, o romance teve breve duração. Celso não é um mau homem. É apenas um indivíduo atormentado pela perda do amor, que antes poderia até não conseguir identificar o grau de sua amplitude. Quanto à carreira artística de Caco Ciocler, começou cedo no teatro amador, e cursou a EAD (Escola de Arte Dramática). Ao encenar a peça “Píramo e Tisbe” (premiado como melhor ator coadjuvante), assistido pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, recebeu o convite para participar da primeira fase de o “Rei do Gado”, como Jeremias Berdinazzi (prêmio APCA de Revelação Masculina). Um outro personagem na TV que lhe trouxe projeção fora o Bento Coutinho da minissérie épica “A Muralha”, da Rede Globo. Personificou um judeu na novela “Um Anjo Caiu do Céu”. Em outra minissérie de teor histórico escrita por Carlos Lombardi, todavia com bastante tom cômico, emprestou seu talento ao viver o irmão de D.Pedro I e filho de Carlota Joaquina. Mais um momento relevante da História do Brasil lhe apareceu à frente: A Revolução de 32 (no documentário para a TV Cultura “A Guerra dos Paulistas”). Fez par romântico com Deborah Secco em “América”, de Gloria Perez. Logrou solidez na sua popularidade. Foi dançarino de tango em “JK” e fotógrafo em “Páginas da Vida”, folhetim de Manoel Carlos. Contracenou com Marjorie Estiano por duas vezes: uma em “Duas Caras” e a outra em “Caminho das Índias”. Sob a batuta de João Emanuel Carneiro, esteve na intrigante série “A Cura”. Ainda na televisão, bastante participações especiais, além das já mencionadas. No teatro, merece destaque a estreia em “Ecos”. Percorreu as veredas elizabetanas do bardo inglês William Shakespeare em “Rei Lear” (Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Ator). Vivenciou uma experiência inusitada nos palcos ao apresentar o monólogo “45 Minutos”, cuja duração era a mesma do título. Consistia na interatividade constante com a plateia. Um enorme desafio. Conheceu bem de perto a dramaturgia de Bernard-Marie Koltés, ao dirigir “Na Solidão dos Campos de Algodão” (Prêmio Quem de Melhor Diretor). Continuou nas coxias, só que desta vez como intérprete, em “Casting”. Fora visto em “Mary Stuart”, “Salomé”, “Os Sete Afluentes do Rio Ota”, “Antonio e Cleópatra”, “A Construção” e “O Desaparecimento do Elefante”. Na tela grande, já esteve ao lado de Elliot Gould. Vários filmes marcaram sua presença nos cinemas: “Bicho de Sete Cabeças”, “Minha Vida em Suas Mãos”, ” O Xangô de Baker Street”, “A Paixão de Jacobina” (com Letícia Spiller), “Avassaladoras”, Desmundo”, “Sexo, Amor e Traição”, “Vinícius” e “Meu Pé de Laranja Lima”. O curta “Limbo” também lhe enriquece o currículo (houve premiações para este gênero cinematográfico). As versões históricas parecem fazer parte de sua trajetória profissional, visto que deu vida a Luiz Carlos Prestes, ao lado da Olga de Camila Morgado, em filme cuja direção coube a Jayme Monjardim. As diferenças sociais entre dois amigos foram retratadas em “Quase Dois Irmãos”, de Lúcia Murat. Integrou também “Quanto Vale ou é por Quilo?, de Sergio Bianchi, um longa-metragem de contexto fortemente crítico. Caco Ciocler já fez as vezes de roteirista, ator, diretor e editor no curta “Trópico de Câncer”, exibido no Festival do Minuto (Tema Livre). Prêmio de Melhor Filme. No Cine Pernambuco, melhor ator em “Família Vende Tudo”. “Dois Coelhos”, obra inovadora de Afonso Poyart, focada na mistura do eficiente roteiro aos admiráveis efeitos visuais lhe conferiu frescor em vivência nova. Está no elenco de “Disparos”, com Dedina Bernardelli. Encarnou um rabino em “O Caminho dos Sonhos”. E para concluir, voltemos ao Celso de “Salve Jorge”. O que lhe resta, e há esperanças, constitui-se no ato de recolher os fragmentos espalhados pelas ruas vazias de suas relações amorosas, juntá-los, e aí sim vir a ter um amor completo e emoldurado. Desde que não falte um único fragmento qualquer.
Categoria: TV
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Uma rua chamada Adalberto Ferreira. Bairro: Leblon. Não chamava-se pecado. Então não era possível encontrar Marlon Brando tampouco Vivien Leigh. Mas era possível encontrar Antônio Carlos Jobim, Tom Jobim, o excelso maestro e compositor brasileiro, autor de grandes clássicos da bossa nova e da MPB. “Garota de Ipanema”, “Chega de Saudade”, “Águas de Março” e “Samba do Avião” são apenas algumas canções deste músico incensado pelo mundo, e gente ilustre como Frank Sinatra, Sammy Davis Jr. e Stan Getz. O local onde se dera o encontro mágico fora a Churrascaria Plataforma. Local este vizinho à antiga Sendas, e que correspondia na década de 80 ao que atualmente é a Rua Dias Ferreira, na mesma área, por seu comparecimento constante e invariável de artistas e profissionais da cultura nacional. À espera dos deliciosos e fumegantes pãezinhos de queijo que serviam de entrada, e pareciam vir direto das Minas Gerais, e que emulavam com as saborosas carnes, podia-se sentar ao lado de atores, atrizes, produtores musicais, autores de novelas… e Tom Jobim. Ao chegar num belo dia de domingo ao restaurante, em seu Puma vermelho conversível, iam embora José Wilker e Renée de Vielmond, na época casados. Acreditem. Não havia “paparazzo”. Se houvesse, não faltariam pautas para um mês inteiro para as revistas deste gênero. Entre uma mordida e outra de pão de queijo, vislumbrava-se o simpático jornalista e produtor musical Nelson Motta. Na porta do estabelecimento, podia-se esbarrar em um contemplativo José Lewgoy, venerável vilão das chanchadas, e que tinha acabado de fazer enorme sucesso no folhetim de Gilberto Braga, “Água Viva”. Noutra mesa, uma certa Regina Dourado. Que beleza de atriz, esbanjando tanto carisma ao seu redor. Noutra mesa, uma das musas daquela geração, Tássia Camargo. Percebi um sério e introspectivo Manoel Carlos. As seriedade e introspecção deveriam ser motivadas pela estreia no dia seguinte de um de seus maiores êxitos televisivos, “Sol de Verão”. Criança, falei: – Manoel, amanhã estreia sua novela, “né”? Sentados com placidez à espera do almoço, alguém que atendia pelo nome de Carlos Zara ao lado de sua então esposa Eva Wilma (naqueles anos o verbo “esperar” era respeitado). E um de nossos notórios atores junto ao seu filho Maurício Gonçalves, Milton Gonçalves de cabeça raspada (claro que tudo se deu em ocasiões diferentes) conversava conosco como se fôssemos amigos de infância. Abria seu sorriso com extrema generosidade. Este é Milton Gonçalves. Maurício do Valle, astro do Cinema Novo, irrompia com suas fortaleza e imponência nos vastos salões. Meus olhos não sossegavam à procura de pessoas que me despertassem a atenção e reconhecimento por algo que tenham feito de relevante por nossa cultura. Lá dentro não choviam as “águas de março”, nem vi a “garota de Ipanema” entrar no banheiro, ninguém lá aparecia vindo de um avião cantarolando um samba, e a saudade era deixada do lado de fora, na rua chamada Adalberto Ferreira. A Adalberto Ferreira do Leblon de Manoel Carlos. A Adalberto Ferreira vizinha a Sendas. Apesar de tudo isso, foi com avolumada surpresa que me vi diante daquele que com sua pena escreveu obras do nosso cancioneiro que nos falam fundo ao coração: cercado de amigos, em extensa mesa, defronte a uma tulipa suada de chope, chapéu panamá na cabeça, e entre os dedos o indefectível charuto, um bonachão e falante Tom Jobim. Eu e os que comigo estavam aproximamo-nos dele, e lhe dissemos algo. Tom foi de uma afetividade que raro se identifica nos gênios. Aquele domingo não fora um domingo qualquer. Fora um domingo com Tom Jobim. Nesta hora demos chance à fantasia, e sobre nós caíram as “águas de março”, a “garota de Ipanema” entrou sim no banheiro, ouvimos o forte ruído de um avião chegando ao Rio de Janeiro ao som de um samba, e já estávamos com saudade daquele encontro. Esquecemos o “chega”. Voltamos ao nosso pãozinho de queijo. Ainda fumegante como antes. Como era infante, não podia beber um chopinho como Tom Jobim. Mas se o pudesse, com certeza levantaria o copo também suado e convocaria os que lá estavam que brindassem pela presença do brilhante maestro. Impressão que se tem é que todos por alguns minutos fomos garotos e garotas de Ipanema. Ao retornarmos para casa, não chovia. Não sei se era março. Porém, imaginemos que era março, e que chovia sim. Afinal, estivemos com Tom Jobim.
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Foto: Divulgação/TV Globo
Moderna. Atual. Contemporânea. Descolada. Desencanada. Independente nas finanças e no amor. Elegante. Sensual e sedutora. Qualquer homem cai aos seus pés. E a hora de dar um “basta” cabe a ela. Inovadora comportamental. Ao chegar, em grande estilo, do exterior ao Brasil na novela “Salve Jorge”, de Gloria Perez, causou rebuliço ao promover o “descasamento” (uma cerimônia alegre que celebrava os anos felizes que passou ao lado de seu companheiro, vivido por Diego Cristo, apesar da separação). Bianca “causou”. Representava o sonho de consumo da maioria das mulheres defensoras do feminismo. É uma mulher do mundo. E Bianca é o tipo de mulher que o mundo recebe bem. Entretanto, não foi o caso ao fincar seus pés no país turco. Em viagem com seu novo “affair” Stenio (Alexandre Nero) deixou-se encantar pelo charme do guia turístico Zyah (Domingos Montagner). Este utilizava-se justamente do atributo para conquistar as estrangeiras e guiá-las para a… sua caverna. Stenio ficou a ver navios no Bósforo. E um ardente romance desenrola-se entre o casal. Suas cenas são tórridas. Zyah esquece-se até das turistas. Porém, quem nunca o esqueceu, amando-o sempre, fora Ayla (Tânia Khallil). Bianca começa a enfrentar o duro conflito cultural, e na região de costumes tradicionais da Capadócia sofre preconceitos por sua postura. E os embates obtêm contornos visíveis entre os dois. Ele a quer ao seu molde. Deseja que trate seu filho como se por ela fosse gerado. Bianca resiste a isto. Afinal, Bianca é amiga da liberdade. Compromissos definitivos passam ao largo de sua vida. Entretanto, cede. E vai morar com o guia. A caverna ficou para trás. Depois de alguns beliscões e ser chamada de “chilique, a amiga de Maitê (Cissa Guimarães) ao conviver com seu amado vê-se vítima de uma implacável perseguição de sua família. Não suportou. Tampouco Ayla com a solidão. Para aplacá-la, decide casar-se com um rico vendedor de joias. O ciúme bate à porta de Zyah. A relação de Bianca e do homem que aprecia cavernas torna-se inviável. Idas e vindas, e a bela moça decide de vez voltar para suas origens, retomando o que deixara. Passa a ser o que sempre fora. Decepcionado, Zyah impede o casamento de Ayla. E juntos ficam para o contentamento dos aldeões. O que talvez Bianca não imaginava junto com o público é que se percebeu “fisgada” para valer pelo moreno que traja coletes rústicos. A mulher desapegada a amores permanentes cai por terra. Bianca é mulher como qualquer outra. Apaixona-se de verdade, e quer quem lhe é objeto de paixão ao seu lado. A crise de identidade veio-lhe perturbar. Não tem mais sossego. Vive um dilema pessoal. Não se reconhece. Nem a amiga Maitê a reconhece. Onde está a mulher do século XXI? Onde estão seus dogmas? O amor é maior do que qualquer dogma. Num encontro por ela premeditado com Zyah defronta-se com a humilhação impingida pelo guia e sua esposa. Fica arrasada. Isso nunca havia lhe ocorrido. Contudo a fez crescer como representante do sexo feminino. Que dogmas que nada! Bianca quer é amar. E foi buscar o que julga ser seu de direito na terra dos tapetes e balões. Tudo pode acontecer se vier a reencontrar quem deseja. Se as paredes das cavernas tivessem ouvidos… E Cleo? Quanto a esta atriz que, apesar da vivência constante com o meio das Artes por seu parentesco, dúvidas comuns a qualquer jovem no tocante à escolha da sua profissão a cercavam. Temia cobranças se optasse por ser intérprete. Natural. Contudo, uma Monique Gardenberg apareceu em seu caminho, e a chamou para ser a protagonista de um filme baseado na obra homônina de Chico Buarque, “Benjamim (ganhara prêmio no Festival do Rio). O seu deleite ao fazê-lo, e a aceitação pronta da crítica eram o que faltavam para a decisão final de abraçar o ofício de servir a emoções várias. Antes, participara da minissérie da Rede Globo “Memorial de Maria Moura”, no mesmo papel defendido por sua mãe Gloria Pires. Provocou celeuma na novela “América”, ao personificar Lurdinha, que gostava mesmo era de homens mais maduros. Já interpretou o mito Cleópatra. Trabalhou com João Emanuel Carneiro em “Cobras & Lagartos”. Apresentou programa sobre a Sétima Arte, e experimentou um folhetim de época, o “remake” de “Ciranda de Pedra”. A vilania lhe surgiu com o nome de Surya em “Caminho das Índias”. Como Estela, visitou os cantões do norte nacional em obra de Walther Negrão, “Araguaia”. Como boa brasileira que é tinha que ser uma brasileira em “As Brasileiras”. Nas salas de cinema, pôde ainda ser vista em “Meu Nome Não é Johnny”, “Lula, o Filho do Brasil” e “Qualquer Gato Vira-Lata”. Terminamos tudo o que foi dito com Bianca. Bianca é moderna. Nunca deixou de ser moderna, atual e contemporânea. Continua a ser do mundo. Afinal, o amor é moderno e é do mundo. -

Foto: Renato Rocha Miranda/TV GloboHá algum tempo, fui assistir ao clássico de Jorge Amado nos palcos, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. A direção fora de Pedro Vasconcelos. E no elenco estavam Marcelo Faria como Vadinho e uma bela Fernanda Paes Leme como Dona Flor. Jonas Torres também estava lá na ribalta. Esbanjando brilho como Mirandão. Foi bom ver Jonas atuando, e pensar o quanto este intérprete ainda tem a nos oferecer. Na época, usava um bigode para dar mais credibilidade ao seu personagem. O espetáculo possuía a legítima ambiência baiana, com suas rodas de capoeira e prosódia local. Fiquei satisfeito com o que vira, e em maior nível ao poder dar os parabéns a Jonas Torres no final da peça pela filha que tivera recentemente. A sua amabilidade só fez aumentar minha admiração. Este ator a quem dedico este texto já começou a se destacar na tenra idade da infância, em um excelente filme de Hugo Carvana, sendo um dos melhores que testemunhei na cinematografia nacional: “Bar Esperança”. Era Yuri, filho do próprio Hugo e Marília Pêra. As intervenções do pequeno artista em suas cenas, fossem com Marília ou Hugo Carvana eram irretocáveis. Um ator nato. Credito a ele um dos fatores de sucesso do longa. Aliás, contribuir para o sucesso de uma atração, seja no cinema, teatro ou TV parece ser uma constante em sua jornada. É só nos lembrarmos do autêntico Zeca de “Vereda Tropical”, ótima novela das 19h escrita por Carlos Lombardi. Filho de Silvana (Lucélia Santos), mantinha uma relação também filial com o jogador de futebol Luca, defendido por Mário Gomes. As arengas com a tia Catarina (Marieta Severo) eram regadas por um humor irresistível. Gol de placa de Jonas, que antes havia feito alguns episódios de “Quarta Nobre”, na mesma Rede Globo. E este gol de placa o levou a fazer um gol talvez mais bonito, quando fora escalado para ser o Bacana de “Armação Ilimitada”, série de Antonio Calmon, dentre outros de igual importância. O que nós, telespectadores, pudemos vivenciar fora uma revolução estética, temática e musical como nunca havia sido mostrada na televisão. Um elenco totalmente entrosado com a proposta nova e jovial do programa. Kadu Moliterno, André di Biasi, Andréa Beltrão, Francisco Milani e Catarina Abdala proporcionaram-nos junto a Jonas momentos de pura e irreverente diversão. Entrou para a história da teledramaturgia não à toa. Vieram-lhe a seguir outros tantos trabalhos televisivos, como “O Dia Mais Quente do Ano” (telefilme), e os folhetins “Top Model” e “Vamp” (voltando a colaborar nestes dois últimos com Calmon). Foi aí que a vida de Jonas tomou outro rumo. Filho de um americano, migrou para os Estados Unidos, servindo ao Exército como paraquedista. Novos voos para Jonas. Voos que o trouxeram de volta ao Brasil. Participou de “Malhação”. Porém, Jonas precisava de mais voos. E no país ao norte das Américas, personificou os papéis de piloto e instrutor de voo. Como Jonas gosta de voar… Jonas, o aviador. O aviador ator. Ou seria o ator aviador? Não importa isso agora. O que importa é que Jonas Torres retomou sua carreira artística, e daí veio “Os Mutantes – Caminhos do Coração”, na Rede Record. E depois “Malhação ID”. Na tela grande, voltou a saborear o doce gosto dos “sets” em “Super Xuxa Contra o Baixo Astral” e “Outras Estórias”, cuja direção coube a Pedro Bial. Dois “Pedros” em sua vereda tropical. Visto que Pedro Vasconcelos, como já foi dito, dirigiu-o em “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. Finalizo aqui, e convicto afirmo que Jonas é presença bem-vinda em qualquer área das Artes. Jonas Torres, o ator, o aviador, o ator aviador que nos palcos ou estúdios pelo mundo afora dá rasantes de talento.
Obs: No momento, em seu retorno às novelas, Jonas Torres vive o ex-catador de lixo Ismael na obra de Aguinaldo Silva “Império”, que vai ao ar pela Rede Globo às 21h.
Ismael ganhou a simpatia do Comendador José Alfredo (Alexandre Nero), após ter lhe devolvido o anel de esmeralda furtado por sua companheira Lorraine (Dani Barros, com quem tem feito ótimas cenas), passando a ocupar um posto na seção de almoxarifado da empresa de joias “Império”. -
Em certa época, poderíamos considerar Dira Paes uma atriz exclusivamente de cinema, dada à incalculável quantidade de filmes dos quais participou, muitos deles de suma importância para a cinematografia nacional. Hoje, o “poderíamos” ficou para trás, pois a TV juntamente com o público a abraçaram com enorme carinho. Isto não a fez perder o título de uma das musas do nosso cinema, tendo em vista que continua em plena e merecida atividade nesta área. E pensar que tudo começou com as suas beleza e simpatia brasileiras que conquistaram o diretor britânico John Boorman, que a escalou para ” A Floresta das Esmeraldas” (” The Emerald Forest”), filmado no Brasil em 1985. Interrompendo por ora esta fascinante seara da carreira de Dira, falemos um pouco de sua personagem atual na televisão, a Lucimar de “Salve Jorge”, de Gloria Perez. Na última semana, e no capítulo de ontem, a intérprete mostrou toda a intensidade do seu talento em várias cenas que foram exibidas. Lucimar comoveu-nos com seu pranto dilacerante ao saber que a filha Morena (Nanda Costa) não estava mais viva, sob os olhares atônitos e compungidos dos que a cercavam. O desespero estampado no rosto e o grito de dor constituíram um todo pungente. Dira Paes tivera ótimas cenas com seus colegas de elenco, como Giovanna Antonelli, Totia Meireles, Odilon Wagner, Lucy Ramos, Paula Pereira e o adorável Luiz Felipe Mello, o neto Júnior. A sede de vingança ou justiça maternal materializada na surra que dera em Wanda (Totia Meireles) em conjunto com série de xingamentos lhe lavou a alma, e ratificou a ampla entrega da atriz ao papel que lhe foi conferido pela autora. Lucimar, dentre um numeroso “cast”, com seu modo expansivo, verdadeiro, justo e sensível conquistou desde já os telespectadores. Dira coleciona sucessos na TV como a índia Potira no “remake” de “Irmãos Coragem” (na primeira versão o papel fora defendido por Lúcia Alves); a Solineuza de “A Diarista”, em que pôde provar sua verve cômica; a divertida e lasciva Norminha, que garantia um dos melhores momentos de “Caminho das Índias”; e a Celeste de “Fina Estampa”, uma mulher que sofreu com a violência doméstica, e que acabou dando a volta por cima. Outras novelas também fazem parte de seu vasto currículo, como “Araponga”, “Força de um Desejo” e “Ti-Ti-Ti”. E minisséries: “Dona Flor e seus Dois Maridos”, “Chiquinha Gonzaga” e “Um Só Coração”. Foi uma das atrizes escolhidas para estrelar um episódio de “As Brasileiras”. No cinema, a sua filmografia é impressionante, e com ela vieram diversos prêmios e indicações. Os longas “Corisco & Dadá”, “Anahy de las Misiones”, “O Casamento de Louise”, “Ele, o Boto”, “Amarelo Manga”, “Noite de São João” e “2 Filhos de Francisco – A História de Zezé di Camargo e Luciano” estão entre aqueles que lhe proporcionaram as láureas e as citadas indicações. Integrou o elenco de outros filmes, como “Cronicamente Inviável”, “Meu Tio Matou Um Cara”, “Celeste e Estrela”, “Ó, Paí, Ó”, e alguns de inegável apelo comercial, como “A Grande Família – O Filme” e “E Aí… Comeu?”. O último que fizera fora “À Beira do Caminho”. Dira é uma intérprete que se destaca no meio artístico por seu engajamento social, seja promovendo um festival de cinema em Belém, no seu estado natal, seja por demais causas humanitárias. E quanto a Lucimar, ainda veremos a ferocidade desencadeada por profundo amor de mãe sobrepujando todas as barreiras que lhe sobrevierem. Afinal de contas, além de ser mãe, Lucimar é brava. Brava gente brasileira.
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Vendo o ator Bruno Gissoni (que já se dedicou à profissão de jogador de futebol) ao lado de seu irmão, o também ator Rodrigo Simas, no programa “Estrelas” de ontem, veio-me à cabeça a ideia de escrever um texto sobre este jovem intérprete que tanto se sobressaíra em sua última novela, “Avenida Brasil”, como Iran, justamente um atleta dos gramados. Neste caso, a arte imitou a vida. O que mais me chamava a atenção em Bruno no folhetim de João Emanuel Carneiro era a sua espontaneidade em atuar, uma forma natural de interpretação bastante difícil de se atingir, ainda mais levando-se em conta que trata-se de um dos pré-requisitos para se ter êxito na TV. Iran, a princípio, era um integrante do time de futebol do Divino, bairro fictício do subúrbio, que se deslumbrava com os deleites e maravilhas da Zona Sul carioca. Como sua mãe adotiva era endinheirada, o rapaz, após morar em um amplo apartamento de frente para o mar, passou a exibir uma postura “clean”, por sinal muito engraçada, no tocante às arquitetura, decoração, gastronomia e comportamento. E tal fato o colocava em conflito direto com sua mãe, que era o oposto de tudo o que defendia. Entretanto, Iran caiu em si, e com isso o amadurecimento como indivíduo, percebendo que a verdadeira felicidade estava em suas raízes. O envolvimento com Débora, papel de Nathalia Dill, foi uma conjunção de acertos que resultou em imediata empatia do público. Face ao sucesso obtido no horário das 21h, Walther Negrão o escalou de pronto para a novela “Flor do Caribe”, que estreará neste mês. Bruno Gissoni reencontrará amigos de “Avenida Brasil” como Aílton Graça, que será Quirino, seu pai, Débora Nascimento e José Loreto. Fará o pescador Juliano, cujo mote precípuo de sua história será a paixão por uma mulher bonita e madura, a bióloga Natália (Daniela Escobar). Polêmica à vista, porquanto preconceitos existem, e sempre existirão. E como se iniciou a carreira de Bruno? Também praticante de capoeira (não poderia ter mestre melhor, pois é enteado de Beto Simas), conheceu os estúdios de uma televisão ao ter participado de “Alta Estação”, na Rede Record. E na mesma emissora, assistiu às aulas ministradas por Roberto Bomtempo. Passou a ser de fato conhecido pelos telespectadores ao integrar como protagonista o elenco de “Malhação”, na Rede Globo. Logo após, experimentou o segmento de teledramaturgia da Rede Bandeirantes, na série “Julie e os Fantasmas”. A seguir, veio o fenômeno de audiência “Avenida Brasil”, em que podemos dizer brincando que Bruno marcou um pênalti e pôs a bola no canto direito da trave, deixando o goleiro desconcertado. Além disso, o ator também é um artista dos palcos, tendo “já de cara” estreado em espetáculo baseado em obra de Jorge Amado, “Capitães de Areia”, no qual a capoeira tem o seu destaque. A próxima peça foi “Os Melhores Anos das Nossas Vidas”, com Thiago de los Reyes e Rodrigo Simas, sob a direção de Bia Oliveira. E no ano passado, mesmo já com a participação garantida na novela das 18h, o que poderia causar-lhe uma acomodação, resolveu atuar em uma versão alternativa do clássico de William Shakespeare, “Romeu e Julieta”, chamada “Romeu na Roda” (a capoeira mais uma vez presente). A peça ainda está em cartaz. O irmão Felipe Simas e Beto Simas também compõem o “cast”. Quanto a “Flor do Caribe”, só posso afirmar que Bruno Gissoni trocará as chuteiras de Iran pelos pés descalços do pescador Juliano. “O mar está pra peixe” para Bruno.
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Copa do Mundo da França de 1998. Noite. Vitória do Brasil. Comemoração nas ruas. Encontro em meio ao mar de gente um amigo. Acreditem. Ele havia acabado de conhecer o neto de Zilka Salaberry, uma de nossas grandes intérpretes que faz parte do imaginário de toda uma geração que a acompanhou por anos como a adorável Dona Benta, personagem de Monteiro Lobato, em “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”. A princípio, duvidei da veracidade da situação. No meu juízo, poderia ser somente uma brincadeira de festa. Foi aí que o neto para me provar o legítimo parentesco, mostrou-me a sua carteira de identidade. E lá estava bem visível o sobrenome Salaberry. Fiquei alegre em apenas dialogar com alguém tão próximo de uma senhora que um dia todos nós desejamos ter como avó. Uma avó que se sentava em sua indefectível cadeira de balanço, e tendo ao redor seus netos, a cozinheira, o boneco feito de espiga de milho, e uma boneca de pano narrava as mais incríveis histórias. Tudo isso com direito às pipocas preparadas pela querida Tia Nastácia, interpretada brilhantemente por Jacyra Sampaio. Porém, o que lhes conto não parou na amostra da carteira de identidade. O neto, bastante gentil e orgulhoso de quem era a sua avó, perguntou-me se queria falar com ela ao telefone. Em segundos, exclamei esfuziante algo como: – Claro!. Ele ligou, e me deu o aparelho. No turbilhão de vozes dissonantes próprias de um aglomerado de pessoas eufóricas, consegui ouvir o “alô” doce e inesquecível de Dona Benta, quer dizer, Zilka Salaberry. Foi amável por aqueles poucos minutos em que pude expressar todas as minhas sinceridade e admiração. Evidente que lhe falei que estava com o seu neto ao meu lado. E aproveitei para lhe dizer que era uma de nossas maiores atrizes, e não uma artista de um papel só. Tomado por emoção e certa dose de nervosismo, citei outras admiráveis atuações de sua notável e prolífica carreira, como na minissérie “Memórias de Um Gigolô”, e como a cigana de “O Outro”. Com a humildade que só existe nos grandes, disse-me: – Muito obrigada. Ao chegar em casa, a primeira coisa que disse à minha mãe foi: – Eu falei com a Dona Benta!. E Dona Benta foi assunto para toda uma madrugada. A avó do seriado infantil foi sim a personagem que tornou Zilka popular e amada em todo o país, todavia como não se lembrar da Sinhana , a mãe dos “irmãos coragem”, na novela homônima de Janete Clair? E a Donana Medrado, a delegada severa de “O Bem Amado”, de Dias Gomes? Quanto ao início de sua trajetória artística, deu-se ao se casar com o também ator Mario Salaberry. A estreia da irmã da também atriz Lourdes Mayer ocorreu no Teatro Municipal de Niterói. Ingressou em tempos distintos em duas das mais conceituadas companhias de teatro brasileiras. A pertencente a Procópio Ferreira e a outra a Dulcina de Moraes. Na televisão, a primeira emissora na qual trabalhou foi a TV Tupi. Esteve no famoso programa dedicado às crianças “Teatrinho Trol”, e antes disso estreou no folhetim “A Canção de Bernardete”. Passou também pela TV Rio. Na Rede Globo, começou em “A Rainha Louca”. E a partir daí, não parou mais. Foram inúmeras novelas, tais como “A Ponte dos Suspiros”, “Véu de Noiva”, “O Bofe”, “Supermanoela”, “Corrida do Ouro” (Gilberto Braga estreando como autor deste gênero da teledramaturgia), “O Casarão”, “Araponga” (produção em que personificava Dona Marocas, a mãe que mimava o filho adulto a ponto de niná-lo em seu colo; o filho foi defendido por um divertidíssimo Tarcísio Meira). Já nas minisséries, marcou presença em “O Primo Basílio”, Tereza Batista” e “Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados”. Fez alguns seriados além do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. A Pandora de “Pluft, o Fantasminha”, de Maria Clara Machado, foi memorável. Ainda mais por ter contracenado com Dirce Migliaccio, que era o Pluft. Não dá para se esquecer. No teatro, dramaturgos reconhecidos foram por ela encenados, como William Somerset Maughan (“Adorável Júlia”), Arthur Azevedo (“O Mambembe”), George Feydeau (“Com a Pulga Atrás da Orelha”) e Nelson Rodrigues (“Beijo no Asfalto), dentre outros espetáculos. No cinema, trabalhou com o pioneiro desta arte no Brasil, Humberto Mauro, em “Cidade-Mulher”. Chegou a participar de filmes com a apresentadora Xuxa, tais como “Xuxa e os Duendes” e “Xuxa e os Duendes 2 – No Caminho das Fadas”. Como podem ver, não foi pouca coisa conversar com esta maravilhosa atriz. Claro que fiquei triste porque a seleção brasileira não venceu aquela longínqua Copa, mas em compensação eu levantei a taça da vitória por falar ao telefone com a minha, a nossa Dona Benta.
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Um casamento acontece. Já em outro lugar, Griselda (Lilia Cabral) está muda. Um esparadrapo a emudece. A algoz já conhecemos: Tereza Cristina (Christiane Torloni). Ferdinand (Carlos Machado), seu cúmplice. Nele há desejo por Tereza, mas também desconfiança. A esta altura, Antenor (Caio Castro), já ciente do sequestro da mãe, avisado por Guaracy (Paulo Rocha), abandona de forma abrupta a cerimônia matrimonial a fim de tomar decisão. Após, comunica a Patrícia (Adriana Birolli). O casal malfeitor da novela, a patroa e o chefe da segurança, das 21h da Rede Globo, “Fina Estampa”, escrita por Aguinaldo Silva, dirige-se para um motel. O Voyeur Motel. Lá, o rapaz deleita-se em banheira de espuma, enquanto a vilã distrai-se com secador de cabelo. Antes disso, ele lhe revela onde está a fita original que a incrimina: justamente dentro de um armário velho no galpão no qual sua antagonista está acorrentada. Quando pensa que terá enfim em seus braços a mulher que deseja, surge o secador para calá-lo de vez. Voltando a Antenor, este lembrara-se que o cativeiro em que ficara poderia ser o mesmo de sua mãe. Vai com a namorada para lá. Está tudo muito escuro. Resolvem por deixar amanhecer. É chegada a hora em que Tereza Cristina pretende dizer as últimas palavras para quem sempre odiou. Descobre que fora enganada pelo comparsa, e fala que “a escória adora trair os de fina estampa”. Há um embate verbal. Griselda não capitula. E a mulher dos vestidos vistosos espalha fogo. Será o fim da heroína? Alertados pelo clarão das labaredas, o par de jovens interrompe o plano nefasto da ricaça. Ela foge com Pereirinha (José Mayer) de barco, em meio a grande temporal. O mar os engole. Um mistério que surge. Já quanto a Crodoaldo Valério (Marcelo Serrado), fica rico. Herda a casa e metade do patrimônio de sua “rainha”. Crô agora é rei. E Baltazar (Alexandre Nero), depois de tirá-lo do armário, terá que se conformar em ser seu motorista, e levar o moço de gravatas espalhafatosas no banco de trás. No que diz respeito a Esther (Julia Lemmertz), obteve a vitória, ficando com Vitória. E com Paulo (Dan Stulbach). O juiz decretou a impossibilidade jurídica do pedido de Beatriz (Monique Alfradique). E como estará a família da Silva Pereira? Antenor convida a mãe, com a anuência de seus colegas, para ser a paraninfa da turma no dia da formatura. Os anos passam, e no esperado evento Griselda profere discurso emocionado e improvisado. Cenas marcantes da personagem são mostradas. O filho sente orgulho da mãe pela primeira vez, e a abraça. Já em outra cena, a “marida de aluguel” que tanto sucesso fez com o seu macacão passeia pela rua cumprimentando os transeuntes. Um carro para. O vidro abaixa. Tereza Cristina. Com cabelos mais escuros, solta sonora gargalhada. Griselda, atônita, incrédula, ergue a fiel chave de grifo. Ela não terá a paz tão merecida? Não se sabe. Assim como não ficamos sabendo quem é o amante de Crô. Mas uma coisa é certa: a lição que Griselda nos deixa, ou seja, a de que ter fina estampa é ser honesto.
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Pelo menos por enquanto, a vida de Morena, personagem de Nanda Costa em “Salve Jorge”, de Gloria Perez, parece ter um momento colorido como os balões cheios de cor que sobrevoam a Capadócia, lendária região da Turquia, graças à generosidade de Mustafá (Antonio Calloni) e Ziah (Domingos Montagner). Por sinal, dois ótimos atores, assim como Nanda. A cena de Morena correndo sob os citados balões e tendo ao fundo as famosas cavernas, celebrando a tão sonhada liberdade que lhe foi usurpada por largo tempo foi linda, corroborando a eficiência do diretor Marcos Schechtman. Grávida, a filha de Lucimar (Dira Paes) permanecerá na Capadócia até que a sua gravidez termine. Conseguiu um emprego no estabelecimento de Cyla (Walderez de Barros). Após, terá o seu destino definido. Nanda Costa é uma atriz guerreira assim como o papel que defende, tendo em vista a persistência com que empreendeu até chegar aonde está. A sua escalação para ser a protagonista da novela das 21h pegou a todos de surpresa, inclusive a própria intérprete. A autora Gloria Perez anunciou a decisão por uma rede social. Nanda confessou que custou a acreditar. E alguns questionaram o fato de uma atriz que nunca havia protagonizado uma novela (vale lembrar que fora protagonista de uma produção de outro gênero teledramatúrgico em que personificou uma de nossas maiores cantoras, Dolores Duran, em “Por Toda a Minha Vida”, numa atuação elogiada) ter recebido tal incumbência. Contudo, Gloria é conhecida por não temer riscos e apostas na escalação do seu elenco. Quem não se lembra de Tereza Seiblitz em “Explode Coração” e Juliana Paes em “Caminho das Índias”? Nanda abraçou o papel com garra. Um papel difícil, polêmico, que envolve traumas da sociedade civil. Sua participação em “Salve Jorge” resume-se quase a todo o tempo a sensações de medo, sofrimento, privações, torturas psicológicas, agressões e sonhos roubados. Não usei a expressão “sonhos roubados” à toa, pois foi com o filme cujo título é o mesmo daquela que foi laureada com importantes prêmios cinematográficos, como os concedidos pelo Festival do Rio, Festival do Cinema Brasileiro de Paris, Brazilian Film Festival of Miami e Festival de Biarritz. A diretora foi Sandra Werneck. Ainda no cinema, destacou-se em “Febre do Rato”, de Cláudio Assis, que também lhe rendeu prêmio no Festival de Paulínia. Mas sua trajetória nos sets não para por aí. Esteve em “Sexo com Amor?”, “Bezerra de Menezes”, “Carmo”, “Um Homem Qualquer” e “Gonzaga – De Pai pra Filho”. No teatro, integrou o musical “O Cravo e a Rosa”, de Xico Abreu. E na TV, lembramo-nos muito bem de suas boas atuações em “Viver a Vida” e “Cordel Encantado”. Há outras obras relevantes das quais fez parte, como “Ó, Paí, Ó”, “Clandestinos – O Sonho Começou” e “Amor em 4 Atos”. Finalizo meu texto aqui, e a esta hora, quem sabe, Morena deve estar degustando um doce figo, pensando no inefável sentimento de liberdade que teve ao correr sob os balões coloridos da Capadócia.
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Em seu retorno ao “Estrelas”, programa de entrevistas exibido nas tardes de sábado na Rede Globo, que terá uma temporada toda gravada na cidade histórica do Sul Fluminense, a apresentadora Angélica já chegou com todo o gás, haja vista que ficou afastada da TV por meses em decorrência de sua licença-maternidade. Vestindo um conjunto de regata e calça metalizada em “degradée” cuja cor prevalente é o rosa, Angélica deu um agradável passeio pelas ruas de pedra e terra batida da bela região ao lado da protagonista de “Salve Jorge”, Nanda Costa. Em meio ao casario antigo em estilo colonial defrontado por postes característicos do período, Nanda (descalça como fazia como criança quando lá morou) contou-nos suas peripécias na infância, como assustar as pessoas que iam ao restaurante da mãe (local em que havia no segundo andar uma espécie de escolinha de teatro) com uma falsa cobra, e mostrou-nos como é boa com as bolinhas de gude. Seus amigos duvidavam que poderia se tornar uma atriz famosa, e ela simplesmente retrucava que “um dia eles seriam seus fãs”. Como Paraty é eleita como ótima locação para filmes e novelas, a diversão para a jovem era garantida, e a vontade de ser uma artista só aumentava quando ocorria uma filmagem ou gravação. Uma das propriedades de Nanda serviu de unidade da produção do folhetim “Da Cor do Pecado”. Debruçada na janela, um dos “cameramen” a flagrou, e depois exibiu a sua imagem no monitor. Brincadeira ou não, poderíamos considerar a estreia involuntária de Nanda Costa numa pequena tela. Anos se passaram, e a atriz já famosa reencontrou o “cameraman”. Os pais temiam pelo futuro profissional da moça, ao contrário do avô que a incentivava. Durante algum tempo, a intérprete ajudou a família em sua loja de tecidos, e demonstrou no “Estrelas” ainda possuir habilidade para o corte dos panos. No segundo bloco, o coordenador técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira foi convidado a preparar uma “paella”. Não uma “paella” qualquer, e sim enriquecida com ingredientes ao seu gosto. Angélica não se fez de rogada, e sempre com bom humor, procurava dar uma ajudazinha na preparação do conhecido prato espanhol. Nós, acostumados a ver o coordenador a dar entrevistas coletivas tecendo comentários sobre escalações de jogadores e desempenhos da seleção, também faz o seu gol na cozinha. O programa foi finalizado com o show da banda Aviões do Forró, cujo maior êxito comercial foi a música-tema de Suelen, personagem vivida por Isis Valverde em “Avenida Brasil”, “Correndo Atrás de Mim”. Se com Parreira, a apresentadora apostou na estamparia verde, no palco com o grupo citado colocou algo mais exuberante, como uma blusa rosa adornada com brilhos, e uma calça fluida e estampadíssima. No que concerne à sua carreira, Angélica a iniciou como modelo, tendo vencido por duas vezes o concurso “A Menina Mais Bonita do Brasil”, no programa de auditório de Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Já no “Boa Noite Brasil”, com Flávio Cavalcanti, foi jurada mirim. Como apresentadora, a estreia se deu na extinta Rede Manchete em “A Nave da Fantasia”. Após, passa a comandar o “Clube da Criança”. E, em seguida, o “Milk Shake”. Apostou no seu lado cantora, e fez o Brasil cantar “Vou de Táxi”. Outras de suas canções foram “Amor Amor” e “Algodão Doce e Guaraná”. Lançou disco. A apresentadora também esteve na emissora de Silvio Santos, em que conduziu “Casa da Angélica” (Otaviano Costa foi seu repórter), “Passa ou Repassa” e “TV Animal”. Já ganhou o Troféu Imprensa. Como atriz, destacou-se como Ceci em “O Guarani”, de José de Alencar, na Rede Manchete. Na Rede Globo, o primeiro programa foi “Angel Mix”. Veio a novelinha “Caça Talentos” (onde havia a série “Flora Encantada”). “Bambuluá” também foi uma novela infantil que protagonizou. No cinema, com Os Trapalhões, trabalhou em “Heróis Trapalhões, Uma Aventura na Selva”, “Os Trapalhões Monstros” e “Uma Escola Atrapalhada”. Arrisca-se na função de produtora, afora atuar, em “Zoando na TV”, tendo ao seu lado no elenco Márcio Garcia. A loira Angélica junta-se à loira Xuxa em dois longas- metragens, “Xuxa e os Duendes” e “Xuxa e o Mistério da Feiúrinha”. Há mais algumas produções nas quais atuou como apresentadora ou atriz, como “Vídeo Game”, “Fama”, “Um Anjo Caiu do Céu” e “As Cariocas”. Sim, Angélica já realizou muita coisa tanto na TV quanto no cinema. Inclusive dividir a mesa com Carlos Alberto Parreira e degustar uma “paella” feita pelo próprio.


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