Num momento de crise existencial com relação à própria identidade e à significância de seus atos, se de fato eram bons, e se era capaz de praticá-los, Félix (Mateus Solano) ouve de seu “filho” Jonathan (Thalles Cabral), na verdade o meio-irmão, em “Amor à Vida”, novela de Walcyr Carrasco, exibida às 21h pela Rede Globo, uma citação do clássico de Victor Hugo, “Os Miseráveis” (1862), que narra importante passagem no romance do personagem principal, Jean Valjean. E Jonathan lhe conta proximamente o seguinte: “Jean Valjean, após ter sido liberto da prisão onde permanecera por longos anos, sem dinheiro tampouco moradia, recebe o auxílio do Bispo Bienvenu, que lhe oferece comida e casa, um gesto de infinita magnanimidade. Pouco tempo depois, o “miserável” trai o religioso furtando seus talheres de prata. É preso por policiais e conduzido de volta ao lar do religioso. O bispo tem então uma atitude surpreendente: não só negou que Jean havia cometido o crime como ainda disse que se esquecera de levar os candelabros feitos do mesmo rico metal. Pela primeira vez, Valjean se deparou com alguém que o tratara com dignidade, perdoara-o e lhe aconselhara a recomeçar a vida como um homem bom”. Desta forma, o Jonathan do porto-alegrense Thalles Cabral, cujos estudos cênicos se iniciaram na infância e se estenderam em cursos da Cia. do Abração, Academia de Artes Cênicas Cena Hum, Lala Schneider e Escola de Atores Wolf Maya, convenceu o pai de criação de que ele sim poderia estar se tornando uma boa pessoa. Em meio às turbulências da família Khoury, na qual houve inveja, ciúme, desprezo, traição, disputa por poder e vingança, o rapaz que se aprazia em abrir caminhos com skate trajando indefectíveis blusas xadrezes folgadas se evidenciou como um jovem sábio e maduro, a ponto de deste modo ser reconhecido pela “bisa” Bernarda (Nathalia Thimberg), contrariando os demais de sua geração, aplacados por idiotia generalizada, valores tortos, consumismo desenfreado, descendentes de progenitores ausentes e ignorantes na “arte de educar”. Se outrora, tínhamos a “geração Coca-Cola”, a “geração yuppie” e a “geração Y”, atualmente temos a “geração vazia”. O papel de Thalles, um artista que estreara como profissional nos palcos no celebrado Festival de Teatro de Curitiba com a peça de Rafael Cardoso, “Sobre Pais e Filhos”, emendando com a “aula-espetáculo” “História Viva”, de Wladimir Ponchirolli, sofreu no decorrer da trama série de infortúnios: não ganhara a devida atenção de Félix, sendo por este castigado, trancafiado em armário moderno e tendo skate de estimação estraçalhado por pés calçados com sapatos de grife; soubera ser filho de César (Antonio Fagundes), antes avô, fruto de um relacionamento com a legítima mãe Edith (Bárbara Paz) e de que esta no passado fora “garota de programa”, recebendo dinheiro para se casar “por fachada” com o irmão de Paloma (Paolla Oliveira) e dos diversos delitos penais e maldades por ele perpetrados. Mesmo assim, manteve as sapiência, moderação e fleuma que lhe são natas. Em uma das cenas mais bonitas do folhetim que prega “amor à vida”, que serve de exemplo à massa vivente assustadoramente preconceituosa do Brasil, o filho heterossexual Jonathan aceita sem questionamentos o pai homossexual Félix. O neto de Tamara (Rosamaria Murtinho) hoje namora e continua a desfiar seu rosário de frases inteligentes e transformadoras. O intérprete, cantor, compositor (compõe em Inglês; seu pioneiro EP, “That’s What We Were Made For”, com sete faixas, fora lançado no segundo semestre do ano passado), dramaturgo, diretor e estudante de cinema pontuou sua atuação nos olhares fixos, meios e largos sorrisos, fala pausada e pensada (com as alterações cabíveis), sutileza, sensibilidade, fino humor e poder cativante, deixando o público encantado com este novo talento que desponta. Na ribalta, Thalles fez em torno de mais de vinte montagens, em que se destacam “No Natal A Gente Vem Te Buscar”, de Naum Alves de Sousa; “Médico à Força”, de Molière; “O Cavalinho Azul”, de Maria Clara Machado; “A Casa de Consertos (A Bolsa Amarela)”, de Lygia Bojunga; “Amor aos Pedaços” (direção de Elias Andreato); “MPB Revista” (Prêmio Primeiro Passo de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Teatro Laura Schneider); “Maria…Mário…José” (colaborou no texto); “Eu e Elas” (indicação à láurea na mesma categoria supracitada); e “Aqui Jaz a Minha Sogra” e “Aqui Jaz a Minha Sogra – Parte 2” (ambas escritas e dirigidas por ele). “Amor à Vida” se aproxima do epílogo, e Thalles Cabral desde já, como Jonathan, imprimiu marca indelével no imaginário do telespectador como um dos personagens que mais causaram empatia na sinopse de Walcyr Carrasco. Thalles deixou de ser uma promessa para ser um “fato”. Que daqui para a frente viva de seus “desenhos” e criações numa fantástica “arquitetura da Arte”. E que a lição de Jean Valjean sirva para todos nós.
Categoria: TV
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É muito comum que personagens de uma trama teledramatúrgica, no caso uma novela, sofram alterações substanciais na personalidade no decorrer daquela, estejam previstas ou não na sinopse original. Foi o que ocorreu com a da carioca Danielle Winits, a dermatologista Amarylis da produção das 21h da Rede Globo, “Amor à Vida”, de Walcyr Carrasco. Se a princípio, a médica do Hospital San Magno se mostrava uma profissional competente, disciplinada e modelar que deixava os seus pacientes satisfeitos (fato que voltou a acontecer) e uma amiga disposta a ajudar e aconselhar seus próximos, como Paloma (Paolla Oliveira) e Niko (Thiago Fragoso), sendo simpática aos olhos do público, a vontade absoluta, imutável e determinada de ser mãe modificou todo o rumo de sua história. A Amarylis de Danielle Winits, que estreou na TV (estudou interpretação, dança e canto) na minissérie de Antonio Calmon “Sex Appeal” (que lançou outros tantos talentos femininos) na mesma emissora e nos palcos no musical “Band-Aid”, de Wolf Maya (aliás, a atriz é uma das artistas mais requisitadas para estrelar este gênero teatral), inicia um processo sem volta de busca dolorosa e traumática de não apenas constituir um núcleo familiar, mas gerar um filho, seja de que forma for. A pioneira ideia foi se aproximar do casal gay Niko e Eron (Marcello Antony), com situação financeira estável e estrutura emocional sólida, no entanto carente de um filho para completá-los. Oferece-se para ser a “barriga solidária” e gestar uma criança com o material reprodutivo de um deles, sem que nunca soubessem quem fosse o legítimo pai. Segundo os códigos médicos, a mãe biológica deverá ser mantida sempre no anonimato. Este procedimento clínico açambarca questões complexas, éticas, morais, religiosas e polêmicas, sendo assim arriscado, pois envolve sentimentos e consequências psicológicas imprevistas que podem ser dadas como quase certas. Não são poucos os relatos e registros de que as “mães de aluguel” (como eram chamadas, a despeito de ser proibida a cobrança monetária pela cessão do ventre) ao darem à luz se recusarem a entregar os bebês aos pais contratantes, o que gerou acirradas disputas judiciais e desgastes psíquicos para ambas as partes. Hoje já existe jurisprudência acerca destes litígios. Não há que se contestar os benefícios do avanço da Medicina nesta área, contudo o preço a ser pago é alto. As duas primeiras inseminações artificiais não obtiveram êxito, o que levou o par homoafetivo a entrar com um pedido de adoção de uma criança (grande passo no campo jurisdicional da Infância e Juventude permitir que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, outrora abandonadas, tristes, desoladas e sem lar, acasteladas em abrigo, contrariando os insensíveis e hipócritas defensores da “moral e bons costumes”, que alegam inacreditavelmente que os pais influenciariam “perniciosamente” os adotados). Sou obrigado a lançar mão da velha e boa tese que se assim o fosse não haveria considerável número de gays filhos de heterossexuais. Há que se levar em consideração que o especialista em reprodução assistida Dr.Laerte (Pierre Baitelli) infringiu o código de conduta ética médica ao atender ao pedido da amiga Amarylis para que utilizasse os seus óvulos ao invés dos de uma doadora anônima. Na terceira tentativa de inseminação, um pequeno sangramento fez com que a doutora suspeitasse de que fracassara novamente como “barriga solidária”. E a dermatologista de Danielle, que participou de produções de Antonio Calmon como “Olho no Olho”, “Cara & Coroa” e “Corpo Dourado”, como Alicinha, e Carlos Lombardi (“Uga Uga” – Prêmio Qualidade Brasil, como Tati, “Kubanacan” e “O Quinto dos Infernos”) decidiu agir ao seu modo. Seduz Eron, o frágil, pouco assertivo e manipulável advogado, leva-o para a cama e supostamente dele engravida. Eron pode ser uma “águia” (como seu parceiro o chamava) nos tribunais e salas de audiência, mas na vida pessoal “suas asas se recolhem”, e de nenhum voo é capaz. Por obra do acaso, de Deus, do destino ou de Walcyr Carrasco, Fabrício, o bebê na berlinda, é filho do chef Niko. Dr.Vanderlei (Marcelo Argenta) não aproveitou os óvulos da profissional que cuida de peles faciais com esmero. Fabrício é entregue a Niko. A união entre Amarylis e Eron se dilui minuto a minuto, até o ponto em que a “águia adormecida” resolveu acordar e “abriu as suas asas”, revelando à esposa ser gay, deixando a “bissexualidade” de lado, de que não a amava e de que queria voltar a ter a vida de antes. A loira cuja veracidade de seus cílios é especulada pelo pretendente à redenção Félix (Mateus Solano) levará a cabo o seu plano de sequestro do “filho”. O irmão de Paloma auxiliará “carneirinho” (como Niko por ele é alcunhado) a recuperá-lo. Para nosso espanto (ótima solução do autor), Amarylis procurará outro casal gay e oferecerá seus “serviços” de “barriga solidária”. Danielle Winits possui extensa carreira na televisão, no teatro e no cinema. Novelas, seriados, especiais e minisséries constam de seu currículo. Na pequena tela, destacamos “A Próxima Vítima”; “Malhação” (voltaria em outra temporada); o seriado policial com inspiração nos similares americanos “A Justiceira”; a excelente minissérie histórica e biográfica “Chiquinha Gonzaga”, na qual viveu Suzette Fontan; “O Clone”; “Pastores da Noite”; “Páginas da Vida”, como a sedutora e impulsiva Sandra (Prêmio Contigo!); e “Cinquentinha”. Os projetores de cinema lançaram sua imagem em filmes como “Zoando na TV”, de José Alvarenga Jr.; “O Trapalhão e a Luz Azul”, de Paulo Aragão e Alexandre Boury; “Se Eu Fosse Você”, de Daniel Filho; “Sexo com Amor?”, de Wolf Maya; “Os Normais 2 – A Noite Mais Maluca de Todas”, de José Alvarenga Jr.; “Até que a Sorte nos Separe”, de Roberto Santucci (está em cartaz com a sequência, ao lado do mesmo Leandro Hassun e com a inestimável presença de Jerry Lewis; é considerada uma das mais rentáveis estreias de 2014) e “Odeio o Dia dos Namorados”, de Roberto Santucci. Como dito, o forte de Danielle na ribalta são os musicais: “Cabaret Brazil”, de Wolf Maya; “Relax…It’s Sex”, de Wolf Maya; “Chicago”, uma adaptação de Claudio Botelho (composição de John Kander, letras de Fred Ebb e libreto de Fred Ebb e Bob Fosse);”Hairspray”, de Mark O’Donnell e Thomas Meehan, com direção e versão das letras de Miguel Falabella e “Xanadu”, adaptação do filme com Gene Kelly e Olivia Newton-John, de Robert Greenwald, dirigido por Miguel Falabella. Há ainda “Lancelot”, adaptada por Cláudio Althiery da lenda inglesa, como Guinevere. “Amor à Vida” chega ao seu final e a aposta em Danielle foi certeira. A atriz defendeu desde o prólogo com altivez e garbo a sua personagem, que dividiu opiniões e foi alvo de condenações. Danielle Winits pode dizer que na novela de Walcyr Carrasco “sentiu na pele” que “ser mãe solidária é padecer no paraíso”. Entretanto, este “padecimento” se transformou em crescimento como atriz para Danielle, atribuindo para si mais um importante papel para sua vasta galeria que orna bonita trajetória artística.
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“Amor à Vida”, de Walcyr Carrasco, novela das 21h da Rede Globo, apresenta-nos desde o início de sua trama uma extensa galeria de personagens ambíguos e ambivalentes, retos, éticos e morais e vilões convictos, alguns destes em busca da redenção de si mesmos. Um painel racional, embora provindo de ficção, do retrato do ser humano e suas diferenciações. Leila, o papel defendido com irrepreensíveis dignidade e talento, e doses equânimes de iniquidade e humor negro e politicamente incorreto pela paranaense de Maringá Fernanda Machado, é um tipo frequentador da história que merece cuidadosa abordagem. Algumas perguntas se fazem a seu respeito: por que ela é assim?; por que age de forma tão vil?; por que é fria e insensível ao extremo?; por que rejeita a família?; e por que sente tamanhos ódio e desprezo pela irmã com necessidades especiais? No entanto, a bonita morena de lisos cabelos sobre a qual continuaremos a falar interpretada por Fernanda, que estreou na televisão no folhetim das 19h da mesma emissora, “Começar de Novo”, de Antonio Calmon e Elizabeth Jhin, é capaz sim de nutrir certo tipo de sentimento pelo vulnerável, frágil, dúbio e manipulável escritor Thales (Ricardo Tozzi), que vive mergulhado em crises com sua própria consciência. Se é apenas atração física, paixão, obsessão ou até amor, nunca saberemos. O casal, que troca abruptos e resfolegantes afagos e beijos no “moquifo” do escriba defronte ao Minhocão de São Paulo, no qual há em seu interior pôsteres de “Citizen Kane” e “Le Quatre Cents Coups”, dedicou o seu tempo ocioso na maquinação de planos que fariam Machiavel “reescrever” “O Príncipe” a fim de obter vantagens financeiras sem demandar esforço mútuo. Se no mundo capitalista, na montagem de um negócio, uns entram com o capital e outros com o trabalho, em “Amor à Vida” Leila “entrou” com as ideias e Thales, o escritor de um livro só, “entrou” com a sedução. A primeira vítima foi a ruiva Nicole (Marina Ruy Barbosa), pobre menina rica que “vendia” ingenuidade e romantismo, e que parecia ter saído de um filme de James Ivory, moradora de mansão “perdida” no século XIX. Educada e doce, Nicole possuía imensurável fortuna. Uma “presa” fácil para os golpistas. Infelizmente, a jovem sofria de uma enfermidade que não lhe deixaria viver muito tempo. Cuidada com zelo pela governanta Dirce (Angela Rebello), circunspecta e formal funcionária, chamada pela filha de Neide (Sandra Corveloni) de “urubu sem asa”, a moça se deixou levar pelo charme do “intelectual”, aceitando com ele se casar (o objetivo, óbvio, do rapaz, era herdar o dinheiro deixado). Thales se dizia estar apaixonado pela futura esposa, mas “dividia o lençol” com a amante e cúmplice. Que amor é esse? Que escritor é esse tão calculista e desprovido de sensibilidade? Tudo denotava estar dando certo para o “literato” que degustava chá de hortelã no calor da metrópole e para a sua parceira, até que no dia do casório, Nicole descobre a dura verdade na frente do padre. Ela morre “vestida de noiva” “rodriguianamente”. Com a morte daquela que seria sua cônjuge, Thales, que não sabemos de onde vem, se tem pai, mãe, irmãos ou é filho de César (Antonio Fagundes), vivencia seus dias de Haley Joey Osment, e passa a querer dizer: “Eu vejo gente morta”. O malogrado vestido de noiva foi propositalmente colocado no corrimão da escada, e a Leila de Fernanda Machado, que personificou a ludibriada Joana de “Paraíso Tropical”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares (ganhou o prêmio “Melhores do Ano Atriz Coadjuvante 2007”), assustada, sofre grave queda, que a leva a longo período de recuperação, o que a deixou mais revoltada e ferina em suas ofensas. Os dinheiros disponíveis foram gastos em caros tratamentos, e o par começou a ter dificuldades para se sustentar, pois o inventário não estava concluído. Enquanto isso, Leila maltrata sua irmã autista (um termo que estigmatiza essas pessoas que requerem tanto amor) Linda (Bruna Linzmeyer), como chamar a sua atenção quanto à urina que fez na cama e destruir a sua árvore de Natal feita com carinho pelo adorável advogado Rafael (Rainer Cadete), que em breve será objeto das armações da irmã de Daniel (Rodrigo Andrade). Ele será denunciado tanto por Neide quanto por sua filha por “sedução de incapaz”. Não me espanta que Linda seja tratada desta maneira, visto que seja fato comum em não poucos grupos familiares. Durante a estagnação do processo de inventário (no Brasil a Justiça é célere?), surge a ruiva (!) Natasha (Sophia Abrahão), herdeira de parte do legado do pai de Nicole, fruto do relacionamento deste com Dirce. Dirce também tem as suas fraquezas. Natasha contesta sua cota na partilha dos bens, para desagrado da dupla, que volta a admirar da janela do “moquifo” o “silencioso” e “despoluído” Minhocão. Nem Cidadão Kane e “Os Incompreendidos” salvam a penúria deles. Um novo ardil é pensado, e Thales, o escrevinhador que estima blusas xadrezes, seduz a nova ruiva, objetivando o seu patrimônio. A ambiguidade que o acompanha é evidenciada mais uma vez. Natasha se apaixona, todavia a mãe está alerta. A saída encontrada pela ardilosa personagem de Fernanda, que já deu vida a duas vilãs em produções de Walcyr Carrasco que no seu término acabaram se redimindo (“Alma Gêmea” e “Caras & Bocas”), será dar cabo da namorada de Rogério (Daniel Rocha). A mansão “do século XIX” será incendiada. Natasha se salvará, e Leila não escapará das chamas. Fernanda coleciona na TV participações especiais em seriados, minissérie (“Queridos Amigos”, de Maria Adelaide Amaral) e outra novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, “Insensato Coração”, na qual fora a ambiciosa Luciana, que morrera num sinistro. Atuou como apresentadora do “Superbonita”, do GNT. Nos cinemas, foi focada pelas lentes de Paulo Sérgio de Almeida (“Inesquecível”), José Padilha (“Tropa de Elite”), Marco Antônio Ferraz e Anderson Corrêa (“Flordelis – Basta uma Palavra para Mudar”), Tadeu Jungle (“Amanhã Nunca Mais”) e Michel Thikomiroff (“Confia em Mim”), além de um curta-metragem. Tem para si o privilégio de encenar um dos mais prestigiados dramaturgos modernos norte-americanos, Sam Shepard, em “Mente Mentira”, ao lado de Malvino Salvador. Fernanda Machado fez exponencial diferença na produção das 21h ao assumir papel difícil, condenável, complexo e polêmico em sua natureza. Fernanda é uma bela, jovem e talentosa atriz a quem devemos respeitar. Leila “aprontou”. Fernanda “aprontou” também com sua qualidade de atriz. Para terminar, só um aviso às ruivas: se agora encontrarem Leila na calçada, sejam cautelosas, atravessem a rua.
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Corpos nus. Suados. Desejo e sexo. Tiros e sangue. Violência. Adultério e conflitos familiares. Dinheiro, poder, prostituição. Com estes explosivos ingredientes, estreou ontem na Rede Globo a tão aguardada minissérie de George Moura, Sérgio Goldenberg, Flávio Araújo e Teresa Frota e supervisão de texto de Maria Adelaide Amaral, dirigida por José Luiz Villamarim, “Amores Roubados”. Ambientada na fictícia cidade de Sertão (as gravações foram feitas em Petrolina, Pernambuco, e Paulo Afonso, na Bahia), a história (baseada num romance escrito por Carneiro Vilela em capítulos por dois anos, “A Emparedada da Rua Nova”, para um jornal recifense no século XIX) conta a trajetória de um belo sommelier, Leandro Dantas (Cauã Reymond), que veio de São Paulo para mostrar o seu amplo conhecimento de vinhos na vinícola Vieira Braga, e praticar o seu perigoso jogo de sedução com as mulheres da região. A empresa, imponente em terreno desértico, porém onde nascem uvas, pertence ao todo-poderoso Jaime (Murilo Benício), a quem todos respeitam e obedecem, casado com Isabel (Patricia Pillar), uma mulher a princípio centrada e contemporizadora, ambos pais de Antônia (Isis Valverde), que estudara no exterior, e retorna à terra natal para auxiliar nos negócios do clã, mesmo que a contragosto. O jovem Leandro, filho de Carolina (Cassia Kis Magro), uma ex-prostituta que passou tempos presa e por aquele fora roubada na mesma metrópole e que decide em meio à sua amargura retomar a vida, crê que tanto os vinhos quanto as mulheres têm que ser “provados”. Ostenta um ideograma japonês tatuado na pele morena que significa “proteção”, mas não se exime de procurar o perigo. Mantém ardente caso com a lasciva Celeste (Dira Paes), esposa do rico exportador de mangas Roberto Cavalcanti (Osmar Prado). Em festa promovida por este, ocorre degustação de vinhos “às cegas”, ou seja, com os convivas de olhos vendados, comandada pelo sommelier. Carícias proibidas se misturam aos goles. Não só Celeste se verá “embriagada” pelos encantos de Leandro. Mãe e filha também serão vítimas. Atração física pela primeira e amor pela segunda. Os poros do rapaz exalam “bouquet” de erotismo. Um quarteto bonito e movido a riscos e adrenalina. O esfacelamento do mesmo é iminente, provocado por ciúme e vingança. Ficamos intrigados com a misteriosa figura do afilhado de Jaime, João (Irandhir Santos), que desde já demonstrou fidelidade ao padrinho, apreço por armas (que nos leva a pensar numa possível premeditação de algo ilícito) e uma paixão estranha por Antônia. Enfim, alguém a ser temido. Outros nomes importantes que vieram das telas de cinema, assim como Irandhir, são Jesuita Barbosa, que interpreta Fortunato, amigo e conselheiro de Leandro, e Cesar Ferrario, como Bigode de Arame. No primeiro capítulo, percebemos de pronto influências cinematográficas na narrativa, que vão do “western” (há sem quaisquer exageros uma lembrança a Sergio Leone), passando pela violência despudorada de um Tarantino e pelo “árido movie” brasileiro, até chegar ao consagrado “road movie”, tão explorado por diferentes e veneráveis cineastas. José Luiz Villamarim conduz a sinopse com a habilidade e a engenhosidade que nos é conhecida desde “Avenida Brasil” e “O Canto da Sereia”. José é hoje, sem discussões, um dos melhores diretores de TV no país. A abertura (concepção de Zé Luís e execução de Alexandre Pit Ribeiro e Flávio Mac) é magnífica, uma clara e óbvia ode aos fotógrafos, com o “congelamento” em P&B de momentos marcantes dos intérpretes na minissérie. A trilha sonora (direção musical do imbatível Mariozinho Rocha) permeia toda a ação, jamais deixando de ser congruente e explicativa da cena. A prosódia dos atores está em consonância com a ambiência do argumento. O elenco, sem exceção, expressou total entrosamento e intimidade com a rica psicologia de seus personagens. A meritória fotografia de Walter Carvalho realça em todos os seus detalhes o panorama desolador do espaço sertanejo, com sua vegetação retorcida, suas estradas de terra e poeira, montanhas barrentas e vastos campos infinitos onde se vê o nada. Pode-se esperar com “Amores Roubados” um entretenimento que não poupará os telespectadores com um enredo envolvente, tentador, excitante e provocativo. Um pacto do sexo com a violência. Um conjunto de emoções cabíveis em um “thriller” regado à nudez, sensualidade e suprema beleza dos “pecadores” para a ira dos “traídos”. Em meio a tudo isso, as uvas, e toda a “sexualidade” que nelas pode estar contida.
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No círculo cinematográfico norte-americano, nos idos das décadas de 30, 40 e 50 (principalmente nestas duas últimas), atribuía-se às atrizes uma condição “sine qua non” para que despontassem no “establishment” industrial fílmico hollywoodiano: o “star quality”. “Star quality” significa tão somente possuir a qualidade de estrela, como o nome sugere. O talento nem era tão obrigatório, porém o binômio carisma/beleza era primordial, a ponto de levar multidões aos cinemas. Podemos citar algumas estrelas que obtinham não apenas o tal binômio, esbanjando também talento: as suecas Greta Garbo e Ingrid Bergman, a alemã Marlene Dietrich e as estadunidenses Lana Turner, Kim Novak e “a queridinha da América” Doris Day. É fácil perceber que não se exigia a nacionalidade ianque. Latinas eram exceções, como Carmen Miranda e Sarita Montiel. Em terras brasileiras, há intérpretes femininas que não fogem ao trinômio carisma/beleza/talento, como Paolla Oliveira, Patricia Pillar e Isis Valverde. A paulista Paolla, com lábios delgadamente desenhados e melenas castanhas em tons dourados, que ainda adolescente mostrou bonito rosto em campanhas publicitárias, e que se formou na Oficina Mazzaropi e na Escola de Atores Wolf Maya, conquistando o Brasil logo em sua estreia na Rede Globo, como a romântica Giovana de “Belíssima” (recebeu o Prêmio Qualidade Brasil como Atriz Revelação; fora indicada para outras láureas), de Silvio de Abreu, emociona e impressiona o público telespectador com sua destemida Paloma no folhetim de Walcyr Carrasco das 21h, “Amor à Vida”. A disciplinada pediatra e presidente do Hospital San Magno tem sofrido desde o início da trama reveses sequenciais. Conheceu o homem errado em país andino, Ninho (Juliano Cazarré), engravidou deste, descobrira de súbito ser adotada, sofrera com constância reprimendas da mãe adotiva Pilar (Susana Vieira), vira-se forçada a camuflar a gravidez, fora rechaçada pelo pai César (Antonio Fagundes) e expulsa da mansão dos Khoury, defrontara-se com o real caráter do amante Ninho, o “hippie chic” sombrio, e em fatídica noite dera à luz em podre banheiro de bar insalubre perdido no Centro da “selva das cidades”. Uma ex-chacrete parteira salva a sua criança, Márcia (Elizabeth Savalla). Entra em cena seu meio-irmão Félix (Mateus Solano), “o destruidor de skates que odeia ratinhas”, que se aproveitando do desfalecimento da moça em decorrência de hemorragias rouba a recém-nascida ainda suja de sangue e placenta, enrola-a em écharpe e a joga em caçamba de lixo nada “extraordinário”. Poucos dias depois, num emaranhado de acontecimentos arquitetados por outrem, Paloma pega no colo bebê de nome Paulinha, e sente intrigante sentimento maternal. Paulinha é a “filha” de Bruno (Malvino Salvador), o por agora bem-sucedido corretor de imóveis que faz as mulheres por ele se apaixonarem ao som de Bruno Mars. Um promissor cruzamento de olhares de homem para mulher ocorre. Um namoro se consuma. No entanto, um exame de DNA (muitos não gostam nem um pouco deste exame) muda toda a história anos após, e a irmã de Jonathan (Thalles Cabral) descobre ser a mãe biológica de Paula (Klara Castanho). Uma briga feroz de “progenitores” se desencadeia, com consequências jurídicas, até pacífico acordo. O pacifismo é curto. Alejandra (Maria Maya), que nunca foi santa, e Ninho, o “latin lover” inconformado sequestram a menina para quem não adianta dizer que a “conversa é de adulto”. Seguidas tantas intempéries, o casal se reúne e cuida da adolescente, até o instante em que o rapaz que produz obras de arte de gosto duvidoso decide lutar pela sua paternidade. O sombrio Ninho engendra série de artifícios para conquistar a neta de César, que coloca “dreads”, passa a “matar” aulas para patinar, ganha um tablet para combinação de encontros clandestinos e aprende a ser rebelde e desrespeitosa com o pai, chamado pelo oponente de “coxinha”, “burguês” e “careta”. No momento, a empreitada da Paloma de Paolla Oliveira, que foi a protagonista de dois “remakes” veiculados às 18h, “O Profeta” e “Ciranda de Pedra”, além de incorporar a vilania em “Cama de Gato”, como Verônica, é desmascarar a farsa de Aline (Vanessa Giácomo), a defensora da tese de que “a vingança é um cupcake que se come frio”, contra o seu severo pai. Ademais, terá que ouvir do algoz redimido Félix “coisas de que ela não vai gostar” (vale lembrar que numa das cenas mais impactantes da novela em questão – a revelação de que Paulinha fora deixada em uma caçamba de lixo, não só Mateus Solano brilhou, mas Paolla Oliveira também, com seus olhos esbugalhados em fúria, seus dentes trincados e grunhidos de mãe enganada, privada do crescimento da filha por largo tempo; o próprio Mateus disse em entrevista que sua interpretação elogiada só foi possível por causa da contrapartida dos colegas de elenco). Há um outro viés importante na personagem de Paolla, ou seja, o fato de ser uma médica exemplar, que se preocupa inclusive com questões sociais e pesquisas, algo com o qual não estamos muito acostumados. Num país onde o juramento a Hipócrates só tem validade e admiração nas portentosas formaturas, cujos futuros doutores esgarçam sorrisos brancos dignos de classes abastadas e lançam seus canudos rumo ao céu, e logo em seguida os dependuram emoldurados em sofisticados, confortáveis e bem refrigerados consultórios, cujas prepotentes secretárias só permitem a nossa entrada mediante pagamento adiantado. A Medicina virou um “mercado livre”. A agência de notícias Bloomberg analisou em 2013 o sistema de saúde de 48 países e chegou à triste conclusão de que o Brasil, “o país do futuro”, está em último lugar, ficando atrás de Romênia, Peru e República Dominicana. Os planos de saúde são caríssimos e não correspondem aos atendimentos. Os hospitais públicos estão sempre sucateados, com corredores lotados de pacientes tratados na base do improviso. Já os privados “cinco estrelas” servem aos ricos e poderosos. O desvio de verbas públicas para a saúde são rotineiros. Médicos faltam a plantões, e só vão aos hospitais assinar o ponto. Erros médicos. Médicos em páginas policiais. Consultas amparadas no “achômetro”. Exercício ilegal da Medicina. “Doutores” que se recusam a ir para o interior cuidar de populações carentes, a ponto do Governo lançar programa para “importar” médicos da ilha de Fidel, que ainda por cima são discriminados pelos “profissionais” elitistas e protecionistas com seus jalecos limpos com o melhor alvejante. Paloma é, sem quaisquer suspeitas, uma das personagens mais bem construídas da novela de Walcyr Carrasco, e para Paolla, uma de suas atuações mais consistentes. Na TV, a artista ainda participou de especiais, seriados e humorísticos. Emprestou sua face de pintura à série de Luiz Fernando Carvalho, “Afinal, O Que Querem as Mulheres”. Freud deve ter ficado satisfeito. Misturou-se à garotada de “Malhação”. Mesmo paulistana, foi uma das “As Cariocas”, no episódio “A Atormentada da Tijuca”. E daí? Ser carioca é ter alma de carioca. Honrou a heroína romântica Marina da produção de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, “Insensato Coração”. Diante daqueles que vão aos cinemas, pôde ser vista em curtas-metragens, e nos longas “Rinha”, de Marcelo Galvão; o sensual “Entre Lençóis”, de Gustavo Nieto Roa, com Reynaldo Gianecchini; “Budapeste”, de Walter Carvalho (embrenha-se no universo literário de Chico Buarque); “Eu e Meu Guarda-Chuva”, de Toni Vanzolini; “Uma Professora Muito Maluquinha”, de André Alves Pinto (vai fundo na ambiência lúdica do escritor e cartunista Ziraldo) e “Trinta”, de Paulo Machline (uma cinebiografia de Joãosinho Trinta). E já que iniciamos este texto abordando o significado de “star quality”, terminemos da mesma forma. Paolla Oliveira, ao protagonizar “Amor à Vida”, consolidou irreversivelmente a sua posição de estrela talentosa. Um trabalho que abre novos caminhos para Paolla. Paolla Oliveira, uma “atriz sem fronteiras”.
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Foto: Divulgação do espetáculo “Talvez”O título acima não fora por mim pensado casualmente. Álamo Facó tem feito sucesso, agradando tanto à crítica especializada quanto ao público, em todos os projetos artísticos para os quais fora escalado. Porém, todo esse êxito não viera à toa, num repente. É produto de muito estudo, prática que vem desde a pré-adolescência no O Tablado, experimentações diversas com nomes do mais alto relevo, como Maria Clara Machado, Amir Haddad, Domingos de Oliveira, Juliana Carneiro da Cunha e Hamilton Vaz Pereira. Uma prova desse sucesso pôde por nós ser apreciada na terça-feira no último episódio de “A Mulher Invisível”, seriado da Rede Globo inspirado no filme de Cláudio Torres. Álamo só fez corroborar, como o já fizera na temporada anterior e na atual, o talento que possui na pele de Wilson, o funcionário da agência de publicidade de Clarisse (Débora Falabella), que é o melhor amigo e confidente de Pedro (Selton Mello). As cenas que protagonizara demonstrando as crises de identidade de Wilson foram divertidíssimas. Já no teatro, após ter dividido a ribalta com Marco Nanini (com quem já trabalhara em “A Grande Família”), no espetáculo “Pterodátilos”, de Nicky Silver, dirigido por Felipe Hirsch, o ator está em cartaz no Rio de Janeiro com o monólogo “Talvez”, escrito por ele mesmo, cuja direção coube a César Augusto. No palco, Álamo Facó interpreta Dário, um homem com sentimentos que transitam pelo campo do amor beirando o da loucura. A trama se passa toda dentro de uma casa, na qual o indivíduo decide permanecer até que Rita, a mulher por quem se apaixonou, retorne de viagem. Enquanto isso, ambos comunicam-se exclusivamente por um notebook. Uma curiosidade: a plateia conhece Rita apenas por meio de vídeos, e claro, pelas mensagens que ela envia. Esta peça tange à contemporaneidade, apesar de ter sido escrita há sete anos, com apresentações desde 2008. Aliás, foi em uma destas que Marco Nanini convidou Álamo para integrar “Pterodátilos”. No cinema, o intérprete está no aclamado “O Palhaço”, de Selton Mello, ao lado do próprio Selton, Paulo José e Cadu Fávero. Seu papel é João Lorota. Todavia, a carreira nas telas é extensa. Dentre os longas-metragens dos quais participara, estão “Qualquer Gato Vira-Lata”, de Tomás Portella, “Tropa de Elite”, de José Padilha, “O Maior Amor do Mundo”, de Cacá Diegues, “Apenas o Fim”, de Matheus Souza, “Mateus, o Balconista”, de Cavi Borges e Pedro Monteiro, “Não Se Pode Viver Sem Amor”, de Jorge Durán e “Carioca”, de Julio Secchin. Retornemos ao teatro. Dirigira, por exemplo, “Tribos e Farras”. E como ator, dentre tantas produções, “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse e “Entre Quatro Paredes”, de Jean-Paul Sartre. Ingressou na Companhia dos Atores, e por um tempo viajou com o projeto Auto-Peças. Agora, ainda no que concerne à sua formação, esteve na Inglaterra, onde na Hanley Castle School estudou Interpretação, Dança e Literatura Inglesa. Encenou “On The Edge”, de Hazel Hickling. Cursou Cinema, especializando-se em Roteiro. E na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Interpretação. Ganhou o Prêmio Sustain de Melhor Ator. Quanto ao próximo ano, Álamo está cheio de ideias, sejam a de encenar peças seja a de levar adiante o sonho de ver “Talvez” adaptado para o cinema. Como sabemos que Álamo Facó é um ator que atua com sucesso em todas as frentes…
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O autor de “Fina Estampa”, Aguinaldo Silva, teve uma ótima sacada ao promover um romance tempestuoso entre os personagens de José Mayer, Pereirinha, e Christiane Torloni, Tereza Cristina. Os atores, com larga experiência em novelas, demonstraram de imediato, desde a primeira cena na qual se encontraram, um entrosamento visível. Já haviam trabalhado juntos em alguns folhetins, como “A Gata Comeu”, de Ivani Ribeiro, “Selva de Pedra”, “remake” de Regina Braga e Eloy Araújo feito a partir da obra de Janete Clair, e “Mulheres Apaixonadas”, de Manoel Carlos, além do longa-metragem de Guilherme de Almeida Prado, “Perfume de Gardênia”. O sucesso dos momentos deles é um somatório de fatores: o talento dos intérpretes que conhecem muito bem o veículo em que estão atuando; a linha de texto adotada por Aguinaldo Silva, que aposta no humor das falas; o tipo de envolvimento afetivo escolhido que baseia-se no desejo recíproco incontrolável; a direção; e a junção de dois integrantes da trama da produção das 21h da Rede Globo que passam ao largo dos escrúpulos, mas que são capazes de sentir um pelo outro uma espécie de atração, nem que seja apenas física. Há ainda a questão da troca de pares: Tereza Cristina e Pereirinha, e Griselda (Lilia Cabral) e René (Dalton Vigh), o que só recrudesce a possibilidade de maiores conflitos e disputas no enredo. Lembremos como tudo se iniciou. Tereza vai à antiga casa onde a mãe de Amália (Sophie Charlotte) morava, e nela defronta-se com o pescador (agora não mais, haja vista que irá vender o barco de pesca). Leva um tremendo susto devido à aparência dele. Por causa dos cabelos e barbas longos (José Mayer teve que mantê-los em decorrência do musical “Um Violinista no Telhado”, do qual é o protagonista), a rica mulher compara-o ao Conde de Monte Cristo, referindo-se ao personagem criado por Alexandre Dumas, que passa anos trancado num calabouço vítima de traição. A princípio, sente repulsa. Uma repulsa que não durará bastante tempo. E por falar em tempo, Pereirinha não o perde. Decide dar uma caprichada no visual. Apara as melenas e os pelos da face. E parte para o ataque. Entretanto, precisaria de um pretexto para ir à mansão de Tereza. E este pretexto atende pelo nome de robalo, que a ela fora oferecido como presente. Com o casamento já desgastado, a irmã de Paulo (Dan Stulbach) entrega-se literalmente aos carinhos nada delicados de Pereirinha. Pode-se dizer que são até mesmo um tanto quanto selvagens. Aliás, um aspecto que incrementa as ocasiões dos encontros que estão cada vez mais frequentes é o fato do pai de Enzo (Julio Rocha) não poupar os caríssimos vestidos e “peignoirs” usados pela amante. Uma hora o closet de Tereza Cristina ficará vazio. Enquanto isso, acredito eu, o preço do robalo está subindo no mercado.
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Uma festa. Um jantar. Duas rivais. Uma festa mais popular. Um jantar requintado, como se diz nas altas rodas, “comme il faut”, com tudo apropriado para a ocasião: mesa com lugares marcados, menu que remete à sofisticação, talheres, copos, pratos, guardanapos impecáveis, lista de convidados seleta… Entretanto, dois eventos concomitantes promovidos por Tereza Cristina (Christiane Torloni) e Griselda (Lilia Cabral) não poderiam transcorrer pacificamente. A primeira ao ver a iluminação caprichada da casa da segunda fica invejosa, e promete a si mesma tomar uma atitude. Griselda está feliz como anfitriã, junto aos seus convivas. Para aumentar o contentamento faltava a chegada de René (Dalton Vigh), o namorado, companheiro. E este ao chegar, provoca a ira da ex-mulher, toda vestida de vermelho. E assim, vestida de vermelho, irrompe na sala da mansão da mãe de Quinzé (Malvino Salvador), e a flagra num momento de romance com o chef. Tereza, com toda a empáfia possível, após bradar alguns desaforos, rasga a alinhada camisa do pai de seus filhos, e o machuca. Vai embora, lembrando à filha Patrícia (Adriana Birolli) para que não demorasse a comparecer ao jantar em sua homenagem e ao recente namorado. René recebe uma camisa emprestada de Antenor (Caio Castro). Ficou um pouco apertada, mas o que valeu foi a intenção. Acho que René nunca pensou em usar emprestada uma camisa de Antenor. Há sempre uma primeira vez. Com relação a Griselda, não conforma-se com o ocorrido, evitando que percebam a sua insatisfação. Telefona para Marilda (Katia Moraes). Inventa uma desculpa para que a empregada doméstica lhe avisasse quando o afamado jantar fosse servido. Enquanto isso, Tereza Cristina recebe os convidados. O irmão Paulo (Dan Stulbach), Juan (Carlos Casagrande), acompanhado de Letícia (Tania Khallil)… Este par, coitado, não escapou das piadas maldosas dela. Aliás, cometeu a deselegância de pôr o casal separado na mesa. Nada que Paulo não pudesse resolver. Os homenageados afinal aparecem. Iniciam-se as apresentações quanto ao jovem Alexandre (Rodrigo Hilbert). Tereza só o reverencia por causa de seu tradicional sobrenome. Os rapapés são interrompidos por Patrícia. Hora do jantar. Cada um senta-se em seu lugar. Por sinal, devemos dar os parabéns à produção de arte da novela das 21h da Rede Globo, escrita por Aguinaldo Silva, que de fato organizou uma mesa suntuosa, fina, “comme il faut”. O que ninguém esperava era que a dona do “Pereirão – tudo para a sua construção” fosse aparecer pronta para dar o troco na antagonista. O circo está armado. Griselda põe o dedo num dos molhos preparados, e reclama, falando que está “azedo”. Prova um pedaço de cordeiro. Reclama de novo. Desta vez, dizendo que está duro e salgado. Todos a esta altura já perderam o apetite, e temem algo pior. Tereza Cristina está desesperada. Griselda dirige-se para a mesa, e pede desculpas a Patrícia por estragar o jantar. Patrícia dá uma piscadinha de assentimento. Era o que faltava para que o serviço fosse completo. Numa puxada só, a toalha da mesa de se encher os olhos voa pelos ares, levando tudo o que havia sobre ela. Todos estão atônitos. Griselda, vingada. Agora, molho, azedo ou não, cordeiro, salgado e duro ou não, só em outro capítulo. O que era para ser “comme il faut” ficou no “era”.
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No agora distante ano de 1987, o cineasta britânico Adrian Lyne (que se sobressaíra na direção de comerciais e nos incontestáveis sucessos de público “Flashdance” e “9 e 1/2 Semanas de Amor”, porém vistos com má vontade pelos exigentes críticos da área fílmica), aventurou-se com êxito no arrepiante thriller “Atração Fatal”, que questionava a prática do adultério e suas funestas consequências. Em resumo, o advogado Dan Gallaguer (Michael Douglas), casado e pai de uma filha pequena, aproveitando-se da viagem de dedicada e bonita mulher, Beth Gallaguer (Anne Archer), envolve-se sexualmente de modo fugaz com a executiva Alex Forrest (Glenn Close). O que não estava nos planos iniciais de Dan era de que Alex fosse se apaixonar por ele próximo à psicopatia. Seu intento, diante da recusa do causídico em prosseguir no romance, é o de destruir, utilizando-se de todos os meios cruéis e aterradores, para pôr fim ao seu matrimônio. O “Fatal” do título faz jus ao desfecho do longa-metragem. O que percebemos em “Amor à Vida”, novela das 21h da Rede Globo, escrita por Walcyr Carrasco, com relação à Dra. Glauce (Leona Cavalli), uma respeitável e competente obstetra e ginecologista do Hospital San Magno, núcleo central da trama, não é algo tão similar à personagem de Glenn Close, tendo sido “pintada com tintas” um tanto mais brandas, mas o tema “atração fatal” está presente. Apaixonara-se tresloucadamente pelo por ora bem-sucedido corretor de imóveis Bruno (Malvino Salvador). Apaixonara-se pelo homem errado (ninguém está livre disso). O pioneiro erro a fez cometer sequência de muitos outros num nível de gravidade assustador. Uma de suas mais condenáveis faltas está para ser revelada em breve na história: a sua efetiva culpa na morte de Luana (Gabriela Duarte) e respectivo nascituro durante o parto que comandara. Luana era mulher de Bruno. O que se deu é que “por amor”, sabendo dos problemas congênitos cardiológicos da parturiente descobertos no pré-natal, a doutora negligenciou ao não convocar o cardiologista de plantão para assistir a cirurgia. Uma crônica de umas mortes anunciadas. Orientamo-nos assim pelo artigo 18 do Código Penal que prescreve: “Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”. No entanto, houve o dolo (intenção de matar). O que poderia ter sido evitado, ocorreu: o falecimento de Luana e do bebê. E para recrudescer ainda mais a dramaticidade da situação, o desesperado Bruno encontra a recém-nascida Paulinha (Klara Castanho), filha roubada de Paloma (Paolla Oliveira) pelo irmão Félix (Mateus Solano), e jogada em caçamba de lixo malcheirosa. Num acordo perigoso e ilegal, Bruno, sua mãe, a técnica de Enfermagem Ordália (Eliane Giardini), a enfermeira Perséfone (Fabiana Karla), e lógico, Dra. Glauce, simularam o nascimento de uma menina (um segundo filho de Luana) na casa de saúde. Prontuários e registros foram falsificados. Se o fato caísse em mesa de delegado policial, todos seriam indiciados por formação de quadrilha (Artigo 288 do Código Penal), falsificação de documento particular (Artigo 298 do Código Penal) e falsidade ideológica (Artigo 299 do Código Penal), e não informação ao Juizado da Infância e da Juventude do abandono da criança. Com certeza, o inquérito policial seria encaminhado ao Ministério Público, haveria denúncia, e o Juiz provável a acataria. Entretanto, como se trata de ficção, e nós, telespectadores, somos não poucas vezes levados pela emoção e não pela razão, ficamos do lado do homem sofrido que salvou a vida de uma pobre inocente, deu-lhe educação e carinho, enfim, cumpriu papel de pai. Não desejamos por mais contraditório que possa parecer punição para Bruno, Ordália e Perséfone. Verdade é que as duas últimas mais a obstetra perderiam o direito de exercer seu ofício perante o CRM (Conselho Regional de Medicina), após concluídas investigações disciplinares e administrativas. Bruno não mais teria a guarda de Paulinha. Nós queremos isso? Não. Nada me soa inverossímil, pois o absurdo está em nossas existências, estampado todos os dias nas manchetes de jornal. Além do mais, conhecemos escândalos nos sistemas público e privado de saúde no Brasil. Excetuamos poucas instituições e médicos sérios. Glauce, cuja intérprete já enfrentou Nelson Rodrigues na adolescência com “Valsa N° 6”, influenciada por ter testemunhado damas do teatro como Tônia Carrero, Fernanda Montenegro e Marília Pêra, não hesitou em escamotear prontuários médicos descritivos de praxe. Todavia, a charmosa e sedutora moça com cabelos loiros impecavelmente escovados foi autora de homicídio culposo (a colega Elenice, defendida por Nathália Rodrigues, em luta corporal, acaba sofrendo traumatismo depois de queda em chão frio, branco e asséptico do hospital não tão ético). No tocante à artista Leona Cavalli, não vislumbramos desperdício de seu talento em nenhuma das cenas das quais fez parte, e que merecem citação as melhores: as trocas de farpas com Paloma; o instante máximo no qual aliciou Bruno exibindo nus seios; bravo enfrentamento associado à chantagem defronte ao corpo diretivo do San Magno, no que concerne ao procedimento falho com Luana; o desmascaramento do pai preconceituoso de Félix quanto à legítima paternidade de Jonathan (Thalles Cabral), pois fora ela quem conseguira o prontuário (sempre ele) a pedido do rapaz; e os colóquios maliciosos, provocativos e divertidos entre o vendedor de “hot dogs” e a médica, que culminaram em troca de carícias insuspeitas. O que se sabe até então é que as investigações comandadas por Dr. Lutero (Ary Fontoura), Paloma e a Chefe de Enfermagem Joana (Bel Kutner) levarão Glauce Sá Benites a não suportar tão fortes acusações, e a saída encontrada será dar cabo da própria vida. Será o fim dos prontuários escondidos. É necessário dizer que Leona, quanto à sua profissão, possui notória familiaridade com o cinema, ouvindo vez por outra o som de “Ação!” gritado por cineastas como Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, que a lançou nacionalmente); Paulo Betti e Clóvis Bueno (“Cafundó”); Tata Amaral (“Um Céu de Estrelas”, “Através da Janela” e “Antônia”), Hector Babenco (“Carandiru”), Jayme Monjardim (“Olga”), Roberto Moreira (“Contra Todos”), Sérgio Bianchi (“Os Inquilinos – Os Incomodados que Se Mudem” e “Quanto Vale Ou É por Quilo?”) e Tizuca Yamasaki (“Aparecida – O Milagre”). Fez curtas-metragens, também. Leona Cavalli soube com sua voz suave, maviosa e pausada e postura elegante dar contornos especiais e críveis, e por isso mesmo inolvidáveis, à vilã Glauce. Com trajetória tão rica na tela grande, a televisão não poderia preteri-la. Integrou um sem número de folhetins, minisséries e seriados. Dentre as telenovelas, destacamos “Belíssima”, de Silvio de Abreu; “Da Cor do Pecado”, de João Emanuel Carneiro; “Começar de Novo”, de Antonio Calmon e Elizabeth Jhin; “Duas Caras”, de Aguinaldo Silva; “A Vida da Gente”, de Lícia Manzo; “Negócio da China”, de Miguel Falabella e aquela que pode ser considerada como uma de suas melhores performances, a Zarolha do “remake” de Walcyr Carrasco para a obra original de Walter George Durst que se baseou no romance de Jorge Amado, “Gabriela”. Não por coincidência o mesmo autor que lhe deu o ótimo papel da produção recente das 21h. Na seara das minisséries, citemos “Amazônia, De Galvez a Chico Mendes”, de Gloria Perez, e “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor”, de Maria Adelaide Amaral. Com a aproximação do fim de “Amor à Vida”, Leona Cavalli, que está em cartaz com a peça “E Aí, Comeu?”, de Marcelo Rubens Paiva, como a Dra. Glauce, sai pela porta principal com o dever cumprido. E desejamos que retorne em breve e com mérito pela mesmíssima porta. A atriz, no enredo de Walcyr Carrasco, preencheu e assinou um “prontuário de excelente desempenho”, e este, Leona, não precisa ser escondido.
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Niko (Thiago Fragoso) é um profissional bem-sucedido, bonito, sensível e homossexual assumido. Mantinha uma união estável e feliz com Eron (Marcello Antony), um profissional bem-sucedido, bonito, sensível e homossexual mal resolvido. Desejavam constituir família. Recorreram à técnica da reprodução assistida a fim de que tivessem um filho. Todavia, as “barrigas solidárias” que a eles se apresentaram não os satisfizeram. “Solidárias” é tão somente um adjetivo plural simpático que deram para um procedimento que, em não poucos casos, envolve dinheiro alto. A até então amiga Amarylis (Danielle Winits), uma dermatologista do Hospital San Magno, que oferece aos seus pacientes hidradantes perfeitos para peles ressecadas, disponibiliza o seu ventre para gestar rebento do casal. Não exigiu nada. Porém, a todo o instante demonstrou veleidade de ser mãe, o que, de certo modo, já colocaria a situação pós-parto sob risco, no que tange a aspectos afetivos. Niko e Eron decidem de comum acordo doar cada um cota de material reprodutivo, com a condição de que nunca soubessem quem seria o pai biológico da criança. Amarylis sempre cultivou intenções escusas, haja vista que se ressentia intermitente pelo fato de não usufruir da maternidade. Aproveitou-se das ingenuidade e carência paternal de companheiros gays em casamento estruturado para saciar desejo íntimo. As tentativas de fertilização se mostraram infrutíferas. A médica, cujos cílios são “acusados” de postiços pelo mais novo vendedor de hot dogs da 25 de Março Félix (Mateus Solano), dá derradeiro golpe. Seduz o inseguro advogado, e o faz cometer adultério. A gravidez se consuma. Eis que surge “Império da Mentira”. Amarylis é o tipo de pessoa que entra nas vidas alheias com único propósito de destruí-las em causa própria. O que se sabe até então é que provável Fabrício, o bebê que nascera, não é filho legítimo da dupla de doutores, e sim fruto de bem realizada inseminação. A personagem de Danielle Winits assume com potente evidência o posto de vilã do núcleo. A loira (que revelou sua porção homofóbica) não poupou esforços para derribar, devastar relacionamento homoafetivo inacreditavelmente aceito pelo público (digo isso porque alguns pares românticos do sexo feminino foram banidos de enredos de folhetins por rejeição dos telespectadores). O que não se pode deixar de falar, dentro deste contexto, é que Niko e Eron, preocupados em não poder ter filhos como queriam, entraram com um pedido de adoção de um menino afrodescendente e crescido, Jaiminho (Kayky Gonzaga). Jaiminho, é duro afirmar, encontraria sérias dificuldades em ser adotado, pois percentagem considerável de potenciais pais se esquece de que vive num país com 50,7% de negros e pardos declarados (dados da Secretaria da Igualdade Racial e IBGE de 2013), e se julga habitante de nação europeia, dando prevalência a crianças brancas com olhos azuis para chamarem de suas. Não que estas não mereçam e devam ser também adotadas, simplesmente percebe-se distorção cultural e discriminatória. O carioca Thiago Fragoso, um jovem com larga experiência que iniciou sua trajetória nos palcos ainda infante no musical “Os Sinos da Candelária”, e que em momento algum deixara de se aperfeiçoar como artista, buscando lições de bons representantes do teatro como Amir Haddad, Juliana Carneiro da Cunha e Luis Melo, e feito inúmeros cursos de aprimoramento, inclusive no exterior, o que o levou a adquirir relevantes e indispensáveis aprendizados de interpretação, movimentos de corpo e colocação de voz, além da dança e canto, como o Niko de “Amor à Vida”, novela de Walcyr Carrasco exibida às 21h pela Rede Globo, um personagem “acima da lei”, amealha merecido destaque tomando-se por base as intensidade, honestidade e emoção com que vem burilando o seu papel. O ator, que contribuiu para que duas produções em que fora protagonista (“O Astro”, remake de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro da obra original de Janete Clair e “Lado a Lado”, de João Ximenes Braga e Claudia Lage) obtivessem o “Emmy Internacional de Melhor Novela”, ganhou a oportunidade do autor atual de ostentar distinta faceta do chef chamado de “carneirinho” pelo principal antagonista da trama, Félix, e que possivelmente poderá se redimir graças aos carinho, compreensão e atenção de que tanto necessita oferecidos por aquele. Com as maldades calculadas de Amarylis e a passividade de Eron, Niko vem revelando enormes forças na personalidade, determinação e percepção aguçada, e por fim, uma virilidade que talvez não se veja em muitos “homens”. Ardis como a super avaliação do imóvel cuja parte comprou, a traição em si e a perda da guarda provisória de Jaiminho o tornaram oponente não fácil de lutar. Assim, Thiago, que estreou nos cinemas em “A Partilha”, de Miguel Falabella e dublou filmes, como a animação “Ratatouille” e “A Origem dos Guardiões”, e surgiu na TV na série “Confissões de Adolescente”, emendando com “Malhação”, confirma a sua excelência como intérprete. Fragoso possui incontáveis participações nos veículos audiovisuais e teatro. Telenovelas como “Laços de Família”, “Perdidos de Amor”, “O Clone” (surpreendeu a todos como o dependente químico Nando, a ponto de receber o Prêmio Austregésilo de Athayde), “Agora É Que São Elas” (em que viveu um vilão), “Senhora do Destino” e “Araguaia”. Foi o Príncipe Rabicó do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. Brilhou na minissérie “A Casa das Sete Mulheres” e emocionou como Pery Ribeiro em “Dalva e Herivelto, Uma Canção de Amor”. Envolveu-se nos dilemas e conflitos espíritas de Marcos na segunda versão de “O Profeta”, de Duca Rachid e Thelma Guedes, que se inspiraram em Ivani Ribeiro. No seriado “Sexo Frágil”, dentre tantos dos quais participou, somando-se a humorísticos e especial, travestiu-se e se assemelhou a uma diva hollywoodiana. Jamais preteriu a ribalta, e reverenciou nomes como Shakespeare (“Romeu e Julieta”), Nelson Rodrigues (“Beijo no Asfalto”), Frank Wedekind (“O Despertar da Primavera”), Tom Stoppard (“Rock N’ Roll”), Sam Shepard (“Mente Mentira) e Jandira Martini e Marcos Caruso (“Sua Excelência, O Candidato”). Câmeras cinematográficas o focaram em “Xuxa e os Duendes – No Caminho das Fadas”, “Um Show de Verão”, “Trair e Coçar É Só Começar”, “Irma Vap – O Retorno”, “Caixa Dois” e “Ouro Negro – A Saga do Petróleo Brasileiro”. E no segmento da música, gravou um clipe com nova versão de faixa da trilha sonora de “High School Musical 2”. Thiago Fragoso, ao personificar Niko em “Amor à Vida”, não somente dá um importante passo em sua história, mas colabora de forma excelsa para que se dirima com sucesso, no todo ou em parte, alguns nefandos preconceitos que se arraigaram em conscientes coletivos. Se Niko é um chef de restaurante, e quer apenas ser um chefe de família, Thiago Fragoso é, sem dúvida, “chefe da sua interpretação”.








