Eliane Giardini e Marcos Caruso interpretam respectivamente Roberta e Mariano, um casal que após quatro décadas de convivência decide se separar/Foto: Eduardo Chamon
Leilah Assumpção, autora do clássico teatral “Fala Baixo Senão Eu Grito”, usa a sua narrativa como palco para discussões sobre etarismo, sexo na maturidade e machismo
Falar dramaturgicamente sobre o processo de envelhecimento do indivíduo sem resvalar para a depreciação gratuita requer profunda delicadeza e olhar sensível de quem o faz. Sendo assim, não é de se espantar que a autora do texto da comovente, humanista e engraçada peça “Intimidade Indecente”, com dois gigantes intérpretes queridíssimos no país, Eliane Giardini e Marcos Caruso, tenha a valiosa assinatura de Leilah Assumpção, dona do clássico teatral “Fala Baixo Senão Eu Grito”. Leilah nos conta de forma bastante espontânea e próxima a trajetória de um casal, Roberta e Mariano, que decide se separar após 40 anos de vida em comum quando ambos já passaram dos 60 anos. A questão chave é que embora um e outro tomem rumos diferentes, o forte laço que os une nunca se rompe. A dramaturga usa com inteligência e espirituosidade a sua narrativa como palco para discussões sobre etarismo, sexo na maturidade, machismo, outras possibilidades de afeto, abandono familiar e perdas.
A direção de Guilherme Leme Garcia, confiando nos talentos de Eliane Giardini e Marcos Caruso, permite-lhes uma bem-vinda liberdade
Guilherme Leme Garcia, o diretor, ciente da potência em cena que são os seus atores, assumindo total confiança em seus talentos, permite-lhes uma bem-vinda liberdade, usando com equilíbrio o centro da ribalta e seu proscênio com belos momentos. Eliane Giardini e Marcos Caruso são artistas superlativos em sua essência, grandiosos em tudo o que fazem. Nos embates entre seus personagens, “bate-bolas” memoráveis, alcançam os mesmos níveis de graça e dramaticidade em frações de segundo para o delírio da plateia, que acompanha com sincera empatia os caminhos e descaminhos desse casal. Toni Rodrigues, diretor de movimento, realiza com notável credibilidade a transformação postural de Eliane e Marcos, que dispensam quaisquer outros recursos facilitadores. Aurora dos Campos, consagrada cenógrafa, sabedora da natureza do espetáculo (um espetáculo de e para atores), aposta na unicidade de um sofá claro. A luz de Tomás Ribas é precisa, cuidadosa, bonita e elegante, dando espaço a focos intimistas e a um inebriante azul. Aline Meyer, diretora musical, cumpre com êxito o seu papel de embelezar a montagem com arranjos ao piano. “Intimidade Indecente” é uma irresistível e tocante comédia que reafirma a importância de Leilah Assumpção como autora teatral e Eliane Giardini e Marcos Caruso como atores. Esta é uma verdade pública e decente.
Diogo Vilela revive o grande artista niteroiense que imortalizou canções como “Conceição”/Foto: Victor Zorzal
A brilhante trajetória de Diogo Vilela nos palcos está atrelada às suas memoráveis homenagens a Cauby Peixoto
Quando se pensa na brilhante trajetória de Diogo Vilela pelos palcos é impossível não associá-la às suas memoráveis homenagens a um de nossos maiores cantores, Cauby Peixoto. Baseado no repertório de “Cauby, Cauby!” (2006), o talentosíssimo intérprete também da TV e do cinema, revive em seu mais novo espetáculo musical a voz de “Conceição”, “Cauby, Uma Paixão”, com roteiro de Flavio Marinho e direção de Marco Aurélio Monteiro. Marco realiza com maestria um amálgama perfeito entre dramaturgia e show, tornando a montagem infalivelmente encantadora e emocionante. Flavio Marinho, um craque no manejo das palavras, incrementa o seu texto com uma fina ironia o adaptando aos tempos atuais, abordando, por exemplo, as fake news. Um dos grandes méritos da obra é saber intercalar os impecáveis números musicais com as cenas em que Diogo, como Cauby, conversa com o público usando todo o seu carisma sobre passagens da vida e carreira do artista, como a estada nos Estados Unidos.
Diogo Vilela arrebata o público com sua voz potente e a sua dedicação a nos aproximar ao máximo da figura do artista niteroiense
Diogo Vilela, com ótimo visagismo de Mona Magalhães, trajando o brilho inconfundível do ídolo (acervo pessoal de Cauby), certifica-nos sobre a completude de seu talento, arrebatando o público com sua voz potente, afinada, com extensões e graves arrepiantes. O ator se ateve a todos os detalhes que pudessem nos aproximar ao máximo do cantor niteroiense, como as posições e deslocamentos das mãos, além da semelhança incrível com as notas da sua entonação vocal/musical.
“Cauby, Uma Paixão” é uma lindíssima e tocante encenação que mostra o quanto a musicalidade dos nossos atoresdeve ser reverenciada
Cabe destacar o virtuosismo dos três músicos que o acompanham: Roberto Bahal no piano, Helbe Machado na bateria e Fernando Trocado no sax/sopros. A charmosa e envolvente direção de arte de Ronald Teixeira se soma à inebriante luz de Daniela Sanchez que nos transporta para o universo mágico do homenageado. Liliane Secco se encarrega com primor da direção musical, que inclui desde o clássico “Bastidores” passando pela bossanovista “Samba do Avião” até standards como “New York, New York”. “Cauby, Uma Paixão”, lindíssima e tocante encenação, mostra-nos o quanto o nosso país é musical e o quanto a musicalidade dos nossos atores deve ser reverenciada. Não só Cauby Peixoto é uma paixão. Diogo Vilela também.
Vera Fischer, Mouhamed Harfouch e Larissa Maciel estrelam a comédia dirigida por Tadeu Aguiar/Foto: Carlos Costa
O dramaturgo Eduardo Bakr consegue reunir com sucesso em sua comédia inédita doses de drama e suspense com reviravoltas surpreendentes
O público brasileiro de teatro ansiava pela sua volta. O mesmo público ansiava por leveza nos palcos nesses tempos nada leves. E é justamente a leveza aliada a um humor farsesco burilado com pitadas de drama num contexto de suspense com múltiplas reviravoltas que a deliciosa comédia de Eduardo Bakr “Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito” oferta aos espectadores. A muitíssimo bem alinhavada dramaturgia se concentra na figura de Dulce Carmona (Vera Fischer), uma mãe castradora, elitista, em declínio financeiro e preconceituosa, confrontada com o casamento próximo de seu filho inconstante e um tanto infantilizado Lauro (Mouhamed Harfouch) com a fútil e aparentemente superficial Gardênia (Larissa Maciel), herdeira de um império dos parafusos, porcas e arruelas. A partir do primeiro encontro entre as futuras sogra e nora regado a trocas de farpas impiedosas para o desespero histriônico de Lauro até a efetivação do matrimônio, a montagem ganha um fôlego crescente com as situações apresentadas, tendo como efeito mais do que positivo o interesse da plateia pelo desfecho imprevisível.
A direção inteligente e fluida de Tadeu Aguiar permite que seu elenco de grandes atores, Vera Fischer, Larissa Maciel e Mouhamed Harfouch preencham ricamente suas cenas
Além do mérito dramatúrgico e da direção, a produção pode se jactar em ter em seu elenco três grandes intérpretes que são sobejos em seus recursos cênicos. A direção de Tadeu Aguiar, inteligente e fluida, permite que o texto siga um curso vitorioso, deixando os atores preencherem com riqueza a cena. Vera Fischer, sempre diva, compõe com força, sedução e sarcasmo a sua irresistível mãe. Vera é Vera, encanta mesmo sem querer. Larissa Maciel, esbanjando beleza, prova ser uma atriz com talento de sobra para se embrenhar com segurança no traiçoeiro terreno da comédia. Já Mouhamed Harfouch, um artista fascinante e carismático, entrega-se de tal forma a todas as possibilidades corporais, incluindo sua fala construída, sem rede de proteção, que só nos resta aplaudi-lo. Um ator de mãos dadas com a comicidade.
Com equipe técnica de primeira, “Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito” nos faz lembrar do sentimento que devemos ter pelo teatro
A trilha sonora original coube à respeitada Liliane Secco, que cria arranjos ao piano e acordes que remetem ao suspense. O admirável cenário de Natália Lana prima pela grandiloquência, com escadaria, cortinas e lustre portentosos. Os figurinos de Ney Madeira e Dani Vidal ostentam elegância e coerência. O design de luz de Daniela Sanchez é lindamente balanceado, aproveitando os matizes que lhe são viáveis. “Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito” é uma obra adoravelmente divertida e sensível que nos faz lembrar depois de tanto tempo que devemos voltar a amar o teatro sempre “desse jeito”.
Em uma das fábulas morais de “Tudo” Vladimir Brichta e Julia Lemmertz, ele um artista plástico e ela uma servidora de repartição pública/Foto: Flavia Canavarro
Julia Lemmertz, Dani Barros, Vladimir Brichta, Claudio Mendes e Márcio Vito interpretam os personagens ou mais de um das três fábulas morais que compõem a narrativa da peça
A obra do argentino Rafael Spregelburd levada aos palcos pelas mãos habilidosas e olhar crítico do diretor, tradutor e adaptador Guilherme Weber traz à baila temas que nos são muito caros, além de universais e atemporais, a burocracia no Estado, a arte que invariavelmente se transforma em negócio e a religião que se torna superstição. Topou se entregar neste promissor debate cênico um time de atores de alto calibre interpretativo que se equivalem no rico despudor de contar ao público em forma de fábula moral todas as incongruências e contrariedades inerentes aos assuntos em pauta: Julia Lemmertz, Dani Barros, Vladimir Brichta, Claudio Mendes e Márcio Vito. Dividida em três situações e ambientes, uma repartição pública, uma festa de Natal e a casa de um casal, com a presença de um narrador, a peça não se furta a adotar um escancarado nonsense muito bem servido pela notável expressividade física de seu elenco. Não faltam ao discurso teatral referências com propriedade à mitologia grega e episódio bíblico.
Com fascinante integração entre ator e texto, feito conquistado por seu diretor Guilherme Weber, assistir a “Tudo” é uma forma de exorcizar alguns de nossos medos
Guilherme Weber atinge fascinante integração entre atores e texto, ocupando dinamicamente o perímetro da ribalta. Cada artista tem o seu grande momento na montagem, não importando se de modo cômico, dramático ou tragicômico. O espetáculo está assaz bem amparado em seus aspectos técnicos. A cenografia crua com elementos industriais/tecnológicos de Dina Salem Levy, a iluminação instigante de Renato Machado com luzes fosforescentes, os figurinos pertinentes, entre o sóbrio e o extravagante, de Kika Lopes, a trilha original de elevado bom gosto com alusões ao tango de Rodrigo Apolinário e a primorosa preparação corporal de Toni Rodrigues completam um painel estético que se agrega sobremaneira à excelência da produção. É impossível não identificar em “Tudo” uma conectividade com a realidade nossa de cada dia, despertando-nos emoção, reflexão e diversão. “Tudo”, em certo momento, fala-nos sobre não sentir medo. Ir ao teatro e assistir a “Tudo” é uma forma de exorcizar alguns de nossos medos. E isso é tudo.
Alanis Guillen vive a arredia Juma Marruá no remake de “Pantanal”/Foto: TV Globo/João Miguel Júnior
“Pantanal” conta a saga de uma família em uma região que nos é tão distante mas ao mesmo tempo tão íntima
As dúvidas quanto ao sucesso de uma novela fazem parte de sua realização. As dúvidas quanto ao sucesso de um remake são ainda maiores. Bruno Luperi, indômito como um peão, recebeu o aval de seu avô, o grande contador de causos Benedito Ruy Barbosa, para adaptá-la para a Rede Globo em seu horário nobre (Bruno foi um dos colaboradores de Benedito em “Velho Chico”, novela exibida em 2016 pela mesma emissora). Desde a sua estreia no final de março o país tem parado em frente à TV para acompanhar a saga de uma família em uma região que nos é tão distante mas ao mesmo tempo tão íntima. A trama, que conta com a magistral e inebriante direção artística de Rogério Gomes e Gustavo Fernández, resgata profundamente o Brasil que estava silenciado dentro de nós. Além de nos entreter e emocionar, os capítulos de “Pantanal” despertam a nossa consciência sobre o inacreditável patrimônio ambiental que possuímos, recrudescendo nossas ânsias de luta em preservá-lo (e a nós mesmos).
O elenco da trama das 21hassume com brilho a alma dos personagens
Ademais, não são vezeiras as ocasiões em que se reúne em uma obra, dentre revelações e veteranos, tantos atores que assumiram com brilho a alma de seus personagens. Alanis Guillen, como Juma, transforma o selvagem em belo, encantando-nos com seu enorme talento. Par perfeito de Alanis, Jesuita Barbosa nos causa distintas emoções com a complexa construção de seu Jove. E o que se pode dizer da firmeza de Guito (Tibério), do magnetismo de Gabriel Sater (Trindade), da sensibilidade de José Loreto (Tadeu), do desejo ensandecido de Leandro Lima (Levi) e da crueza desconcertante de Juliano Cazarré (Alcides)? E a jovem atriz Bella Campos que transita tão bem pela ambiguidade de Muda? Quanta luz e força há em cena quando vemos Osmar Prado (Velho do Rio), Marcos Palmeira (José Leôncio), Dira Paes (Filó), Almir Sater (Eugênio), Irandhir Santos (José Lucas), Camila Morgado (Irma), Murilo Benício (Tenório), Isabel Teixeira (Maria Bruaca) e Selma Egrei (Mariana). Julia Dalavia, como Guta, mistura doçura e maturidade em seus momentos. Todos são potências naturais do Pantanal.
História, música e imagens provocam a contemplação do público
“Pantanal”, com sua história envolvente, lindas trilha sonora (produção musical de Rodolpho Rebuzzi e Rafael Luperi) e imagens (direção de fotografia de Sergio Tortori e Henrique Sales) e realismo mágico fascinante, torna-nos mais contemplativos, serenos, em meio a um panorama atual do mundo tão desolador e triste. “Pantanal” nos faz juntar os pedaços de palavras de Juma e escrever “ESPERANÇA”.
O ator Paulo Lessa é um dos protagonistas de “Cara e Coragem”, como o segurança Ítalo/Foto: TV Globo/Sergio Zalis
“Cara e Coragem”, novela de Claudia Souto, estreia com Taís Araujo, Paulo Lessa e Ícaro Silva como alguns de seus protagonistas, respeitando um nobreanseioartísticodo saudoso Milton Gonçalves
Não terá sido apenas uma coincidência que no dia da estreia de “Cara e Coragem”, novela das 19h da Rede Globo criada e escrita por Claudia Souto, com direção artística de Natalia Grimberg, na segunda-feira passada, um de nossos maiores nomes da teledramaturgia, Milton Gonçalves, tenha deixado o país mais triste com a sua partida. A conexão se dá pelo fato da eletrizante e divertida trama de Claudia conter em seu elenco três atores negros defendendo papéis protagonistas, Taís Araujo, Paulo Lessa e Ícaro Silva. Seu Milton defendia e lutou abertamente pela supressão dos estereótipos atribuídos aos artistas negros na seleção dos personagens. “Cara e Coragem” é o resultado positivo da batalha pessoal do “negro em movimento” Milton Gonçalves.
Paulo Lessa, que também é modelo, já possui uma bem-sucedida carreira publicitária, além de ter feito inúmeras participações na TV em novelas e seriados
Este introito nos serve para falar um pouco mais desse jovem, bonito e talentoso intérprete, neto da grande dama Cléa Simões, Paulo Lessa, um carioca também modelo que quase foi para a Europa jogar futebol profissional, mas que se rendeu à sua verdadeira vocação, atuar. Claro que a sua popularidade aumentará com Ítalo, seu personagem no folhetim, um segurança inteligente, charmoso e bem-sucedido apaixonado pela empresária Clarice Gusmão, Taís Araujo (o casal conquistou o público). No entanto, Paulo já traz consigo uma consistente carreira na televisão, desde que estreou com uma participação em “A Favorita”, novela de João Emanuel Carneiro reprisada no momento na Rede Globo. Em seguida, na mesma emissora, provou que podia muito mais, dessa vez com um papel fixo, o arquiteto Mário, em “Viver a Vida” (2009), de Manoel Carlos. O ator foi visto em múltiplas campanhas publicitárias, em sua maioria solares e destinadas ao público jovem, que poderia se identificar com o seu perfil. Nos últimos anos ocupou lugar de destaque nos folhetins da RecordTV “Belaventura” (o caçador de recompensas Accalon), “Jesus” (o nômade Goy) e “Gênesis” (o general egípcio Bakari). No primeiro capítulo de “Cara e Coragem” vimos que Paulo está bem à vontade e seguro como Ítalo, o que lhe permitirá mostrar todo o seu potencial. Paulo Lessa, que foi o compositor Sinhô em filme sobre Pixinguinha, com cara, coragem e brilho saberá fazer valer o glorioso legado de Seu Milton Gonçalves.
Romulo Estrela, na frente à direita, junta-se à CiaTeatro EPIGENIA, fundada pela atriz Luciana Fávero e Gustavo Paso, autor e diretor do espetáculo/Foto: Luciana Salvatore
Romulo Estrela incorpora com brilhantismo o personagem-título da adaptação da obra machadiana, que reproduz com beleza elementos góticos e expressionistas, além de adotar um tom farsesco/burlesco
Revolver a riquíssima literatura machadiana forjando o seu encontro com as aberrações políticas vigentes do país não é das tarefas mais tranquilas. Destemidos, os autores Celso Taddei e Gustavo Paso (também diretor) se inspiraram livremente em um dos contos mais celebrados do “Bruxo do Cosme Velho” para realizar o mais novo espetáculo da CiaTeatro EPIGENIA, “O Alienista” (1882). À companhia, que completa 22 anos, juntou-se um dos atores mais talentosos e requisitados de sua geração, Romulo Estrela, a quem coube a desafiadora missão de incorporar o lunático e tirânico personagem-título, o alienista Dr. Simão Bacamarte. Romulo se despe brilhantemente de sua persona executando um trabalho de construção de personagem arrebatador, memorável em todos os detalhes, desde a postura física até a entonação de sua voz. A potente montagem, que nos entrega com beleza elementos góticos e expressionistas, mostra o insano périplo do cientificista que ambiciona dominar o mundo, utilizando-se de seus estudos duvidosos que objetivam tornar os homens manipuláveis. Num tom farsesco/burlesco, Simão tem que se aproximar de políticos espúrios adeptos da promíscua equação religião/política a fim de colocar em prática o seu intento de edificar um asilo, a Casa Verde, cuja proposta é confinar sem critérios estabelecidos todos os “loucos” da metrópole Itaguaí.
“O Alienista” busca a lucidez de suas plateias em um Brasil chafurdado por uma classe dirigente insana e enlouquecida, os reais pacientes de Simão Bacamarte
A direção apaixonada de Gustavo Paso se alimenta de doses consideráveis de acidez, comicidade e crítica social, valendo-se apropriadamente de recursos cênicos como o coro grego, a pantomima e até mesmo a commedia dell’arte com tintas mais sombrias. Contando com um numeroso elenco de atores/cantores adoráveis, como os ótimos Gláucio Gomes, Vitor Thiré, Tecca Maria e Luciana Fávero (fundadora da companhia ao lado de Gustavo Paso), além de Tatiana Sobral, Samir Murad, Dodi Cardoso, Renato Peres, Anna Hannickel, Laura Canabrava, Renato Ribone, Erick Villas e Eduardo Zayit, o encenador se favorece com a imponência do cenário criado pelo próprio (ele assina a direção de arte), possuidor de mais de um plano com rampas, entradas e escadas com apostas no branco, no preto e no cinza. Os figurinos de Graziella Bastos, assaz originais e eloquentes, ostentam caráter distópico/apocalíptico. A sublime trilha original executada ao vivo por André Poyart transita pelo lúgubre, pelo suspense, sem se distanciar do belo (reserva-se em momento oportuno uma emocionante surpresa com efeitos catárticos). A soberba iluminação de Paulo Cesar Medeiros enleva o público com sua sabedoria estética entre sombras, focos e gerais. O visagismo de Gustavo Paso, Graziella Bastos e Renato Ribone nos impacta pela sua força expressiva. “O Alienista”, com sua pujança textual e cênica, não só presta uma homenagem a Machado de Assis, mas o usa como instrumento legítimo para buscar a lucidez de suas plateias em um Brasil chafurdado por uma classe dirigente alienada, enlouquecida e insana, os reais pacientes de Simão Bacamarte.
A atriz e produtora Mariana Ximenes na edição comemorativa dos 20 anos da São Paulo Fashion Week, no Parque Cândido Portinari.
Paulistana, Mariana começou a se interessar pelas Artes Cênicas já na infância quando montou a sua primeira peça no colégio onde estudava.
Tempos depois, decidida a seguir a carreira artística estudou no Teatro Escola Célia Helena.
Estreou na TV muito jovem, com apenas 17 anos, na novela escrita por Walcyr Carrasco e exibida pelo SBT “Fascinação”, representando a personagem Emília.
Ainda neste mesmo ano, 1998, fez a sua estreia na Rede Globo participando de um episódio de “Você Decide” e do especial de fim de ano “Sandy & Junior”.
A estreia em telenovelas da emissora carioca foi vista no horário das 19h em uma trama de Euclydes Marinho, “Andando nas Nuvens”, em que interpretou a noviça Celina (Prêmio Qualidade Brasil Atriz Revelação).
Após uma rápida participação no folhetim “Força de um Desejo”, a artista sente o gosto do sucesso, principalmente entre as crianças, ao defender Bionda, papel criado por Carlos Lombardi para a sua história das sete da noite “Uga Uga” (recebeu o prêmio Qualidade Brasil Melhor Atriz, além do prêmio de Atriz Revelação no quadro “Melhores do Ano” no extinto “Domingão do Faustão”).
Sua próxima aparição na teledramaturgia da Globo ocorreu em um episódio da série “Brava Gente” (chegou a fazer um outro episódio mais tarde), sendo chamada posteriormente para integrar o elenco de sua segunda novela de Walcyr Carrasco, “A Padroeira” (viveu Izabel de Avelar).
A seguir vieram escalações para diferentes produções, como “Os Normais” e a “A Turma do Didi”.
Em 2003 faz a sua primeira minissérie na emissora, o drama histórico de Letícia Wierzchowski adaptado por Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, “A Casa das Sete Mulheres” (na obra, encarnou uma das sete corajosas mulheres que se veem ameaçadas durante a Revolução Farroupilha, Rosário).
Neste mesmo ano ganha o seu primeiro protagonismo em novelas ao personificar a heroína romântica Ana Francisca de “Chocolate com Pimenta”, escrita por Walcyr Carrasco para a faixa das 18h (esta produção de época foi um êxito de público e crítica).
Sua primeira oportunidade em estar numa trama do horário nobre veio com “América”, de Gloria Perez, cujo tema central era a emigração de brasileiros para os Estados Unidos e todas as adversidades por que passam até chegar lá, inclusive quando o conseguem (a Mariana coube o papel da rebelde Raíssa, que se destacou na produção).
Em seguida à boa repercussão de Raíssa, a intérprete marcou presença na minissérie “JK”, de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, além de ser uma das artistas principais do folhetim das sete de João Emanuel Carneiro, “Cobras & Lagartos”, como Bel, uma violoncelista órfã.
Outra telenovela importante em que assumiu uma das personagens centrais foi a eletrizante e elogiada “A Favorita”, de João Emanuel Carneiro, em 2008 (nesta obra, que elevou o autor a outro status, a atriz deu vida a Lara Fontini, filha da grande vilã da história, Flora, Patrícia Pillar).
Mais um momento marcante em sua carreira a esperava, incorporar sua primeira vilã, a Clara de “Passione”, de Silvio de Abreu (a vilania assistida no horário nobre era compartilhada com Reynaldo Gianecchini, Fred).
Dois anos depois, em 2012, estava de volta às produções televisivas, como “As Brasileiras” (protagonizou o episódio “A Adormecida de Foz do Iguaçu”) e o remake de “Guerra dos Sexos”, de Silvio de Abreu (a artista reviveu Juliana, personagem de Maitê Proença na versão original de 1983).
Seu próximo folhetim foi o vencedor do Emmy Internacional “Joia Rara”, de Thelma Guedes e Duca Rachid, no qual incorporou a vedete de cabaré Aurora Lincoln.
Em 2014 retorna à popular sitcom “A Grande Família” (já havia participado do longevo seriado em 2003).
Uma de suas atuações mais populares, em que pôde mostrar grande domínio da comédia, observou-se em “Haja Coração”, de Daniel Ortiz, novela levada ao ar em 2016 (“Haja Coração” é uma releitura de um dos maiores sucessos de Silvio de Abreu, “Sassaricando”, de 1987; Mariana recriou com brilho a espevitada feirante Tancinha, papel de Claudia Raia na primeira versão).
Ainda em 2016 assumiu um dos principais papéis da série de terror “Supermax”.
Foi vista como Adalgisa Bastos na minissérie de Ricardo Linhares “Se Eu Fechar Os Olhos Agora”, baseada no livro homônimo de Edney Silvestre.
Está na segunda temporada da série do Globoplay “Ilha de Ferro”, de Max Mallmann e Adriana Lunardi, como a Dra. Olívia Mossen.
A atriz possui um currículo invejável na área cinematográfica, na qual, além de atuar, produziu e dublou.
Em quase 40 filmes, entre longas e curtas-metragens, Mariana deu a sua contribuição para as produções “Caminho dos Sonhos”, de Lucas Amberg (sua estreia); “Dias de Nietzsche em Turim”, de Júlio Bressane; “O Invasor”, de Beto Brant (Melhor Atriz Coadjuvante no Festival do Recife; Prêmio Qualidade Brasil Melhor Atriz Coadjuvante; Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Melhor Atriz Coadjuvante); “O Homem do Ano”, de José Henrique Fonseca; “Gaijin – Ama-me como Sou”, de Tizuca Yamasachi; “A Máquina”, de João Falcão; “Muito Gelo e Dois Dedos D’Água”, de Daniel Filho; “A Mulher do Meu Amigo”, de Cláudio Torres; “Bela Noite Para Voar”, de Zelito Viana; “Hotel Atlântico”, de Suzana Amaral; “Quincas Berro D’Água”, de Sérgio Machado; “Os Penetras”, de Andrucha Waddington; “O Gorila”, de José Eduardo Belmonte; “O Uivo da Gaita”, de Bruno Safadi; “Para Sempre Teu, Caio F.”, documentário de Candé Salles; “Quase Memória”, de Ruy Guerra; “Zoom”, de Pedro Morelli; “Prova de Coragem”, de Roberto Gervitz; “Uma Loucura de Mulher”, de Ligocki Jr.; “Um Homem Só” (Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Gramado), de Cláudia Jouvin; “Os Penetras 2 – Quem Dá Mais?”, de Andrucha Waddington; “D.P.A. – O Filme”, de André Pellenz; “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues; “L.O.C.A. – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor”, de Cláudia Jouvin; e “Capitu e o Capítulo”, de Júlio Bressane, ainda sem data de estreia.
No teatro, encenou quase uma dezena de espetáculos, além de ocupar as funções de consultora de projetos incentivados e gerente de planejamentos.
Algumas de suas peças que podemos destacar estão “A Rosa Tatuada”, de Tennessee Williams (contracenou com Louise Cardoso); o espetáculo “A Paixão de Cristo” (como Maria); “Os Lusíadas”; “Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues; “Os Altruístas”, de Nicky Silver (direção de Guilherme Weber); e “Cara Palavra” (espetáculo on-line montado em 2020 com as atrizes Andréia Horta, Débora Falabella e Bianca Comparato).
Atualmente, Mariana Ximenes, uma das mais belas e talentosas atrizes de sua geração, encanta o público de TV com uma belíssima e delicada interpretação, desde já um marco em sua carreira, como Luísa, a Condessa de Barral, na novela criada e escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção artística de Vinícius Coimbra, “Nos Tempos do Imperador”, exibida às 18h na Rede Globo.
Seu Jorge é o protagonista do filme de estreia de Wagner Moura na direção/Foto: Divulgação
Após ser recebido com sucesso há dois anos no Festival de Berlim, excelente filme de estreia de Wagner Moura como diretor finalmente é lançadono país
Dois anos se passaram até que o público brasileiro tivesse o privilégio de assistir à estreia espetacular de Wagner Moura como diretor de filmes. Seu auspicioso début não poderia ter sido mais apropriado aos tempos sombrios em que vivemos, com a democracia sendo ameaçada frequentemente pelas altas esferas do poder. “Marighella” (2019), inspirado no livro “Marighella: O Guerrilheiro Que Incendiou O Mundo” (2012), do jornalista Mário Magalhães, exibido e aclamado no Festival de Berlim, resgata com brilhantismo parte da trajetória marcante do poeta e deputado baiano que decidiu aderir à luta armada para enfrentar a truculência da ditadura militar no Brasil (1964-1985).
O pujante roteiro de Felipe Braga e Wagner Moura oferece ao público uma espiral crescente de tensão mostrando explicitamente muitos dos horrores praticados pelo regime militar brasileiro
Desde a doída separação de seu filho Carlinhos (Renato Assunção e Francisco Matheus Bacelar de Araújo em diferentes fases; os dois jovens intérpretes se saem bem), deixado em Salvador, e de sua mulher Clara (Adriana Esteves) em São Paulo, até as confabulações logísticas de Carlos Marighella, o “Preto” (Seu Jorge, magistral), com o seu grupo político, no período de 1964 a 1969, quando é brutalmente executado, o longa, sustentado pelo pujante roteiro de Felipe Braga e Wagner Moura (alguns de seus diálogos contêm fina ironia), fisga os espectadores com sua espiral crescente de tensão e cenas dos horrores reais perpetrados pelo regime autoritário, representados por um visceral e assustador Bruno Gagliasso (Delegado Lúcio).
TendoChico Science & Nação Zumbi em sua trilha, “Marighella” é a prova de que o seu diretor estreante não só é hábil e talentoso como também é um filho que não foge à luta
Com um plano-sequência inicial que já se tornou histórico, flashbacks e cenas de ação de se tirar o fôlego, “Marighella” possui parcela significativa de takes registrados por steadycam, o que lhe confere extremo dinamismo e realismo. Merecem destaque a montagem vertiginosa de Lucas Gonzaga, a impecável direção de arte de Frederico Pinto, a estudada, por vezes crua e seca, fotografia de Adrian Teijido e a valiosa música de Antonio Pinto (a impactante canção de Chico Science & Nação Zumbi “Monólogo ao Pé do Ouvido” está na trilha). O elenco formidável é composto por um time engajado: Herson Capri (o jornalista Jorge Salles), Luiz Carlos Vasconcelos (Almir), Humberto Carrão (Humberto), Ana Paula Bouzas (Maria), Bella Camero (Bella), Adanilo (Danilo), Jorge Paz (Jorge), Charles Paraventi (Bob), Rafael Lozano (Rafael), Brian Townes (Wilson Chandler), Henrique Vieira (Frei Henrique) e Guilherme Ferraz (Guilherme). A irrepreensível preparação de elenco ficou a cargo de Fátima Toledo, responsável por produções como “Cidade de Deus” e “Cidade Baixa”. “Marighella”, em cartaz nos cinemas e lançado no último dia 4 no Globoplay, é uma obra devastadoramente urgente e patriota que nos prova que Wagner Moura não só é um hábil e talentoso cineasta como também é um filho que não foge à luta.
Valentina Herszage (Flávia), Wladimir Brichta (Neném), Mateus Solano (Guilherme) e Giovanna Antonelli (Paula) são os quatro protagonistas de “Quanto Mais Vida, Melhor!”/Foto: João Miguel Júnior/Globo
“Quanto Mais Vida, Melhor!” se encaixa com perfeição na faixa das 19h pois consegue com grande êxito abraçar o espírito e os gêneros que a caracterizam
Tramas das 19h costumam invariavelmente inserir em suas narrativas doses de leveza, comédia, ação, fantasia e aventura. Núcleos dramáticos são mais raros. O público cativo deste horário já imagina o que irá encontrar. Com a primeira novela inédita da Rede Globo nesta faixa após a pandemia (incluída com propriedade no texto), “Quanto Mais Vida, Melhor!”, criada e escrita por Mauro Wilson (“A Mulher Invisível” e “Doce de Mãe”, obras vencedoras do Emmy Internacional) os telespectadores encontraram tudo isso e muito mais. Vale dizer com camadas extras de qualidade. A aguardada produção escrita com Marcelo Gonçalves, Mariana Torres e Rodrigo Salomão reuniu quatro protagonistas bastante carismáticos e talentosos: Mateus Solano, Wladimir Brichta, Giovanna Antonelli e Valentina Herszage (a atriz despontou como a apresentadora Hebe Camargo nos filme e série homônimos). Os três primeiros possuem forte vocação para o humor, cabendo todavia a Mateus a responsabilidade pelo drama, exercendo-a com linda dignidade.
Os quatro protagonistas terão um encontro ao acaso em uma viagem de avião que marcará de vez as suas vidas
Na inventiva e bem urdida história de Mauro Wilson, com direção geral de Pedro Brenelli e artística de Allan Fiterman, Mateus Solano interpreta o arrogante e vaidoso cirurgião Guilherme, que vai mal no casamento com a ex-modelo internacional Rose (Bárbara Colen estreando com brilho em novelas depois de sua bem-sucedida passagem pelos cinemas em longas-metragens como “Aquarius” e “Bacurau”). Carol Macedo representa Rose na mocidade quando desfilava nas passarelas de Roma. A ex-modelo enfrenta a resistência ao seu casamento de sua sogra, a pernóstica Celina (Ana Lúcia Torre), cujo marido Daniel Monteiro, Tato Gabus Mendes, adota uma postura neutra. Os dois intérpretes, com suas experiências, conferem enorme credibilidade ao casal. Matheus Abreu recebeu a missão de personificar Antônio, filho de Guilherme, a quem confronta, e Rose. Mariana Sousa Nunes integra o núcleo do médico como Dra. Joana, que já em sua primeira aparição demonstrou ter ciúme de Guilherme. Wladimir Brichta compõe com charme e ironia Neném, um decadente jogador de futebol que já foi o camisa 10 da seleção brasileira além de fazer parte do escrete do Flamengo. Quando jogou no exterior, conheceu Rose, por quem se apaixonou. O jovem ator a quem coube defender Neném nesta fase se chama Leonardo Zanchin. O simpático jogador tem duas filhas, Martina (Agnes Brichta, filha de Wladimir) e Bianca (Sara Vidal), uma de cada casamento. Martina é filha de Jandira (Micheli Machado) e Bianca é filha de Betina (Carol Garcia). Todas moram na mesma casa com o ex-marido, que voltou a viver com a mãe Nedda devido ao seu complicado momento financeiro. Nedda, dona de um salão de beleza que sofreu os reveses da pandemia, é desempenhada pela ótima Elizabeth Savala, que imprime à sua personagem um ar de mãe acolhedora e compreensiva. Marcos Caruso encarna com a categoria de sempre o técnico de Neném, Osvaldo. A única chance que resta ao atleta é fazer um teste para a Ponte Preta em São Paulo. Giovanna Antonelli defende com saborosa desenvoltura a empoderada, agora falida, empresária dos cosméticos Paula Terrare. Sua empresa, a Terrare Cosméticos, também sofreu com a pandemia. Bruno Cabrerizo, esbelto e convincente, interpreta o vice-presidente da empresa Marcelo. Ambos mantém um ardente caso. Paula é ameaçada por sua maior rival, a também empresária do ramo de cosméticos Carmem (Julia Lemmertz muito bem com um visual “femme fatale”). Valentina Herszage assume com sua inata graça Pink/Flávia, uma dançarina de pole dance com problemas familiares e econômicos. Flávia se envolve com o roubo de uma mala com dólares incentivada pela colega de boate Cora (Valentina Bandeira). Jaffar Bambirra é Murilo, músico que trabalha na mesma boate, a “Pulp Fiction”. Jaffar em sua cena mostrou ter uma bonita voz ao entoar uma canção. O rapaz musicista se encanta por Flávia. Luciana Paes encarna com personalidade a sua madrasta Odete. Os quatro se encontrarão por acaso em uma viagem de avião a São Paulo que os levará a um final trágico e surpreendente. É justo que se ressalte que o piloto do avião tem como ator um hilário Gillray Coutinho (participação especial).
Direção espertíssima e moderna, impecáveis figurinos e fotografia, e maravilhosos efeitos especiais são alguns dos trunfos que marcaram a estreia de Mauro Wilson como autor titular de novelas
A direção de Allan Fiterman e Pedro Brenelli é espertíssima, moderna, ágil e engenhosa, com cortes e aproximações de câmera velozes. A equipe, que também é composta por Ana Paula Guimarães, Natalia Warth, Dayse Amaral Dias e Bernardo Sá, privilegiou os closes nos detalhes, nas tomadas de cena por cima, no acompanhamento bem próximo da movimentação dos personagens e na divisão de telas. Os excelentes figurinos são da tarimbada Natália Duran Stepanenko. A direção de fotografia de Henrique Sales realçou com beleza e elegância as cores e luzes de cada cena. Os efeitos especiais de Luiz Fernando e Marcelo Goulart são maravilhosos. “Quanto Mais Vida, Melhor!”, que marca a estreia de Mauro Wilson como autor titular de novelas, trouxe de volta à TV a boa sensação de que a vida ressurgiu. E não há nada melhor que isso!